São Paulo, quinta-feira, 07 de maio de 2009

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Desistência do Irã é "alívio", diz ministro

Para Vannuchi, dos Direitos Humanos, são "gravíssimas" as teses de Ahmadinejad

Ele lamenta, porém, que Lula tenha perdido chance de manifestar contrariedade com negação do Holocausto, conforme teria prometido

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

O cancelamento da visita ao Brasil do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, causou desconforto no Itamaraty, mas foi festejado em outros setores do governo. "Foi um alívio", admitiu o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos.
O discurso incendiário que Ahmadinejad fez recentemente em Genebra, chamando Israel de racista e questionando o Holocausto, tornou o momento desfavorável para a visita, acredita Vannuchi.
"É gravíssimo que um chefe de Estado coloque o Holocausto em questão em 2009", disse o ministro. "É como expressar simpatia com Hitler."
Vannuchi disse não saber se a desistência iraniana foi um troco às críticas que o governo brasileiro fez ao discurso de Ahmadinejad durante a Conferência contra o Racismo da ONU, em Genebra. Mas garantiu que o governo manifestaria sua insatisfação durante a visita.
"O presidente Lula prometeu que tocaria no assunto na semana passada, diante de mim e do presidente do Conselho de Direitos Humanos da ONU", disse Vannuchi.

Mal-estar
A razão alegada por Teerã para adiar a visita sem marcar nova data foi a de que o presidente estaria ocupado com compromissos ligados ao pleito de 12 de junho, quando tentará a reeleição. O que é certo é que a controvertida passagem de Ahmadinejad por Genebra, há quase duas semanas, causara mal-estar entre Brasil e Irã.
Na véspera da conferência, a Embaixada do Brasil em Teerã fizera um apelo ao presidente iraniano para que moderasse seu discurso, mas não foi atendida. Do pódio da ONU, Ahmadinejad manteve os ataques a Israel, o que provocou uma debandada dos diplomatas da União Europeia e tumultuou a conferência.
A delegação brasileira não se retirou, mas depois condenou o Irã no plenário da ONU. O Itamaraty também emitiu nota reiterando a crítica, além de convocar o embaixador iraniano para dar satisfações.
Apesar de admitir que a desistência iraniana foi "um alívio do ponto de vista dos direitos humanos", Vannuchi não era contra a visita de Ahmadinejad. Ele acha que seria uma boa oportunidade para o governo mostrar a sua posição. "O Brasil não pode ficar omisso."


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