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Sarkozy, eleito, exalta "trabalho e mérito"
Ex-ministro do Interior, que assume no dia 16 Presidência da França, impõe à esquerda terceira derrota consecutiva
Novo presidente estende a mão aos Estados Unidos, mas cobra parceria no clima; derrota acentua as divisões do Partido Socialista
Reuters
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Sarkozy é saudado por seus partidários após o anúncio da vitória |
JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL A PARIS
Nicolas Sarkozy, 52, candidato da direita, foi eleito presidente da França para o próximo qüinqüênio. Recebeu
53,06% dos votos no segundo
turno de ontem e deverá tomar
posse no próximo dia 16.
A candidata socialista, Ségolène Royal, 53, amarga a terceira derrota consecutiva das esquerdas numa disputa presidencial. Ela telefonou às 20h02
a seu adversário para felicitá-lo,
dois minutos depois do encerramento da votação em Paris e
do anúncio das projeções.
Minutos antes, no entanto,
estava claro que Sarkozy seria
eleito. A polícia anunciou o fechamento de quatro estações
de metrô nas imediações da
praça da Concórdia, onde um
palanque começava a ser armado para os festejos do eleitorado conservador, que reuniram,
tarde da noite, multidão calculada em 40 mil pessoas. Caso
Ségolène fosse vitoriosa, seus
eleitores teriam comemorado
na praça da Bastilha.
O presidente eleito fez seu
primeiro pronunciamento na
sala Gaveau, imediações da
avenida dos Champs Elysées,
auditório habitualmente usado
para a música erudita.
Diante de partidários entusiastas e pela última vez com o
slogan de campanha diante dos
microfones - "juntos tudo se
torna possível"-, afirmou ter
respeito por "madame Royal e
por suas idéias". Respeitá-la,
disse ainda, é "respeitar os milhões de franceses que por ela
votaram". Afirmou que os eleitores votaram por mudanças e
para "reabilitar o trabalho, a
autoridade, a moral, o mérito e
o respeito". "Quero honrar a
nação e a identidade nacional."
Sua mensagem também se
endereçou aos EUA, "que podem contar com nossa amizade" e que devem compreender
que "os amigos podem pensar
de um modo diferente". Lamentou que os EUA façam obstáculo às medidas contra o
aquecimento global, em combate que deveriam liderar.
Ségolène Royal aguardou os
resultados no terceiro andar de
seu comitê eleitoral, no bulevar
Saint-Germain, 182. Dirigiu-se
em seguida à Maison de l"Amérique Latine, 600 metros
adiante, para a leitura, diante
de 300 partidários, de sua mensagem. Admitiu que "o sufrágio
universal deu a última palavra"
e disse ter iniciado uma renovação política no Partido Socialista. "Podem continuar a contar
comigo para novas convergências, para além de nossas fronteiras tradicionais", menção à
possibilidade de alianças com
os centristas.
A abstenção, de 15,24%, foi
espantosamente baixa para um
país em que o voto não é obrigatório. Os eleitores da extrema
direita não seguiram a palavra
de ordem de seu dirigente e
candidato desclassificado no
primeiro turno, Jean-Marie Le
Pen. Para eles (10,44% dos votos válidos) a prioridade era
derrotar Ségolène.
Com a derrota da candidata,
a França deixa de eleger sua
primeira mulher para a chefia
do Estado, embora a nítida politização tornasse secundário o
fato de os socialistas não serem
representados por um candidato do sexo masculino.
Novo premiê
Rumores convergentes indicam que Sarkozy indicará como primeiro-ministro François Fillon, 53, hoje senador e
que foi o principal chefe de sua
campanha. Fillon foi importante articulador, como ministro
de Questões Sociais (2002-2004), da reforma da aposentadoria, pela qual os assalariados
passaram a se aposentar após
40 anos de contribuição, em lugar de 37. Inexiste para essas
questões, por aqui, a figura do
direito adquirido.
Em Paris, na praça da Concórdia, os eleitores de Sarkozy
dançavam ao som de um rock
francês. Sarkozy, depois de
seus compromissos públicos,
refugiou-se no Fouquet's, restaurante do Champs Elysées
onde um grupo de amigos o
aguardava para um jantar.
A esquerda está agora de olho
nas legislativas de junho, para
as quais já sai em desvantagem,
segundo uma primeira pesquisa anunciada ontem (só 21%
das intenções para o PS).
A derrota salientou as divisões entre os socialistas. Ontem à noite, o ex-ministro das
Finanças Dominique Strauss-Kahn, da ala mais liberal do PS,
disse que "a esquerda nunca esteve tão fraca porque não conseguiu se renovar". O ex-premiê Laurent Fabius, mais à esquerda, disse que o partido precisa se renovar e se abrir, "mas
sem esquecer nossos valores".
"A bandeira está no chão. Temos que apanhá-la e levantá-la
outra vez", pediu Fabius.
NA INTERNET - Leia trechos do discurso de Sarkozy em www.folha.com.br/071261
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