São Paulo, quinta-feira, 07 de fevereiro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA/ DEMOCRATAS EMBOLADOS

Obama eleva tom contra Hillary

Senador diz que seria escolha melhor porque republicanos despejarão "caminhão de lixo" sobre adversária

Comando da campanha contesta estimativas da mídia americana e diz que candidato superou rival em delegados à convenção

DO ENVIADO A CHICAGO (ILLINOIS)

Finda a Superterça, começou a guerra verbal e dos números. Pelo menos no campo de Barack Obama. O coordenador de sua campanha, David Plouffe, disse que foi o senador, e não Hillary Clinton, quem saiu da corrida de anteontem como o líder em número de delegados.
Em entrevista ontem cedo em Chicago, Plouffe afirmou que o senador negro conseguiu 847 delegados, ante 834 da ex-primeira-dama, o que daria um total até agora de respectivamente 910 e 882 até agora. São necessários 2.025 para que um dos concorrentes seja escolhido o candidato à Presidência do Partido Democrata, na convenção nacional, em agosto.
A rede de TV CNN e os principais meios de comunicação dos EUA davam vantagem para a senadora em delegados. Os números não são definitivos.
De qualquer maneira, a campanha de Obama trabalha com a meta de levar a corrida até a convenção, segundo disse um assessor na noite de terça. A idéia é chegar à reunião virtualmente empatado e usar a exposição na mídia norte-americana, que tem favorecido o senador negro, e a opinião pública, onde ele tem o menor índice de rejeição, para tentar virar o jogo junto aos chamados "superdelegados".
Foi com esse pano de fundo de "vitorioso" lançado por sua campanha que Obama recebeu a imprensa ontem. Afirmou acreditar que os eleitores de Hillary Clinton votarão nele se o seu nome for confirmado, mas que não podia garantir o mesmo em caso contrário.
Instado a comentar uma afirmação de Hillary, de que não se deixaria ser vítima de ataques como o que o senador John Kerry sofreu quando era o candidato democrata em 2004 -herói de guerra, o então presidenciável foi chamado de traidor numa série de comerciais de TV-, Obama foi duro.
"Eu terei de responder a isso dizendo que a máquina de pesquisa dos Clinton é tão boa quanto a de qualquer outro por aí", disse, referindo-se às equipes mantidas pelas campanhas para levantar sujeiras no passado dos adversários. "Eu garanto a você, tendo passado o último ano em competição com eles, que eles não têm barreiras."
"Mas eu acho que é absolutamente verdadeiro", completou, "que seja quem for o candidato democrata, os republicanos o vão perseguir. A noção de que a senadora Clinton vai ser imune a isso e que não há todo um caminhão de sujeira que eles não vão despejar numa disputa entre ela e John McCain simplesmente não é verdadeira".
A entrevista aconteceu poucas horas depois de o candidato fazer seu discurso de Superterça, num salão de um hotel no centro de Chicago.
Ao som da música "Beautiful Day", da banda irlandesa U2, Obama e a mulher, Michelle, subiram ao palco sob os gritos de "Yes, we can", (Sim, nós podemos), que virou o grito de guerra dos obamistas.
Em sua fala de quase meia hora, o senador aproveitou para cutucar a rival. Ao dizer que a eleição agora era entre "mudança" e "mais do mesmo", Obama pediu que os eleitores decidissem entre "uma candidata que recebeu mais dinheiro de lobistas de Washington do que qualquer republicano nesta corrida e uma campanha que não levou um centavo deles, porque recebeu dinheiro só de vocês." (SÉRGIO DÁVILA)

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