São Paulo, terça-feira, 07 de abril de 2009

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País é ponte entre Ocidente e mundo islâmico

DA REPORTAGEM LOCAL

A atenção dada por Barack Obama à Turquia reflete a posição privilegiada do país, considerado um elo político e geográfico entre o Ocidente e o mundo islâmico.
Poucos países de maioria muçulmana têm a mesma relação com as potências ocidentais. A Turquia integra a Otan, a aliança militar liderada pelos EUA, desde a Guerra Fria, e participa com 900 soldados na guerra contra o Taleban no Afeganistão. Em 1949, foi o primeiro país de maioria muçulmana -99,8% dos 72 milhões de habitantes- a reconhecer Israel.
Herdeira do Império Otomano, que entrou em colapso na Primeira Guerra Mundial, a Turquia faz parte do Conselho da Europa e aspira a entrar na União Europeia.
Fundado sobre princípios seculares pelo presidente e general Mustafá Kemal Atatürk (1923-1938), o país vive desde os anos 90 sob democracia parlamentarista.
Mas os militares fundadores da República mantêm enorme influência. Eles protagonizaram sucessivos golpes em 1960, 1971 e 1980 e intervieram, em 1997, para forçar a queda do governo do Partido do Bem-Estar, antecessor do AK (Partido da Justiça e Desenvolvimento), agremiação islâmica moderada hoje no poder.
O atual premiê, Tayyip Erdogan, nega acusações de que queira islamizar o país. Mas, na política externa, ele tenta promover a Turquia como mediadora neutra entre o Ocidente e os países muçulmanos vizinhos.
O Parlamento de Ancara rejeitou em 2003 pedido americano para usar o país como base para invadir o Iraque. Em resposta, os EUA deixaram de reprimir os separatistas curdos que transitam entre os territórios iraquiano e turco.

Gaza
No mais recente atrito com os aliados, o governo turco condenou com veemência a ofensiva de Israel contra o grupo islâmico Hamas em Gaza. Erdogan chegou a abandonar uma reunião, no Fórum de Davos, após bater boca com o presidente israelense, Shimon Peres, a quem acusou de "matar crianças".
"Se eu não tivesse abandonado a reunião, teria sido um desrespeito a mim mesmo e às milhares de vítimas [em Gaza]", disse ao "New York Times" o premiê, que defende a inclusão do Hamas nas conversas de paz.
Erdogan sabe que o Ocidente precisa dos turcos -para manter abertos canais de diálogo com países e organizações considerados inimigos, como Hamas, Síria e Irã; cooperar com a estabilidade do Iraque após a retirada americana, prevista para 2011; e assegurar rotas de escoamento do petróleo e do gás da Ásia Central.


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