São Paulo, segunda-feira, 07 de janeiro de 2008

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Obama supera Hillary em New Hampshire

Pesquisas após vitória do presidenciável americano em Iowa revelam inédita vantagem local sobre a colega democrata

Senador negro conquista mais votos entre eleitores independentes; eles são quase 50% no Estado, que terá suas primárias amanhã

DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A MANCHESTER

"Ninguém pode nos parar", afirmava o presidenciável Barack Obama ao discursar ontem em um teatro de Manchester, capital do Estado de New Hampshire, que abriga amanhã as primárias inaugurais das eleições para presidente dos Estados Unidos.
Havia mais uma razão para ser otimista: depois de vencer o "caucus" (assembléia de eleitores) em Iowa -deixando Hillary Clinton em terceiro lugar-, Obama aparece como vitorioso em New Hampshire em quatro de sete pesquisas realizadas nos últimos dias.
Na média das consultas, a vitória dele sobre Hillary seria de 34,3% a 30,9% em New Hampshire, Estado que sempre mostrou a ex-primeira-dama como favorita -na única exceção, em pesquisa há algumas semanas, houve empate técnico entre os dois.
A maior diferença aparece nos dados do American Research Group e no Rasmussen Reports, que apontam 12 pontos percentuais de margem de vitória sobre a candidata. Uma das pesquisas mostra empate e outras duas citam Hillary como vitoriosa, mas com apenas 1 e 2 pontos percentuais de vantagem sobre Obama.
A primária de New Hampshire é a primeira de ambos os partidos, e com a atenção do país voltada para o Estado, a vitória e a derrota assumem significado especial para os próximos campos da batalha eleitoral.
Para Hillary Clinton, perder em New Hampshire significará a morte da estratégia de se apresentar como única opção possível do Partido Democrata e, por isso, a mais forte para vencer nas eleições em novembro o candidato dos republicanos. Na média das pesquisas nacionais, ela tem 20 pontos de vantagem sobre Obama, mas ainda há seis meses de primárias pela frente.
Além disso, Obama tem se mostrado mais forte para atrair candidatos indecisos, independentes e até republicanos para votar nele nas primárias.
Uma estratégia dos dois candidatos que ficou clara no debate da noite de sábado, promovido pelo canal de TV ABC em New Hampshire, foi tentar mostrar proximidade de John Edwards. Ele superou Hillary em Iowa, mas aparece com 18,9% da preferência no Estado, longe da briga pelo primeiro lugar. Edwards preferiu atacar Hillary e abrandar o discurso quanto a Obama.
Hillary tem sido incisiva contra propostas de Obama, dizendo claramente que sua mensagem de "esperança" e "mudança" é vaga e que ela, com mais experiência (sempre citando seus oito anos como primeira-dama), é a mais preparada "para governar bem desde o primeiro dia de governo".
"Duas semanas atrás, você criticou o senador John Edwards, dizendo que ele era inelegível porque tinha mudado suas opiniões ao longo dos últimos quatro anos (...). Bem, você mudou suas opiniões nos últimos três anos. Você disse que votaria contra a Lei Patriota [pacote de leis antiterroristas lançado após o 11 de Setembro que amplia o poder do presidente]; você veio para o Senado e votou a favor. Você disse que votaria contra o aumento de verbas para o Iraque; votou para enviar US$ 300 bilhões para lá", afirmou Hillary.
Obama negou ter dito que Edwards é "inelegível", defendeu sua mudança de posições e disse que "o povo da América está procurando por pessoas que serão firmes e estarão interessadas em solucionar problemas e agregar gente. Esta é a razão, eu acho, pela qual nós fomos bem em Iowa".
No debate de sábado à noite, em que Obama defendeu mandar tropas para capturar o líder terrorista Osama bin Laden no Paquistão se houver evidências de que ele está escondido lá, a candidata pediu cautela.

Independentes
O crescimento dos eleitores que não são registrados em nenhum dos partidos (os chamados independentes) dá o tom nas eleições de New Hampshire. Eles já se aproximam dos 50% do total de eleitores, enquanto em 1994 eram cerca de 30%. A média nacional é também de 30% do total.
Mais: de todos os ditos independentes, dois terços deverão participar da votação no Partido Democrata, o que torna esse grupo fundamental na corrida em New Hampshire.
Nesse cenário, a rejeição de Hillary no país tem sido evocada. O apresentador do debate de sábado lembrou que pesquisas mostram que ela não é tão "querida" pelo público como Obama. "Bem, isso fere meus sentimentos, mas tentarei seguir em frente", disse em tom de piada.


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