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Nova doutrina é incentivo para adesões ao TNP
HÉLIO SCHWARTSMAN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
Ao contrário de fuzis e tanques, armas atômicas são feitas com o propósito de não
ser utilizadas. O principal
teatro de operações da estratégia nuclear não são cidades
ou a infraestrutura do país
inimigo, mas a mente humana, mais especificamente um
pedacinho da racionalidade
que atende pelo nome de
teoria dos jogos, o ramo da
matemática aplicada que lida
com estratégias e decisões.
Durante a maior parte da
Guerra Fria, EUA e URSS
atuaram sob a lógica da doutrina MAD (acrônimo inglês
de "destruição mútua assegurada"), segundo a qual o
uso de artefatos nucleares
em larga escala levaria inexoravelmente à aniquilação
tanto da parte que lançou o
primeiro ataque quanto da
que a ele respondeu.
Tão ou mais importante do
que manter grandes arsenais
era garantir que uma fração
das armas sobreviveria à primeira investida e poderia ser
usada num segundo assalto
-daí a ênfase em submarinos com mísseis atômicos.
Assim, ambas as partes
operavam para consolidar a
situação em que nenhum jogador teria a ganhar mudando sua estratégia unilateralmente. É o que, em teoria dos
jogos, leva o nome de equilíbrio de Nash, em referência
ao trabalho do matemático
John Forbes Nash Jr..
Também conhecida como
"equilíbrio do terror", a doutrina MAD, que ganhou força
após a crise dos mísseis de
1962, é vista por muitos como o verdadeiro fator a ter
impedido o conflito aberto
entre EUA e URSS. Curiosamente, a lógica da destruição
mútua sobreviveu à própria
União Soviética e ainda dá as
cartas nas relações entre
Washington e Moscou.
O que Obama tenta fazer
agora ao anunciar mudanças
na atitude nuclear dos EUA
-por lei cada presidente precisa detalhar sua posição- é
atrair mais jogadores para o
tabuleiro da razão.
Quando diz que os EUA
não atacarão primeiro nenhum país que esteja cumprindo com as obrigações estipuladas pelo TNP, ele está
oferecendo um incentivo
concreto para quem adere a
esse tratado, que muitos
veem como ônus (abrir-se a
inspeções) sem bônus.
No mesmo caminho vai a
disposição de não desenvolver novos tipos de ogiva, o
que afasta o espectro de uma
nova e custosa corrida armamentista atômica.
O problema dessa lógica é
que ela exige jogadores racionais. E o receio em relação
a um Irã ou uma Coreia do
Norte nucleares é justamente o de que seus líderes possam agir de forma irracional.
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