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Desistência do Irã é "alívio", diz ministro
Para Vannuchi, dos Direitos Humanos, são "gravíssimas" as teses de Ahmadinejad
Ele lamenta, porém, que Lula tenha perdido chance de manifestar contrariedade
com negação do Holocausto, conforme teria prometido
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
O cancelamento da visita ao
Brasil do presidente do Irã,
Mahmoud Ahmadinejad, causou desconforto no Itamaraty,
mas foi festejado em outros setores do governo. "Foi um alívio", admitiu o ministro Paulo
Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos.
O discurso incendiário que
Ahmadinejad fez recentemente em Genebra, chamando Israel de racista e questionando o
Holocausto, tornou o momento desfavorável para a visita,
acredita Vannuchi.
"É gravíssimo que um chefe
de Estado coloque o Holocausto em questão em 2009", disse
o ministro. "É como expressar
simpatia com Hitler."
Vannuchi disse não saber se a
desistência iraniana foi um troco às críticas que o governo brasileiro fez ao discurso de Ahmadinejad durante a Conferência
contra o Racismo da ONU, em
Genebra. Mas garantiu que o
governo manifestaria sua insatisfação durante a visita.
"O presidente Lula prometeu
que tocaria no assunto na semana passada, diante de mim e
do presidente do Conselho de
Direitos Humanos da ONU",
disse Vannuchi.
Mal-estar
A razão alegada por Teerã para adiar a visita sem marcar nova data foi a de que o presidente
estaria ocupado com compromissos ligados ao pleito de 12
de junho, quando tentará a reeleição. O que é certo é que a
controvertida passagem de Ahmadinejad por Genebra, há
quase duas semanas, causara
mal-estar entre Brasil e Irã.
Na véspera da conferência, a
Embaixada do Brasil em Teerã
fizera um apelo ao presidente
iraniano para que moderasse
seu discurso, mas não foi atendida. Do pódio da ONU, Ahmadinejad manteve os ataques a
Israel, o que provocou uma debandada dos diplomatas da
União Europeia e tumultuou a
conferência.
A delegação brasileira não se
retirou, mas depois condenou o
Irã no plenário da ONU. O Itamaraty também emitiu nota
reiterando a crítica, além de
convocar o embaixador iraniano para dar satisfações.
Apesar de admitir que a desistência iraniana foi "um alívio
do ponto de vista dos direitos
humanos", Vannuchi não era
contra a visita de Ahmadinejad.
Ele acha que seria uma boa
oportunidade para o governo
mostrar a sua posição. "O Brasil
não pode ficar omisso."
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