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EUA
No primeiro evento do ano com potencial eleitoral, o presidente lançará hoje pacote que inclui regularização de ilegais
Bush anuncia plano em favor de imigrantes
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O presidente americano, George W. Bush, apresentará hoje um
ambicioso plano que permitirá
um aumento da entrada de imigrantes no país e que deve facilitar
a regularização dos cerca de 9 milhões de ilegais vivendo nos EUA.
O anúncio, programado para
ocupar boa parte da tarde de hoje
na Casa Branca, será o primeiro
grande evento de 2004 na campanha para a reeleição de Bush.
Estados como Flórida e Califórnia, com níveis de imigração acima da média nacional e decisivos
para a eleição de 2 de novembro
próximo, são os principais alvos
das medidas.
A principal mudança na atual
política de imigração será a permissão para que estrangeiros obtenham vistos de entrada para os
EUA se já chegarem ao país empregados. O governo promete
ajudar o setor privado a criar um
banco de dados que facilite o contato entre empresas e imigrantes.
Os vistos seriam válidos pelo
período em que o imigrante estiver trabalhando, mesmo que em
um emprego diferente daquele
que permitiu inicialmente a sua
entrada no país.
As mudanças permitem que
imigrantes que contribuem compulsoriamente para a Previdência
recebam parte dos benefícios
quando deixarem o país.
"Os EUA são uma nação de imigrantes e há uma necessidade
econômica nisso. É importante
que nossa política de imigração
atenda a essa necessidade", disse
ontem o porta-voz de Bush, Scott
McClellan, antecipando o tom do
discurso do presidente hoje.
Na eleição de 2000, Bush obteve
cerca de 35% dos votos dos hispânicos, o maior grupo entre os imigrantes.
Em relação aos ilegais, Bush já
se declarou contrário a uma anistia geral, como a de 1986, que beneficiou quase 3 milhões de pessoas.
Cerca de 12% da população norte-americana é composta hoje de
pessoas nascidas fora do país, em
um total de quase 35 milhões.
Embora mais de um quarto desse total seja de ilegais, os imigrantes são considerados hoje decisivos em qualquer eleição e têm peso relativo importante na definição de políticas públicas.
Os EUA têm hoje o triplo de
imigrantes que tinham nos anos
70 e o dobro dos anos 80. Cerca de
60% do crescimento anual da população americana é originado
por novos imigrantes ou pelo nascimento de filhos dos estrangeiros
já estabelecidos no país.
No ano passado, a entrada de
novos imigrantes nos EUA atingiu um novo recorde, chegando a
1,5 milhão de pessoas.
Direitos iguais
De acordo com os planos da Casa Branca, os detentores dos novos vistos de trabalho terão os
mesmo direitos, salários e condições de trabalho que os trabalhadores americanos.
Após três anos trabalhando no
país, os imigrantes poderão solicitar formalmente vistos permanentes para residir nos EUA.
Tradicionalmente, os imigrantes têm mais confiança nas políticas do Partido Democrata, de
oposição a Bush, para a defesa de
seus direitos -noção que Bush
vem tentando mudar desde que
assumiu a Presidência.
Apesar da nova boa vontade de
Bush em relação a políticas de
imigração mais flexíveis, espera-se oposição às medidas dentro do
próprio partido do presidente, o
Republicano -especialmente em
relação aos ilegais.
O anúncio de Bush coincide
também com a viagem do presidente ao México na semana que
vem, quando deve se encontrar
com o presidente mexicano, Vicente Fox, que vem cobrando dos
EUA políticas mais consistentes
para a área.
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