São Paulo, sábado, 07 de maio de 2011

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O FIM DA CAÇADA

EUA sofrem pressão para dar detalhes da operação

Grupos recorrem à lei de liberdade de informação por foto de Bin Laden

ONU pede informações sobre se o terrorista teve chance para se render; sigilo da ação impede versão independente
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

A decisão dos EUA de não divulgar fotos do corpo de Osama bin Laden só serviu para aumentar a pressão pública por detalhes da operação, com processos chegando inclusive à Justiça para forçar mais transparência.
Há cada vez mais dúvidas sobre a versão da Casa Branca sobre os fatos -já modificada mais de uma vez.
Sem fotos do corpo e do local, fica impossibilitada uma verificação independente da ação das forças americanas no complexo em que o líder da Al Qaeda se escondia em Abbottabad, no Paquistão.
As condições em que Bin Laden foi alvejado, por exemplo, permanecem nebulosas, já que são um dos pontos em que o relato da Casa Branca mudou.
As últimas informações sobre a ação indicam que só um homem disparou contra os agentes e que o terrorista não usou a mulher como escudo, como dito de início.
Vários grupos independentes e jornalistas ameaçam entrar com processo exigindo a divulgação das fotos.
A agência Associated Press e a ONG Judicial Watch já começaram ações legais por meio da Lei de Liberdade de Informação (Freedom of Information Act, ou Foia).
A Foia é uma lei federal em vigor desde 1967 que foi limitada após o 11 de Setembro. O presidente Barack Obama, que agora se recusa a divulgar as fotos, em 2009 revogou a limitação à lei e prometeu mais transparência.
Advogados especializados na Foia afirmam que a tentativa tem boas chances de dar certo. É possível que o governo vença, porém, alegando questões de segurança nacional. Para a Casa Branca, as fotos poderiam ser "incendiárias" e provocar retaliações contra americanos.

RENDIÇÃO
Em outra frente de esforços, investigadores de direitos humanos da ONU fizeram pedido oficial ontem a Washington para se explicar sobre se havia algum plano para capturar Bin Laden vivo e se ele teve alguma oportunidade de se render e ser preso.
Segundo eles, regras para conflitos em operações desse tipo exigem a chance de rendição, a disparada de tiros de alerta e até a tentativa de ferir o suspeito em vez de matá-lo.
Se esses princípios foram desrespeitados, a operação contra Bin Laden pode ter sido execução a sangue frio.
Por outro lado, a situação geral deve ser levada em conta. Se as forças americanas foram mesmo atacadas, o cenário muda de figura, afirmou Martin Scheinin, relator especial da ONU sobre proteção de direitos humanos na luta contra o terrorismo.
"Só estamos dizendo que o governo dos EUA deve responder sobre se uma perspectiva real de rendição e prisão foi oferecida, e talvez Osama bin Laden não tenha aceitado", disse à Reuters.
Além dos relatores, que são independentes, Navi Pillay, mais alta representante da ONU para os direitos humanos, também pediu esclarecimentos sobre a morte do líder terrorista, dizendo que todas as operações de contra-terrorismo devem respeitar as leis internacionais.


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