|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ORIENTE MÉDIO
Votação para desmantelar assentamentos é adiada; Powell diz que Cisjordânia não pode ser "novo apartheid
Gabinete de Sharon aprova retirada de Gaza
DA REDAÇÃO
O gabinete israelense aprovou
ontem o plano do premiê Ariel
Sharon que prevê a retirada unilateral da faixa de Gaza, mas protelou essa decisão histórica com o
adiamento por ao menos nove
meses de qualquer votação sobre
o desmantelamento de assentamentos judaicos.
O acordo de Sharon com ministros rebeldes da linha-dura foi feito por meio de um recuo de sua
proposta inicial, que previa uma
retirada em quatro etapas. Com
isso, evitou um possível colapso
de seu governo de coalizão. Mesmo assim, o plano de Sharon não
teve unanimidade no gabinete: foi
aprovado por 14 votos a 7.
Mas, ao outorgar ao seu gabinete votações para cada fase da retirada unilateral, Israel deixa incerto o destino nos 21 assentamentos
na faixa de Gaza e outros 4 na Cisjordânia, cujos desmantelamentos estavam previstos para até o final do ano que vem.
Se levado a cabo, o plano de
Sharon terá sido a primeira vez
que Israel remove assentamentos
na Cisjordânia ou na faixa de Gaza, territórios capturados durante
a guerra de 1967.
O plano, defendido por Sharon
como um esforço unilateral para
"sair" do conflito com os palestinos, também ratifica a intenção
de Israel de manter posições permanentes em faixas da Cisjordânia onde estão a maioria dos 240
mil colonos, que vivem em 120 diferentes enclaves.
Uma nota anexada ao documento aprovado ontem afirma
que a votação não significa um sinal verde para o início da remoção dos assentamentos -uma
concessão que ajudou Sharon a
obter apoio de três ministros dissidentes de seu partido, o Likud.
Embora rejeitado em plebiscito
pelo Likud, o plano é apoiado pelo chamado Quarteto -EUA,
União Européia, Rússia e ONU
-, pela maioria dos israelenses,
pela oposição trabalhista e por
parte da população palestina.
O Partido Nacional Religioso
(PNR), que é pró-assentamento e
ameaça abandonar a coalizão de
Sharon (o que o deixaria sem
maioria no Parlamento e derrubaria seu governo), adiou sua decisão final. A saída da coalizão
agora parece menos iminente,
embora Sharon possa ter apenas
conseguido mais tempo antes da
próxima crise política.
Os palestinos, que recebem bem
qualquer anúncio retirada, mas
suspeitam que Sharon esteja barganhando a empobrecida faixa de
Gaza por grandes áreas da Cisjordânia, criticaram o acordo israelense de ontem.
"Ele negociou com o seu partido e gabinete, mas não com aqueles cujo futuro está sendo determinado", disse Saeb Erekat,
membro do gabinete palestino.
Powell
Os territórios palestinos não devem ser compartimentados como
se fez na África do Sul durante o
apartheid, advertiu ontem o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell.
"[O presidente dos EUA, George W. Bush] Insistiu em que não
pode haver uma porção de pequenos "bantustões" [territórios tribais declarados independentes
que dividiam a África do Sul no
apartheid] ou uma Cisjordânia
cortada em pedaços incoerentes e
descontínuos. Isso não seria um
Estado aceitável."
Com agências internacionais
Texto Anterior: Direitos Humanos: Irã intensificou tortura, diz relatório Próximo Texto: Líder palestino é condenado à prisão perpétua Índice
|