DA REDAÇÃO

Para que seja bem-sucedido, o aumento do número de soldados americanos no Iraque tem de ser substancial e mantido por um período mínimo de 18 meses. A opinião é do analista militar Thomas Donnely, do AEI (American Enterprise Institute), o mesmo centro de estudos conservador de Washington que publicou o artigo que vem inspirando a nova estratégia de Bush. A seguir, trechos da entrevista de Donnely à Folha, por telefone. (MN)

 

FOLHA - É uma boa idéia mandar mais soldados ao Iraque?
THOMAS DONNELY - Mais importante que o número de soldados é o caráter da missão. O principal neste momento é garantir a segurança dos iraquianos. Para isso, eu concordo, é crucialmente importante expandir o tamanho da força e mantê-la por um período de 18 meses. Há rumores em Washington sobre a possibilidade de uma missão breve. Seria um erro.

FOLHA - Essa força extra, portanto, precisa ser grande e ficar um bom tempo?
DONNELY - Exatamente. E precisa ter o objetivo certo. A meta não pode ser apenas acelerar a transição da segurança para os iraquianos. Isso é importante, mas temos que aceitar que atualmente eles não estão preparados para assumir a tarefa.

FOLHA - Os críticos do plano dizem que uma solução militarista não funcionará, pois é preciso principalmente um esforço de reconciliação nacional.
DONNELY - Quem diz isso propõe uma escolha falsa. Para que os iraquianos alcancem uma solução política, é preciso estabelecer segurança. Segurança e uma solução política decente são dois lados da mesma moeda.

FOLHA - O que o sr. acha da recomendação do relatório Baker-Hamilton de negociar com os vizinhos Síria e Irã?
DONNELY - Em minha opinião, os vizinhos mais importantes são os aliados dos EUA. Temos que exortar a Arábia Saudita e outros países na região a desempenhar um papel mais construtivo, em particular na ajuda à reconstrução do Iraque.

FOLHA - O aumento do número de tropas é impopular e sofre oposição até no partido do presidente. O sr. acredita que Bush tem condições políticas para mandar um grande contingente?
DONNELY - Acredito. O presidente, como comandante-em-chefe, tem o poder constitucional para isso. Além disso, a política americana está num período de incerteza. Em outras palavras, a opinião pública pode ser moldada. Acredito firmemente que a vitória dos EUA é possível. E os americanos reagiriam muito fortemente a uma vitória.


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