São Paulo, sábado, 07 de maio de 2011

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Governo britânico vive crise após voto

Derrota de referendo sobre mudança no sistema eleitoral frustra liberais-democratas, parceiros na coalizão

Partido, que tem o vice-premiê, também perde assentos em governos locais; conservadores são bem-sucedidos

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

Os britânicos rejeitaram a proposta de mudar a forma como escolhem seus parlamentares e, por consequência, o primeiro-ministro, e impuseram uma grande derrota ao Partido Liberal Democrata, que compõe a coalizão que governa o país.
Dos que foram votar no referendo sobre sistema eleitoral, 68% optaram por manter o modelo atual.
Hoje, o candidato que recebe mais votos em cada um dos 650 distritos é eleito, independentemente do percentual de votos.
Pela proposta alternativa, seria necessário obter mais de 50% dos votos.
A mudança era defendida pelo Partido Liberal Democrata, mas essa não foi sua única derrota.
Além do referendo, o país teve eleições locais (para conselheiros municipais) e para os parlamentos escocês, galês e norte-irlandês.
Foram nessas eleições que os liberais-democratas tiveram o pior desempenho em 30 anos. Nos conselhos municipais, por exemplo, perderam 40% das 1.751 cadeiras que detinham.
O resultado acirra a crise dentro do governo. Na reunião de gabinete da última terça-feira, ministros dos dois partidos bateram boca.
Os chamados "lib-dems" acusavam os conservadores de fazer uma campanha suja contra a mudança no sistema eleitoral.
Agora, os culpam pela derrota nas urnas. Dizem que o eleitor decidiu puni-los pela política de austeridade.
Mas o Partido Conservador, principal responsável pelos cortes de gastos, não foi mal nas urnas. Ao contrário, ampliou o número de postos nos conselhos.
O problema para os lib-dems é que, ao comporem o governo, deixaram de ser vistos como alternativa para aqueles que não gostam dos conservadores nem dos trabalhistas (que são ligados aos sindicatos e têm uma agenda mais à esquerda).]
Além disso, há um grande descontentamento porque o partido, estando no governo, teve de apoiar medidas que contrariam seu histórico.
Por exemplo, em seu programa, os lib-dems defendem universidades gratuitas, mas tiveram que votar pelo aumento das anuidades.

FUTURO
Quase ninguém acredita que o Partido Liberal Democrata vá deixar o governo, o que provocaria seu colapso.
O partido tem o vice-primeiro-ministro, Nick Clegg. O governo é chefiado pelo conservador David Cameron.
A maioria dos analistas aposta que as discussões internas serão mais duras e que a coalizão terá dificuldades para aprovar projetos.
É provável que alguns parlamentares liberais-democratas a partir de agora se tornem mais resistentes a seguir a determinação da liderança da coalizão.


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