São Paulo, quarta-feira, 07 de janeiro de 2004

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EUA

No primeiro evento do ano com potencial eleitoral, o presidente lançará hoje pacote que inclui regularização de ilegais

Bush anuncia plano em favor de imigrantes

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O presidente americano, George W. Bush, apresentará hoje um ambicioso plano que permitirá um aumento da entrada de imigrantes no país e que deve facilitar a regularização dos cerca de 9 milhões de ilegais vivendo nos EUA.
O anúncio, programado para ocupar boa parte da tarde de hoje na Casa Branca, será o primeiro grande evento de 2004 na campanha para a reeleição de Bush.
Estados como Flórida e Califórnia, com níveis de imigração acima da média nacional e decisivos para a eleição de 2 de novembro próximo, são os principais alvos das medidas.
A principal mudança na atual política de imigração será a permissão para que estrangeiros obtenham vistos de entrada para os EUA se já chegarem ao país empregados. O governo promete ajudar o setor privado a criar um banco de dados que facilite o contato entre empresas e imigrantes.
Os vistos seriam válidos pelo período em que o imigrante estiver trabalhando, mesmo que em um emprego diferente daquele que permitiu inicialmente a sua entrada no país.
As mudanças permitem que imigrantes que contribuem compulsoriamente para a Previdência recebam parte dos benefícios quando deixarem o país.
"Os EUA são uma nação de imigrantes e há uma necessidade econômica nisso. É importante que nossa política de imigração atenda a essa necessidade", disse ontem o porta-voz de Bush, Scott McClellan, antecipando o tom do discurso do presidente hoje.
Na eleição de 2000, Bush obteve cerca de 35% dos votos dos hispânicos, o maior grupo entre os imigrantes.
Em relação aos ilegais, Bush já se declarou contrário a uma anistia geral, como a de 1986, que beneficiou quase 3 milhões de pessoas.
Cerca de 12% da população norte-americana é composta hoje de pessoas nascidas fora do país, em um total de quase 35 milhões.
Embora mais de um quarto desse total seja de ilegais, os imigrantes são considerados hoje decisivos em qualquer eleição e têm peso relativo importante na definição de políticas públicas.
Os EUA têm hoje o triplo de imigrantes que tinham nos anos 70 e o dobro dos anos 80. Cerca de 60% do crescimento anual da população americana é originado por novos imigrantes ou pelo nascimento de filhos dos estrangeiros já estabelecidos no país.
No ano passado, a entrada de novos imigrantes nos EUA atingiu um novo recorde, chegando a 1,5 milhão de pessoas.

Direitos iguais
De acordo com os planos da Casa Branca, os detentores dos novos vistos de trabalho terão os mesmo direitos, salários e condições de trabalho que os trabalhadores americanos.
Após três anos trabalhando no país, os imigrantes poderão solicitar formalmente vistos permanentes para residir nos EUA.
Tradicionalmente, os imigrantes têm mais confiança nas políticas do Partido Democrata, de oposição a Bush, para a defesa de seus direitos -noção que Bush vem tentando mudar desde que assumiu a Presidência.
Apesar da nova boa vontade de Bush em relação a políticas de imigração mais flexíveis, espera-se oposição às medidas dentro do próprio partido do presidente, o Republicano -especialmente em relação aos ilegais.
O anúncio de Bush coincide também com a viagem do presidente ao México na semana que vem, quando deve se encontrar com o presidente mexicano, Vicente Fox, que vem cobrando dos EUA políticas mais consistentes para a área.


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