São Paulo, domingo, 07 de março de 2010

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Série de ações põe em xeque saída dos EUA

LEILA CORREIA
DA REDAÇÃO

Os atentados ocorridos semana passada no Iraque, que deixaram cerca de 50 mortos, voltaram a levantar dúvidas, às vésperas das eleições de hoje, sobre se o cronograma de retirada das tropas americanas será mantido.
Pelo acordo firmado em 2008, os EUA deixarão o território iraquiano em 2011. Atualmente, os militares que permanecem no país, cerca de 96 mil, estão confinados às suas bases.
Funcionários do governo de Barack Obama têm reiterado que apenas circunstâncias extremamente adversas poderiam forçar a revisão da próxima etapa: a retirada de 50 mil militares até 31 de agosto.
Mas também reconhecem que há grande preocupação com a possibilidade de o pleito dar combustível à violência sectária que, no mínimo, complicaria o cronograma.
Esse foi o cenário após as eleições de 2005, quando teve início uma onda de insurgência que atingiu o auge nos dois anos seguintes. Para analistas, a probabilidade de que isso volte a ocorrer é grande, sobretudo se o processo de formação do novo governo se prolongar demais.
"Ao olharmos para trás, temos um claro padrão: violência após a eleição e lutas entre partidos e nos partidos, o que prolonga o processo", disse Meghan O'Sullivan, do Council on Foreign Relations.
A Constituição iraquiana não possui dispositivos que determinem como o país deve ser governado até a formação do governo. Mas estabelece passos a serem cumpridos, que vão da convocação do Parlamento à designação do novo premiê, e que podem levar, no mínimo, três meses -sem contar o tempo para negociação entre partidos.
No entanto, isso só acontece após a oficialização do resultado final, o que também costuma demorar -em 2005, só ocorreu depois de 90 dias.
O'Sullivan alerta para a possibilidade de que, no caso de os debates sobre quem será o novo premiê serem prolongados e contenciosos, o Iraque vivencie um vácuo político, o que geraria um vácuo também na segurança.
"Se não houver um novo governo até o começo do verão [julho], a questão é em que extensão isso será capaz de comprometer esses planos [de retirada americana]", disse.
Na eleição passada, o Iraque se mostrou incapaz de dedicar atenção e energia a outros temas que não a formação de governo. "E certamente haverá oportunidades para que grupos que pretendem enfraquecer o governo usem violência para alcançar seu objetivo", disse O'Sullivan.
Mas, mesmo que a violência aumente, a analista duvida que mudanças no acordo de segurança entre os países sejam feitas durante a transição. "Isso é má política, tanto no Iraque quanto nos EUA."


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