São Paulo, terça-feira, 07 de abril de 2009

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Jamais faremos guerra ao islã, diz Obama

Presidente dos EUA discursa na Turquia, ponta de lança da distensão com muçulmanos e peça estratégica na diplomacia com Oriente Médio

No Parlamento turco, Obama apoia acordo para Estado palestino e causas caras ao aliado estratégico, como o ingresso na UE

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, Barack Obama, foi anunciado ontem no Parlamento da Turquia com a inclusão de seu nome do meio, de origem islâmica, Hussein, e usou sua primeira visita oficial a um país de maioria muçulmana para reforçar sua estratégia de diminuir as tensões entre os Estados Unidos e o mundo islâmico.
"Não estamos, e jamais estaremos, em guerra com o islã", disse Obama aos parlamentares, na capital turca, Ancara.
O país escolhido para ser ponta de lança da aproximação com os muçulmanos combina uma população local 99% islâmica com um regime democrático laico.
Ao parlamento turco, Obama afirmou que os seguidores da religião islâmica não se confundem com uma minoria terrorista. "A relação dos EUA com o mundo muçulmano não pode e não irá se basear na oposição à Al Qaeda; longe disso", declarou. "Superaremos incompreensões e procuraremos os pontos de convergência."
Um desses pontos é o apoio, reiterado no discurso, ao Estado palestino, justamente após a posse de um novo governo israelense que se recusa a encampar a solução de dois Estados na região.
O negociador-chefe da Autoridade Nacional Palestina, Saeb Erekat, saudou as palavras de Obama. Já o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse por meio de sua assessoria que Israel está empenhado em encontrar uma solução pacífica com os palestinos, mas não se comprometeu com a expressão "dois Estados".
O discurso foi transmitido ao vivo pelas redes de TV de língua árabe Al Jazeera e Al Arabiya.
Foi para essa última rede que Obama concedeu sua primeira entrevista na Casa Branca. Dirigindo-se a um público majoritariamente muçulmano, disse então que "os americanos não são seus inimigos".
Ontem, em Ancara, ele afirmou que seu país ganhou com a presença de imigrantes islâmicos. "Muitos americanos têm muçulmanos em suas famílias, ou viveram em países de população muçulmana. Sei disso porque sou um deles", acrescentou o americano, que na infância morou na Indonésia.
A distensão com o mundo islâmico é importante para a atual estratégia americana no Paquistão e no Afeganistão. A Turquia é rota de tropas e armamentos americanos para a região, além de ter influência maior que a dos EUA no Oriente Médio e na Ásia Central.
Não à toa, Obama apoiou ontem causas caras ao país: defendeu a entrada da Turquia na União Europeia -que sofre oposição de França e Alemanha- e a luta de Ancara contra os rebeldes do PKK, partido separatista curdo.
Além de elogiar o islã, o presidente dos EUA prestou homenagens ao regime laico do país e a avanços democráticos recentes. "A grandeza da Turquia está na sua habilidade em estar no centro das coisas. Aqui não é onde o Ocidente e o Oriente se dividem -aqui é onde eles se unem", disse Obama.
O discurso de apoio ao país não conquistou milhares de manifestantes turcos, que saíram às ruas para protestar contra os EUA. Do lado de fora do Parlamento onde Obama discursava, cerca de 30 militantes de esquerda foram reprimidos pela polícia, deixando ao menos 15 deles feridos.


Com agências internacionais


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