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IRAQUE OCUPADO
Medida, que visa Saddam Hussein, entra em vigor dia 30; violência deixa 29 mortos no fim de semana
Iraquianos reinstituem pena de morte
DA REDAÇÃO
O governo interino iraquiano
anunciou que reinstituirá a pena
de morte no país tão logo recupere a soberania, no próximo dia 30,
revivendo uma medida da época
de Saddam Hussein para usá-la
contra o próprio ex-ditador. O
anúncio, ontem, coincidiu com
um fim de semana sangrento no
país, no qual atentados e ataques
deixaram ao menos 29 mortos.
Segundo o futuro ministro da
Justiça, Malik al Hassan, a pena
capital só será aplicada em "casos
muito especiais" -entre os quais
estaria o de Saddam. "Ele foi chefe
das Forças Armadas e desertou.
Segundo a lei de seu regime, ele
mereceria [a pena]."
A pena de morte foi revogada
no Iraque em abril de 2003, após a
queda do regime de Saddam, pela
Autoridade Provisória da Coalizão. A entidade liderada pelos
EUA será dissolvida no próximo
dia 30, quando deve tomar posse
o governo interino iraquiano.
"Com a recuperação da soberania, não há por que manter a suspensão", disse Al Hassan.
A revogação vem a propósito.
Capturado pelos EUA em dezembro último e mantido sob custódia americana, o ex-ditador será
julgado por um tribunal iraquiano com assessoria de juristas e especialistas internacionais. A data
não foi definida, pois o sistema judiciário do país passa por uma
completa reestruturação.
Violência
Na medida em que se aproxima
a posse do governo interino a violência tem aumentado no Iraque.
Ontem, ao menos nove iraquianos morreram e mais de 30 foram
feridos na explosão de um carro-bomba perto de uma base americana em Taji (norte), em um atentado reivindicado pelo grupo do
terrorista jordaniano Abu Musab
Zarqawi, ligada à Al Qaeda.
O ataque fechou um fim de semana sangrento, em que delegacias de polícia em Bagdá e no sul
do país sofreram ataques a bomba
e quatro civis estrangeiros foram
mortos em uma emboscada. A insurgência matou ainda dois soldados americanos.
Os ataques contra delegacias
ocorreram ontem no bairro xiita
de Al Sadr, em Bagdá, e anteontem em Musayib, ao sul da capital.
No segundo incidente, dez policiais e dois civis morreram. Mais
dois policiais foram mortos em
um ataque a bomba numa estrada
perto de Ramadi, no oeste do país.
Já os civis estrangeiros -dois
americanos e dois poloneses-
foram vítimas de uma emboscada
no sábado perto do aeroporto de
Bagdá, conforme comunicado
emitido ontem pela empresa para
a qual eles trabalhavam, a Blackwater USA. A firma é a mesma
que empregava os quatro civis
americanos cuja morte e mutilação dos cadáveres na cidade de
Fallujah (oeste), em abril, deram
origem a uma onda de violência.
Também ontem, os EUA libertaram 320 iraquianos da prisão de
Abu Ghraib, palco de torturas cometidas por soldados dos EUA
contra prisioneiros, dentro um
programa de redução da lotação.
Resolução da ONU
A violência constitui o principal
problema do país no pós-guerra,
e a cargo de quem deve ficar o
controle da segurança é a principal discussão para a aprovação de
uma nova resolução sobre o país
na ONU. Depois de duas revisões,
uma proposta americana dá ao
governo interino iraquiano o direito de pedir a retirada da força
multinacional que permanecerá
no país, sob controle dos EUA.
O Conselho de Segurança se
reuniu ontem para debater adendos ao texto sugerido em uma
carta do futuro premiê iraquiano,
Iyad Allawi, que reivindica para si
a palavra final sobre as operações
de segurança. Autoridades americanas prevêem que o texto seja
votado nesta semana.
Com agências internacionais
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