São Paulo, quinta-feira, 06 de dezembro de 2007

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Irã foi vingado por relatório dos EUA, afirma El Baradei

Documento americano disse que Teerã parou projeto de obtenção de bomba

Em visita ao Brasil, chefe da AIEA vê espaço maior para a diplomacia, mas diz que país islâmico ainda deve esclarecimentos ao mundo

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor-geral da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, da ONU), Mohamed El Baradei, afirmou ontem que o Irã foi "de certa forma vingado" quando relatório da inteligência dos EUA, divulgado na segunda-feira, indicou que Teerã suspendeu em 2003 seu projeto de produzir uma bomba nuclear.
As datas e conclusões proporcionaram "alívio", segundo El Baradei, mas não permitem dizer que o mundo está fora de perigo. Para o egípcio, que está no Brasil, ainda é necessária maior cooperação de Teerã com a agência.
"São boas notícias, (...) removem o senso de urgência de que algumas pessoas falam, mas ainda não estamos fora de perigo, ainda há trabalho que precisa ser feito", afirmou El Baradei. Segundo ele, o trabalho da AIEA com o Irã chegará a bom termo quando "pudermos dar garantias à comunidade internacional de que todas as atividades nucleares no Irã foram declaradas à agência e têm exclusivamente fins pacíficos".
El Baradei acrescentou: "Não vejo o Irã como uma ameaça iminente, algo que deva nos afastar do processo de negociação. Acho francamente que esse relatório é uma janela de oportunidade, porque dá uma nova chance à diplomacia".

Nova visita
Na próxima semana, uma equipe de técnicos da AIEA visitará Teerã, onde perguntarão sobre atividades nucleares em uma universidade e tentarão esclarecer suspeitas sobre contaminação radioativa.
Ontem, El Baradei defendeu a adesão do Irã ao Protocolo Adicional do TNP (Tratado de Não-Proliferação Nuclear).
Esse protocolo permite à agência controle maior sobre as atividades nucleares no país. O texto também exige o fornecimento de informações estratégicas pelo governo e proíbe a aquisição de alguns itens de alta tecnologia, que também são utilizados em bombas atômicas. O Brasil é signatário do TNP, mas tem resistências ao protocolo.
Em viagem pela América Latina, o diretor-geral da AIEA passou o dia ontem em Brasília, onde encontrou o chanceler Celso Amorim, o ministro Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia) e outras autoridades. Hoje ele visita instalações nucleares em Resende (RJ).
A avaliação do programa nuclear iraniano vinha provocando atritos entre El Baradei e o presidente dos EUA, George W. Bush. El Baradei vem insistindo na diplomacia como melhor forma de reduzir a ameaça de que o Irã use seu programa de enriquecimento de urânio para a produção de bombas. A Casa Branca de Bush exige que Teerã suspenda o programam, e classificou o regime islâmico no "eixo do mal".


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