São Paulo, quinta-feira, 07 de abril de 2011

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Oposição ataca bunker de líder marfinense

Ofensiva de forças do presidente eleito Ouattara visava depor atual mandatário, Gbagbo, mas acabou repelida

Brasil demonstrou desconforto com o bombardeio a Gbagbo autorizado pela ONU na última segunda-feira

Emmanuel Braun/Reuters
Forças leais ao oposicionista Alassane Ouattara transitam armados pelas ruas de Abidjã, maior cidade da Costa do Marfim

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Forças leais a Alassane Ouattara, presidente eleito da Costa do Marfim, atacaram ontem a residência oficial numa tentativa de depor o atual mandatário, Laurent Gbagbo, mas foram repelidos pelos aliados do líder.
Gbagbo (pronuncia-se "bagbô") se recusa a reconhecer a vitória do rival nas eleições de novembro passado, reconhecida pela ONU.
Em meio a intensos combates nos arredores da residência presidencial em Abidjã, os oposicionistas chegaram a abrir os portões do complexo no qual Gbagbo se encontra entrincheirado.
Mas recuaram após se defrontarem com o numeroso contingente de apoiadores do atual presidente.
"Eles abriram os portões [do complexo que abriga a residência] e perceberam que o local é protegido por armamentos pesados", disse Affoussy Bamba, residente de Abidjã, à agência Reuters.
Apesar do recuo, as forças de Ouattara não desistiram da investida e se reagruparam em região próxima para planejar o novo ataque.
"Nós recuamos, mas estamos preparando o segundo ataque", disse Yver Doumbia, porta-voz de Ouattara.

DESCONFORTO
Na última segunda, helicópteros da ONU foram utilizados para atacar quatro alvos de Gbagbo sob pretexto de proteger civis. Brasil, Índia e África do Sul criticaram a decisão do secretário-geral, Ban Ki-moon, de autorizar os ataques. O principal temor é que a força de paz da ONU perca condições de impulsionar uma saída negociada. Os três países, que formam o fórum Ibas, ocupam cadeiras não permanentes no Conselho de Segurança. Eles se manifestaram em reuniões fechadas na sede da ONU, em Nova York, segundo a Folha apurou. China, Rússia e Portugal tiveram posição semelhante. Há oito dias, o CS aprovou por consenso a resolução 1975, que autoriza a missão de paz a usar "todos os meios necessários" para "proteger civis sob ameaça iminente de violência física". A justificativa de voto da delegação brasileira pediu "cautela e imparcialidade" na implementação da medida. Questionado, o Itamaraty reconheceu que houve "desconforto" com a situação desta semana. Ban negou que tivesse extrapolado o mandato do CS.
Colaborou CLAUDIA ANTUNES


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