|
Próximo Texto | Índice
Iêmen rejeita intervenção estrangeira em seu solo
Acusado de fraqueza perante radicais, país descarta aceitar tropas externas
Governo diz que ofensiva à Al Qaeda resultou em oito prisões e que idealizador de ataque frustrado nos EUA no Natal está encurralado
Associated Press
|
|
Agente de unidade antiterror iemenita treina perto de Sanaa
DA REDAÇÃO
Criticado pela fraqueza diante dos grupos extremistas refugiados em seu território, o Iêmen rejeitou ontem qualquer
intervenção estrangeira e disse
ser até agora bem-sucedida a
ofensiva que lançou contra a Al
Qaeda na semana passada.
O governo iemenita está sob
pressão depois que foi revelado
que o autor de uma tentativa de
atentado a um voo comercial
americano rumo a Detroit no
Natal recebeu no Iêmen as instruções para agir.
"Tenho certeza de que a experiência [dos EUA] no Iraque,
Afeganistão e Paquistão será
útil para entenderem que intervenções diretas só complicam as coisas", disse o chanceler iemenita, Abu Bakr al Qirbi.
Ele se referia às dificuldades
dos militares americanos de
derrotarem inimigos nos três
países citados.
O chanceler afirmou que o
prometido aumento da ajuda
militar fornecida há anos por
Washington para combater radicais é bem-vindo e útil e pediu a intensificação dos treinamentos ministrados por militares americanos a forças iemenitas. Mas ele insistiu em que a
parceria não deve ir além disso.
Na semana passada, Al Qirbi
negou que haja um acordo entre Sanaa e Washington para
permitir que aviões americanos não tripulados ataquem alvos no Iêmen, um país pobre e
montanhoso suspeito de ter se
tornado nos últimos anos santuário de grupos extremistas islâmicos de toda a região.
Posição delicada
As declarações do ministro
ilustram a delicada posição em
que o governo do Iêmen se encontra após o atentado frustrado do último Natal.
Por um lado, o presidente
Abdullah Saleh, no poder desde
1978, busca se mostrar um fiel
aliado dos EUA na luta contra o
terror, principalmente depois
que a Casa Branca qualificou o
Iêmen de ameaça para a segurança global. Pesa ainda contra
o presidente o seu histórico de
conivência com lideranças tribais hoje suspeitas de compor a
rede de apoio local à Al Qaeda.
Mais pobre entre os países
árabes, o Iêmen é duplamente
dependente da ajuda ocidental:
o apoio econômico ajuda a
compensar a queda nas arrecadações petroleiras resultantes
do esgotamento das reservas
do país, e o militar é crucial no
combate aos rebeldes xiitas ao
norte e aos sunitas ao sul, que
se arrasta há anos.
Como parte de uma estratégia que visa mostrar controle
sobre a situação, o Iêmen lançou nos últimos dias ofensiva
contra alvos nos arredores da
capital e em três Províncias dominadas por rebeldes suspeitos
de dar abrigo a militantes radicais oriundos de Paquistão,
Afeganistão e Arábia Saudita.
Segundo Sanaa, a operação,
sem prazo para terminar, já resultou na captura de oito membros da Al Qaeda, três dos quais
foram presos e feridos ontem
após resistirem aos militares.
O governo também diz ter
atingido ontem o esconderijo
do suposto mandante da tentativa de ataque contra o avião
americano. Segundo militares,
Mohammed Ahmed al Hanaq
conseguiu fugir, mas está encurralado ao norte da capital.
O governo americano elogiou
a operação e aos poucos normaliza as atividades de sua embaixada em Sanaa, que havia sido fechada durante dois dias
por temores de ataques -a Al
Qaeda cometeu 60 ataques no
país desde 1992, entre eles o
que matou 17 militares do destróier USS Cole (no ano 2000).
Mas, ao atender a pressões
das potências, o governo iemenita corre o risco de ser visto
pela população local, predominantemente religiosa e crítica
aos EUA, como alinhado a interesses estrangeiros. O antiamericanismo pode favorecer o recrutamento dos extremistas.
Analistas e governos concordam em que o combate à pobreza deve ser prioritário nos esforços globais para impedir que
o Iêmen seja um país incubador do terrorismo.
Com agências internacionais
Próximo Texto: Frase Índice
|