São Paulo, segunda-feira, 07 de janeiro de 2008

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Sob protesto, presidente da Geórgia é reeleito

Oposição vê fraude e reúne manifestantes contra vitória de Saakashvili, apesar de aval de observadores

DA REDAÇÃO

Em meio a protestos da oposição que voltaram a encher as ruas de Tbilisi, a Comissão Eleitoral da Geórgia confirmou ontem a vitória do presidente do país, Mikhail Saakashvili, nas eleições do último sábado. Mesmo antes do resultado final, manifestantes antigoverno já acusavam o presidente de vencer por meio de fraudes.
O pró-ocidental Saakashvili ordenou eleições antecipadas após decretar estado de emergência, em 7 de novembro de 2007, a fim de lidar com protestos comandados pela oposição. Nas manifestações de então, ele foi acusado de liderar um governo centralizador, que não tolera a dissensão e que foi enfraquecido pela corrupção em altos escalões bem como por abusos cometidos pela polícia e pela Procuradoria.
A eleição ocorreu quase um ano antes do fim do mandato atual de Saakashvili. Ele venceu com 52,8% dos votos, maioria que torna desnecessária a organização do segundo turno. Seu principal concorrente, o legislador e empresário Levan Gachechiladze, 43, obteve 27%.
A derrota de Gachechiladze enterra também -ao menos por enquanto- sua proposta de implementar o parlamentarismo no país. Ele prometeu contestar a reeleição de Saakashvili na Justiça e manter a oposição nas ruas caso isso não dê resultados.
"Saakashvili perdeu e a Geórgia não pode deixar de defender sua liberdade. Não podemos deixar de vencer", disse Gachechiladze a cerca de 5.000 simpatizantes em Tbilisi.

Suspeitas
"Não vamos ceder nem um passo. No mínimo, exigimos um segundo turno. Após o Natal [ortodoxo, celebrado hoje na Geórgia], renovaremos nossa luta por meios políticos pacíficos", afirmou Koba Davitashvili, representante da oposição unificada de Gachechiladze.
Os manifestantes antigoverno declararam no protesto de ontem ter provas de que a eleição foi roubada. Eles afirmam que ônibus urbanos foram desviados para levar partidários de Saakashvili para votar mais de uma vez em distritos eleitorais diferentes.
A Rússia, que tem uma relação desgastada com Saakashvili e impôs ao país um bloqueio econômico, também criticou suas declarações de vitória.
Mas a missão de observação da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) declarou que a votação cumpriu, em linhas gerais, com os compromissos democráticos, apesar de alguns "desafios" -como um "ambiente desigual de campanha", com atividades de governo se sobrepondo às de candidato do presidente.

Aliados
A votação de sábado também contou com um referendo sobre a entrada da Geórgia na Otan (aliança militar ocidental), que deverá ser aprovada.
Saakashvili, 40, foi educado na Universidade Columbia (EUA) e já foi tido como ícone da democracia nas ex-repúblicas da União Soviética. Mas ele surpreendeu seus aliados ocidentais ao esmagar demonstrações da oposição no final de 2007, além de fechar uma estação independente de TV.
Próximo aos Estados Unidos, o governo Saakashvili enviou 2.000 soldados ao Iraque. O governo nomeou uma rua em Tbilisi em homenagem a George W. Bush.


Com agências internacionais


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