São Paulo, segunda-feira, 07 de março de 2011

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"Ilha" rebelde no leste vive clima de suspense

SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL A NALUT (LÍBIA)
"Iremos até Zawiyah e Trípoli para acudir nossos irmãos assim que Sirte for tomada", brada Bachir S., 35, um dos líderes rebeldes que mantêm firme controle sobre Nalut, bastião anti-Gaddafi no oeste da Líbia.
A vida na pequena cidade montanhosa, onde a Folha esteve ontem à tarde, parece em suspenso em meio a expectativas contraditórias.
De um lado, a esperança de um avanço insurgente na frente leste, visto como indispensável incentivo moral, psicológico e militar.
Do outro, o sentimento de que é iminente uma contraofensiva do regime para retomar Nalut, ilha rebelde numa área dominada por tribos leais ao ditador.
O clima em Nalut, cravada no topo de uma montanha que domina um vale deserto, é de precária tranquilidade.
Civis armados com Kalashnikovs saqueadas de depósitos militares controlam as duas entradas da cidade.
Os únicos carros que circulam são quase todos caminhonetes carregadas de alimentos, água e comida para abastecer a resistência.
A rota mais usada passa por pistas clandestinas no Saara para chegar até a Tunísia, a cerca de 70 km.
A Folha pegou carona numa caminhonete de rebeldes para ir da tunisiana Dehiba a Nalut, numa viagem de 1h30 em estradas líbias vazias.
Nalut, de 20 mil habitantes, tem poucas lojas e cafés abertos. Escolas e prédios públicos não reabriram desde que a cidade passou sob comando rebelde, no dia 27.
Os sinais de conquista insurgente estão em toda parte. A bandeira predominantemente preta, símbolo do levante líbio, enfeita postes onde antes reinava a bandeira verde. Muros tem pichações antigoverno escritas no alfabeto da etnia local berber, perseguida por Gaddafi.
O monumento ao Livro Verde, a Constituição de Gaddafi, foi destruído, assim como a sede do serviço secreto. A delegacia tornou-se centro de comando rebelde.
Professor de primário, Khairi Taleb, 42, não desgruda da metralhadora. "Gaddafi está ocupado combatendo em Zawiyah, mas se quiser nos atacar, que venha. Só temos medo de Deus."


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