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São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2003

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LADO DE SADDAM

Regime aumenta dimensão de ganhos e oferece US$ 8.000 por destruição de tanques

Iraque tenta se mostrar vitorioso

DA REDAÇÃO

Apesar de cercado em Bagdá e perdendo o controle sobre quase todo o restante do Iraque, o regime do ditador iraquiano, Saddam Hussein, tentava ontem provar à própria população que estava saindo vitorioso no campo de batalha contra as forças dos EUA.
Em declarações, autoridades iraquianas procuraram minimizar as baixas nos confrontos e superdimensionar supostas conquistas das forças iraquianas nas batalhas ocorridas ontem, ao redor da capital.
O ministro da Informação iraquiano, Mohammed Said al Sahhaf, advertiu os moradores de Bagdá a tomarem cuidado "com os rumores e mentiras" difundidos pelos americanos.
"Abram os olhos e mantenham as mentes alertas para diferenciar o que é informação e o que é mentira", disse o ministro, que tem servido de porta-voz do regime de Saddam desde a eclosão da guerra, realizando comunicados e concedendo entrevistas quase diariamente.
Para incentivar os iraquianos a resistirem aos ataques da coalizão anglo-americana, o regime de Saddam também decidiu oferecer recompensas a quem conseguir provocar baixas entre americanos e britânicos.

Recompensa
Em comunicado lido na rede de TV estatal iraquiana, atribuído a Saddam, é oferecido 15 milhões de dinares (cerca de US$ 8.000) a quem destruir um tanque ou blindado das forças da coalizão.
O regime de Saddam busca sempre ressaltar o episódio no qual supostamente um agricultor iraquiano conseguiu derrubar um helicóptero Apache com um fuzil antigo para mostrar que, apesar de mais fraco, o Iraque pode vencer a coalizão. Os EUA não confirmaram o incidente.
Os iraquianos afirmaram ontem que oitos tanques americanos foram destruídos e dois helicópteros derrubados pelas forças do Iraque e cerca de 50 soldados dos EUA teriam sido mortos nas batalhas nos arredores da capital iraquiana.
Os jornalistas foram levados para um local onde havia um tanque dos EUA destruído. Ao redor, iraquianos entoavam gritos de "longa vida a Saddam" e "morte a Bush e Blair".
A batalha teria ocorrido a cerca de 25 km do centro de Bagdá, em uma estrada que leva para Mahmoudiya, ao sul da cidade.
"Oito tanques americanos tentaram entrar em Bagdá vindos de Mahmoudiyah e nós os enfrentamos, destruindo todos os tanques e matando quatro soldados", disse o general iraquiano Mohammed Jasim.
Sobre o paradeiro dos outros sete tanques, autoridades iraquianas no local afirmaram que eles haviam sido removidos. O único tanque dos EUA no local estava destruído.
Mais tarde, autoridades americanas, comentando o episódio, disseram que nenhum tanque foi destruído pelos iraquianos. Na realidade, dizem os EUA, um dos tanques sofreu problemas mecânicos e foi abandonado. Para que os iraquianos não o utilizassem, aviões dos próprios EUA dispararam contra ele para inutilizá-lo.
Os demais tanques teriam retornado sem problemas após concretizada a missão.
O ministro Sahhaf afirmou que 50 americanos foram mortos em combate perto do aeroporto internacional de Bagdá. "Matamos 50 soldados inimigos e derrubamos dois Apaches", disse o ministro da Informação.
As tropas da Guarda Republicana, a força de elite leal a Saddam, ainda combatem os inimigos, de acordo com Sahhaf. O ministro disse ainda que todos os ataques dos EUA visam civis.
O ditador iraquiano apareceu ontem em imagem ao lado dos filhos Uday e Qusay. Não é possível determinar se as imagens eram recentes ou gravadas antes da eclosão da guerra. Nas cenas, Saddam não dá nenhuma declaração.


Com agências internacionais


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