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Obama supera Hillary em New Hampshire
Pesquisas após vitória do presidenciável americano em Iowa revelam inédita vantagem local sobre a colega democrata
Senador negro conquista
mais votos entre eleitores
independentes; eles são
quase 50% no Estado, que
terá suas primárias amanhã
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A MANCHESTER
"Ninguém pode nos parar",
afirmava o presidenciável Barack Obama ao discursar ontem em um teatro de Manchester, capital do Estado de New
Hampshire, que abriga amanhã
as primárias inaugurais das
eleições para presidente dos
Estados Unidos.
Havia mais uma razão para
ser otimista: depois de vencer o
"caucus" (assembléia de eleitores) em Iowa -deixando Hillary Clinton em terceiro lugar-, Obama aparece como vitorioso em New Hampshire em
quatro de sete pesquisas realizadas nos últimos dias.
Na média das consultas, a vitória dele sobre Hillary seria de
34,3% a 30,9% em New
Hampshire, Estado que sempre
mostrou a ex-primeira-dama
como favorita -na única exceção, em pesquisa há algumas
semanas, houve empate técnico entre os dois.
A maior diferença aparece
nos dados do American Research Group e no Rasmussen
Reports, que apontam 12 pontos percentuais de margem de
vitória sobre a candidata. Uma
das pesquisas mostra empate e
outras duas citam Hillary como
vitoriosa, mas com apenas 1 e 2
pontos percentuais de vantagem sobre Obama.
A primária de New Hampshire é a primeira de ambos os partidos, e com a atenção do país
voltada para o Estado, a vitória
e a derrota assumem significado especial para os próximos
campos da batalha eleitoral.
Para Hillary Clinton, perder
em New Hampshire significará
a morte da estratégia de se
apresentar como única opção
possível do Partido Democrata
e, por isso, a mais forte para
vencer nas eleições em novembro o candidato dos republicanos. Na média das pesquisas
nacionais, ela tem 20 pontos de
vantagem sobre Obama, mas
ainda há seis meses de primárias pela frente.
Além disso, Obama tem se
mostrado mais forte para atrair
candidatos indecisos, independentes e até republicanos para
votar nele nas primárias.
Uma estratégia dos dois candidatos que ficou clara no debate da noite de sábado, promovido pelo canal de TV ABC em
New Hampshire, foi tentar
mostrar proximidade de John
Edwards. Ele superou Hillary
em Iowa, mas aparece com
18,9% da preferência no Estado, longe da briga pelo primeiro
lugar. Edwards preferiu atacar
Hillary e abrandar o discurso
quanto a Obama.
Hillary tem sido incisiva contra propostas de Obama, dizendo claramente que sua mensagem de "esperança" e "mudança" é vaga e que ela, com mais
experiência (sempre citando
seus oito anos como primeira-dama), é a mais preparada "para governar bem desde o primeiro dia de governo".
"Duas semanas atrás, você
criticou o senador John Edwards, dizendo que ele era inelegível porque tinha mudado
suas opiniões ao longo dos últimos quatro anos (...). Bem, você
mudou suas opiniões nos últimos três anos. Você disse que
votaria contra a Lei Patriota
[pacote de leis antiterroristas
lançado após o 11 de Setembro
que amplia o poder do presidente]; você veio para o Senado
e votou a favor. Você disse que
votaria contra o aumento de
verbas para o Iraque; votou para enviar US$ 300 bilhões para
lá", afirmou Hillary.
Obama negou ter dito que
Edwards é "inelegível", defendeu sua mudança de posições e
disse que "o povo da América
está procurando por pessoas
que serão firmes e estarão interessadas em solucionar problemas e agregar gente. Esta é a razão, eu acho, pela qual nós fomos bem em Iowa".
No debate de sábado à noite,
em que Obama defendeu mandar tropas para capturar o líder
terrorista Osama bin Laden no
Paquistão se houver evidências
de que ele está escondido lá, a
candidata pediu cautela.
Independentes
O crescimento dos eleitores
que não são registrados em nenhum dos partidos (os chamados independentes) dá o tom
nas eleições de New Hampshire. Eles já se aproximam dos
50% do total de eleitores, enquanto em 1994 eram cerca de
30%. A média nacional é também de 30% do total.
Mais: de todos os ditos independentes, dois terços deverão
participar da votação no Partido Democrata, o que torna esse
grupo fundamental na corrida
em New Hampshire.
Nesse cenário, a rejeição de
Hillary no país tem sido evocada. O apresentador do debate
de sábado lembrou que pesquisas mostram que ela não é tão
"querida" pelo público como
Obama. "Bem, isso fere meus
sentimentos, mas tentarei seguir em frente", disse em tom
de piada.
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