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Luta urbana já apresenta sua face cruel
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Bloquear e esperar que
caia de podre, ou entrar com
tudo? Os primeiros exemplos de guerra urbana que os
americanos enfrentaram em
Bagdá mostram que o dilema existe e não tem uma solução fácil. Para fazer omelete, quindim ou fios de ovos, é
preciso quebrar suas cascas.
Meramente fechar o círculo em torno da cidade deixa
o inimigo dentro dela, pronto a vender caro sua pele em
cruéis combates urbanos.
O treinamento e equipamento superiores dos soldados e fuzileiros navais dos
EUA certamente os faria ter
menos baixas que os iraquianos -embora a proporção de quatro baixas para mil, dois mil ou três mil,
como teria acontecido no sábado, soe como um exagero
de soldados excitados pelo
combate.
Não há tropas para um
"cerco" completo. Basta
lembrar que quando os russos tomaram Berlim em
1945, uma cidade também
com vários milhões de habitantes, tinham centenas de
milhares de soldados atacando. Os EUA têm uma
força de apenas algumas dezenas de milhares de homens.
Penetrar o interior da cidade rapidamente, como uma
faca num queijo, buscaria
usar esse efeito de choque
para derrotar o inimigo. Mas
também exigiria mais forças
do que as disponíveis hoje, e
causaria mais danos à cidade
e mortes à sua população.
Bolsões de resistência poderiam existir em vários
pontos da cidade e do país,
mesmo sem o chamado "comando e controle" por parte
de Saddam Hussein sobre
suas Forças Armadas.
Os bolsões teriam que ser
"varridos", "limpos", "sanitizados" (o jargão militar
adora esse tipo de linguagem
higiênica) pelas tropas de segunda linha, como os reforços a caminho do Iraque, como a 4ª Divisão de Infantaria
Mecanizada.
Assim como a primeira incursão de longa distância
dos helicópteros Apache
dias atrás encontrou um "ninho de vespas" que derrubou um deles, uma avanço
de uma coluna blindada encontrou forte resistência e
um tanque foi abandonado.
O tanque americano M1
Abrams abandonado que foi
mostrado pelos iraquianos
aos jornalistas estrangeiros
revela a mesma lição que os
russos reaprenderam na
Tchetchênia.
Desde a Segunda Guerra
Mundial que se sabe que
blindados avançando em
áreas construídas ficam vulneráveis a armas de curto alcance como os lança-granadas RPG-7, que existem aos
milhares em exércitos como
o iraquiano.
Uma versão apresentada
pelo Comando Central dos
EUA afirma que o tanque teria sido abandonado por
problemas mecânicos.
É possível que seja verdade, e que os danos no tanque
tenham sido feitos depois.
Mas mesmo que seja esse o
caso, também é um sinal
ruim para os americanos.
Depois de um avanço de
centenas de quilômetros, o
número de problemas mecânicos dos blindados costuma ser alto. Se isso aconteceu em um tanque durante
um ataque, é sinal que as tropas americanas continuam
tendo problemas nas áreas
vitais de suprimento e manutenção.
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