|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Série de ações põe em xeque saída dos EUA
LEILA CORREIA
DA REDAÇÃO
Os atentados ocorridos
semana passada no Iraque, que deixaram cerca
de 50 mortos, voltaram a
levantar dúvidas, às vésperas das eleições de hoje,
sobre se o cronograma de
retirada das tropas americanas será mantido.
Pelo acordo firmado em
2008, os EUA deixarão o
território iraquiano em
2011. Atualmente, os militares que permanecem no
país, cerca de 96 mil, estão
confinados às suas bases.
Funcionários do governo de Barack Obama têm
reiterado que apenas circunstâncias extremamente adversas poderiam forçar a revisão da próxima
etapa: a retirada de 50 mil
militares até 31 de agosto.
Mas também reconhecem que há grande preocupação com a possibilidade de o pleito dar combustível à violência sectária que, no mínimo, complicaria o cronograma.
Esse foi o cenário após
as eleições de 2005, quando teve início uma onda de
insurgência que atingiu o
auge nos dois anos seguintes. Para analistas, a probabilidade de que isso volte a ocorrer é grande, sobretudo se o processo de
formação do novo governo
se prolongar demais.
"Ao olharmos para trás,
temos um claro padrão:
violência após a eleição e
lutas entre partidos e nos
partidos, o que prolonga o
processo", disse Meghan
O'Sullivan, do Council on
Foreign Relations.
A Constituição iraquiana não possui dispositivos
que determinem como o
país deve ser governado
até a formação do governo.
Mas estabelece passos a
serem cumpridos, que vão
da convocação do Parlamento à designação do novo premiê, e que podem levar, no mínimo, três meses
-sem contar o tempo para
negociação entre partidos.
No entanto, isso só
acontece após a oficialização do resultado final, o
que também costuma demorar -em 2005, só ocorreu depois de 90 dias.
O'Sullivan alerta para a
possibilidade de que, no
caso de os debates sobre
quem será o novo premiê
serem prolongados e contenciosos, o Iraque vivencie um vácuo político, o
que geraria um vácuo também na segurança.
"Se não houver um novo
governo até o começo do
verão [julho], a questão é
em que extensão isso será
capaz de comprometer esses planos [de retirada
americana]", disse.
Na eleição passada, o
Iraque se mostrou incapaz
de dedicar atenção e energia a outros temas que não
a formação de governo. "E
certamente haverá oportunidades para que grupos
que pretendem enfraquecer o governo usem violência para alcançar seu
objetivo", disse O'Sullivan.
Mas, mesmo que a violência aumente, a analista
duvida que mudanças no
acordo de segurança entre
os países sejam feitas durante a transição. "Isso é
má política, tanto no Iraque quanto nos EUA."
Texto Anterior: Iraquianos vão às urnas em eleição crucial Próximo Texto: Pacificada, favela xiita em Bagdá ainda é foco de tensão Índice
|