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ORIENTE MÉDIO
Primeira fase da retirada tem início após encontro entre presidentes; Hizbollah convoca manifestação pró-Damasco
Síria começa a deslocar tropas no Líbano
DA REDAÇÃO
Tropas sírias vão começar hoje
a recuar para o leste do Líbano,
anunciou ontem o ministro da
Defesa do Líbano, Abdul Rahim
Murad. Forças sírias deverão retirar-se do Monte Líbano e de áreas
do norte libanês e reagrupar-se no
vale de Bekaa (leste do Líbano)
após encontro entre os presidentes libanês e sírio previsto para
ocorrer hoje em Damasco.
Também ontem, o líder do Hizbollah, grupo xiita pró-síria que
controla o sul do Líbano, anunciou que fará uma grande manifestação em Beirute nesta semana
para protestar contra "interferências internacionais" no Líbano. É
uma forma de fazer frente aos vários protestos anti-sírios que vêm
ocorrendo em Beirute.
A realocação dos cerca de 15 mil
soldados sírios no vale de Bekaa é
a primeira das duas fases da retirada que o ditador sírio, Bashar al
Assad, descreveu num discurso
ao Parlamento no sábado. O ditador sírio, contudo, não deixou
claro se as forças sírias deixariam
completamente o Líbano ou se
permaneceriam dentro do país
perto da fronteira. Os detalhes da
retirada devem ser acertados hoje
pelo Conselho Supremo Sírio-Libanês, que congrega as lideranças
máximas dos dois países.
O conselheiro da Casa Branca
Dan Bartlett criticou o discurso de
Assad, afirmando que ele postulava "generalidades" e "meias medidas" em vez de atender às exigências da comunidade internacional. Falando à CNN, Bartlett
disse que os serviços secretos e
agentes de inteligência sírios "que
de fato espalham o terror entre a
população libanesa" também precisam sair. Assad, em seu discurso, não fez referência à retirada
dos serviços de inteligência.
Em entrevista à revista "Time"
publicada ontem, Assad afirmou
que não é Saddam Hussein e que
pretende cooperar para solucionar a tensão na região. O ditador
sírio também voltou a negar envolvimento no assassinato do
premiê libanês Rafik Hariri (1992-98 e 2000-04) no dia 14 de fevereiro. O atentado deflagrou os protestos pela retirada síria.
Líderes da oposição libanesa
-que vêm conduzindo a campanha para a retirada das forças sírias- se dizem céticos em relação
à possibilidade de uma retirada
total. "O discurso do presidente
Assad foi um anúncio político. Os
libaneses agora esperam a implementação deste anúncio", disse o
deputado Fares Soeid.
Soeid rejeitou o argumento de
que uma eventual retirada síria
poderia provocar problemas de
segurança no Líbano. "Estamos
dizendo há 30 anos que o Exército
sírio precisa deixar o Líbano, que
seremos capazes de cuidar de
nossos assuntos internos", disse.
O líder oposicionista também
disse que o "levante pela independência" iniciado em fevereiro depois do assassinato de Hariri continuará até que todas as exigências da oposição sejam atendidas
-incluindo a prisão dos assassinos do ex-premiê. Muitos libaneses responsabilizam a síria e o governo libanês pró-sírio pelo assassinato. Os protestos da oposição
já provocaram a queda do governo libanês, que segue atuando em
caráter interino até a escolha de
um novo gabinete.
A Síria, contudo, ainda tem aliados de peso no Líbano. O líder do
Hizbollah, xeque Hassan Nasrallah, convocou para amanhã uma
manifestação em Beirute para
"rejeitar a intervenção estrangeira
que conspira contra a a liberdade,
a soberania e a independência" e
denunciar a resolução 1559 da
ONU, que exige que as forças sírias deixem o Líbano e que o Hizbollah deponha suas armas.
Itamaraty
O Itamaraty divulgou nota em
que classifica como "um passo
importante" o remanejamento de
tropas anunciado por Damasco
para a implementação da Resolução 1559 da ONU. O Brasil se absteve na votação desta resolução.
Com agências internacionais
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