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Promotor pede prisão de cúpula militar por deportação de Zelaya
Pedido terá de ser avaliado pela Suprema Corte de Honduras; deposto vê tentativa de encobrir golpe
DA EFE
O Ministério Público hondurenho pediu ontem à Suprema
Corte a prisão da cúpula das
Forças Armadas pela expulsão
do então presidente Manuel
Zelaya do país durante o golpe
de Estado que o depôs, em 28
de junho do ano passado.
A Promotoria confirmou que
pediu à máxima instância da
Justiça hondurenha a abertura
de um processo contra a junta
militar liderada pelo chefe das
Forças Armadas, Romeo Vázquez, que destituiu Zelaya e o
enviou à Costa Rica de pijamas.
Segundo o promotor responsável, Henry Salgado, o pedido
para a emissão de mandados de
prisão contra os militares "visa
dar início aos interrogatórios"
sobre o episódio. A deposição
de Zelaya fora ordenada pela
Suprema Corte e apoiada pelo
Congresso hondurenho. A
Constituição hondurenha, porém, veda expressamente a
possibilidade de que qualquer
cidadão do país seja deportado.
Salgado disse que apresentou
o pedido por se tratar de "altos
funcionários" do Estado e que
pesam contra eles suspeitas de
abuso de poder.
Zelaya foi deposto após uma
tentativa frustrada de promover uma consulta sobre a realização de um referendo sobre
uma Assembleia Constituinte,
que seria realizado concomitantemente à eleição presidencial de novembro passado.
A medida, que não contava
com o apoio das Forças Armadas, foi considerada ilegal pela
Suprema Corte e o Congresso.
A destituição do presidente
deu origem à crise política que
já se arrasta por mais de seis
meses. Expulso de Honduras,
Zelaya só retornaria clandestinamente no final de setembro,
quando abrigou-se na Embaixada do Brasil -onde se encontra até hoje.
Em declarações a meios locais, o general Vázquez disse
ontem não ter conhecimento
do pedido de prisão, mas afirmou estar disposto a se apresentar à Justiça.
Já Zelaya, que aguarda a expiração do seu mandato -no
próximo dia 27, quando assume o presidente eleito no pleito
de novembro, Porfirio Lobo-
disse que a ação do Ministério
Público contra a cúpula militar
busca apenas "encobrir o golpe" de Estado que o depôs.
Sucessão
Lobo exortou ontem o presidente golpista, Roberto Micheletti, a deixar o posto até o próximo dia 15 para pôr fim à crise
política que assola o país e defendeu o acordo costurado pelos EUA em outubro. Anteontem, Lobo se reuniu com o número dois da Chancelaria americana para a região, Craig Kelly
-que esteve ainda com Zelaya
e, ontem, com Micheletti.
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