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CASAMENTO ON LINE
Mulheres procuram maridos norte-americanos; mais de mil russas casam nos EUA anualmente
Noivas russas viram negócio na Internet
MARCELO STAROBINAS
especial para a Folha
A russa Olga Apachova, 23, sonha acordada com seu príncipe
encantado: ele tem de ser bonito,
gentil, deve gostar de crianças e...
ser norte-americano.
Milhares de mulheres da Rússia e
das antigas repúblicas soviéticas
estão usando a Internet para realizar sonho semelhante ao de Olga:
encontrar um marido ocidental, de
preferência dos EUA, e ir viver no
exterior.
Pelo menos uma centena de
agências operam nesse "mercado"
do casamento russo-americano,
recém-instalado na rede mundial
de computadores.
Segundo o diário espanhol "El
País", a cada mês, o consulado dos
EUA em Moscou concede pelo menos cem vistos especiais a mulheres comprometidas com cidadãos
norte-americanos. Ou seja, mais
de mil russas têm atravessado
anualmente o oceano para se casar
nos EUA.
O número crescente de requerimentos de "vistos de noiva" no
país levou os agentes de imigração
dos EUA a redobrar a vigilância.
Dois anos depois de casados, os
casais russo-americanos são submetidos a interrogatório. Separadamente, marido e mulher devem
contar detalhes íntimos -desde o
lado da cama em que dormem até a
cor do pijama ou o tipo de roupas
de baixo usadas pelo cônjuge.
²
Jovens e viúvas
Nos web sites das agências, enfileiram-se fotos e mais fotos de mulheres que disputam corações estrangeiros. Lá estão jovens de 18
anos da Lituânia, de Moscou ou da
Sibéria, divorciadas de meia-idade
com filhos ou senhoras de idade
mais avançada, solteiras ou viúvas.
Os homens que navegam pelos
sites das agências observam as
imagens e os breves perfis das candidatas. Passam então a se corresponder, por carta ou e-mail, com
aquelas de sua preferência.
Os donos das agências de matrimônio atribuem a uma soma de fatores o exagerado número de candidatas a mulher de americano.
"A Rússia sempre esteve fechada
para o resto do mundo. As mulheres russas imaginam que os outros
países são lugares melhores para se
viver", opina Oleg Naiandin, representante da agência Elegy International nos EUA.
"Além disso, a situação econômica está difícil, o que as empurra
a tomar a dura decisão de deixar
seu país de origem."
A russa Galina Finkelman, 27,
que casou com um californiano este ano, afirma que as condições
econômicas pesaram em sua decisão de trocar de país.
"Minha vida é muito melhor
aqui", disse, por telefone, de sua
casa em Costa Masa, na Califórnia.
"Antes de vir, pensei que, nos
EUA, poderia ter melhores condições econômicas para criar meus
filhos", afirma.
Galina diz também que se sente
muito mais segura na cidade onde
vive atualmente.
²
Siberianas
A maior parte das russas catalogadas na Internet mora próximo às
duas principais cidades do país:
Moscou e São Petersburgo. É nessa
região que estão dois terços dos
cerca de 1 milhão de internautas
russos.
Algumas agências, porém, buscam promoção no componente
exótico de mulheres de localidades
mais remotas. É o caso, por exemplo, da The Siberian Women of
Novosibirsk, Russia (As mulheres
siberianas de Novosibirsk, Rússia). A Sibéria é uma região na parte asiática do país.
O web site da agência afirma ter
catalogado em vídeo, até a semana
passada, 1.724 siberianas. Os clientes de todo o mundo podem comprar as fitas, ao preço de US$ 89, e
escolher aquelas com quem desejam se corresponder.
A home page está traduzida em
vários idiomas, inclusive português, onde o texto afirma que as
mulheres da Sibéria "não estão estragadas pela cultura ocidental".
"Em Novosibirsk, você não encontrará um McDonald"s ou uma loja
Gap, nem poderá usar cartão de
crédito", diz texto no web site.
Países do Leste Europeu -como
República Tcheca, Romênia e Polônia- também têm sites de mulheres que estão à procura de maridos ocidentais.
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