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Processo contra sudanês divide Conselho da ONU
Reunião opôs China, país islâmicos e africanos aos ocidentais; caso segue no TPI
Ban Ki-moon apela a Liga Árabe e União Africana para reverter expulsão das ONGs de Darfur; a retaliação de Cartum ao TPI afeta milhões
DA REDAÇÃO
O Conselho de Segurança da
ONU rachou ontem sobre a
questão do Sudão, cujo ditador,
Omar al Bashir, teve prisão decretada pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por violações
em Darfur. A reunião de três
horas, a portas fechadas, opôs
potências ocidentais às nações
africanas, islâmicas e à China,
contrárias ao processo.
A Líbia, na presidência rotativa do Conselho, convocou o
encontro para discutir o impacto do mandado contra Bashir
na estabilidade regional. O
Conselho tem o poder de suspender por um ano o processo
-mas, para isso, seria preciso
consenso dos cinco países com
poder de veto.
A nações ocidentais usaram o
encontro para criticar a expulsão de 13 ONGs estrangeiras da
Darfur, uma retaliação de Cartum ao mandado de prisão contra Bashir, decretado na quarta-feira. A medida prejudica
milhões de pessoas.
O rascunho de uma condenação ao ato do governo sudanês,
apresentado pela França, não
foi aprovado. Segundo diplomatas, a China exigia que o texto criticasse o processo no TPI.
"Com a saída das ONGs, se o
governo não reconsiderar sua
posição, 1,1 milhão de sudaneses ficará sem comida, 1,5 milhão sem assistência médica e
mais de 1 milhão sem água potável", afirmou Elizabeth Byrs,
do gabinete de coordenação para Assuntos Humanitários da
ONU. A organização analisa se
denunciará a expulsão como
crime de guerra.
O secretário-geral da ONU,
Ban Ki-moon, pediu a líderes
africanos que usem sua influência para convencer Cartum a rever o ato. Ele falou ainda com o presidente do Conselho da União Africana, Jean
Ping, e o secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa.
Contrárias ao processo, as
entidades são consideradas
cruciais no diálogo com o Sudão, que não reconhece o TPI e
acusa a corte da ONU de "servir
a interesses colonialistas".
A União Africana, que mantém missão conjunta com a
ONU em Darfur, afirma que o
mandado contra Bashir agrava
a instabilidade no Sudão. O
processo contra o ditador foi
acompanhado por um rescrudescimento dos conflitos em
Darfur e, segundo analistas, pode colocar em risco o acordo
que pôs fim, em 2005, a duas
décadas de combates com grupos rebeldes do sul.
Bashir, que governa desde
1989 com apoio dos militares,
conta com simpatia de países
islâmicos. Uma delegação de 52
políticos, incluindo os líderes
dos parlamentos da Síria e do
Irã, está no país, em solidariedade. A decisão do TPI é "conspiração contra o islã", disse o
presidente do Parlamento do
Irã, Ali Larijani. Hamas e Hizbollah enviaram delegados,
acirrando temores de radicalização do regime sudanês.
Com agências internacionais
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