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País é ponte entre Ocidente e mundo islâmico
DA REPORTAGEM LOCAL
A atenção dada por Barack
Obama à Turquia reflete a
posição privilegiada do país,
considerado um elo político
e geográfico entre o Ocidente
e o mundo islâmico.
Poucos países de maioria
muçulmana têm a mesma relação com as potências ocidentais. A Turquia integra a
Otan, a aliança militar liderada pelos EUA, desde a Guerra Fria, e participa com 900
soldados na guerra contra o
Taleban no Afeganistão. Em
1949, foi o primeiro país de
maioria muçulmana -99,8%
dos 72 milhões de habitantes- a reconhecer Israel.
Herdeira do Império Otomano, que entrou em colapso na Primeira Guerra Mundial, a Turquia faz parte do
Conselho da Europa e aspira
a entrar na União Europeia.
Fundado sobre princípios
seculares pelo presidente e
general Mustafá Kemal Atatürk (1923-1938), o país vive
desde os anos 90 sob democracia parlamentarista.
Mas os militares fundadores da República mantêm
enorme influência. Eles protagonizaram sucessivos golpes em 1960, 1971 e 1980 e intervieram, em 1997, para forçar a queda do governo do
Partido do Bem-Estar, antecessor do AK (Partido da
Justiça e Desenvolvimento),
agremiação islâmica moderada hoje no poder.
O atual premiê, Tayyip Erdogan, nega acusações de
que queira islamizar o país.
Mas, na política externa, ele
tenta promover a Turquia
como mediadora neutra entre o Ocidente e os países
muçulmanos vizinhos.
O Parlamento de Ancara
rejeitou em 2003 pedido
americano para usar o país
como base para invadir o Iraque. Em resposta, os EUA
deixaram de reprimir os separatistas curdos que transitam entre os territórios iraquiano e turco.
Gaza
No mais recente atrito
com os aliados, o governo
turco condenou com veemência a ofensiva de Israel
contra o grupo islâmico Hamas em Gaza. Erdogan chegou a abandonar uma reunião, no Fórum de Davos,
após bater boca com o presidente israelense, Shimon Peres, a quem acusou de "matar
crianças".
"Se eu não tivesse abandonado a reunião, teria sido um
desrespeito a mim mesmo e
às milhares de vítimas [em
Gaza]", disse ao "New York
Times" o premiê, que defende a inclusão do Hamas nas
conversas de paz.
Erdogan sabe que o Ocidente precisa dos turcos
-para manter abertos canais
de diálogo com países e organizações considerados inimigos, como Hamas, Síria e
Irã; cooperar com a estabilidade do Iraque após a retirada americana, prevista para
2011; e assegurar rotas de escoamento do petróleo e do
gás da Ásia Central.
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