São Paulo, segunda-feira, 07 de junho de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Votação para desmantelar assentamentos é adiada; Powell diz que Cisjordânia não pode ser "novo apartheid

Gabinete de Sharon aprova retirada de Gaza

DA REDAÇÃO

O gabinete israelense aprovou ontem o plano do premiê Ariel Sharon que prevê a retirada unilateral da faixa de Gaza, mas protelou essa decisão histórica com o adiamento por ao menos nove meses de qualquer votação sobre o desmantelamento de assentamentos judaicos.
O acordo de Sharon com ministros rebeldes da linha-dura foi feito por meio de um recuo de sua proposta inicial, que previa uma retirada em quatro etapas. Com isso, evitou um possível colapso de seu governo de coalizão. Mesmo assim, o plano de Sharon não teve unanimidade no gabinete: foi aprovado por 14 votos a 7.
Mas, ao outorgar ao seu gabinete votações para cada fase da retirada unilateral, Israel deixa incerto o destino nos 21 assentamentos na faixa de Gaza e outros 4 na Cisjordânia, cujos desmantelamentos estavam previstos para até o final do ano que vem.
Se levado a cabo, o plano de Sharon terá sido a primeira vez que Israel remove assentamentos na Cisjordânia ou na faixa de Gaza, territórios capturados durante a guerra de 1967.
O plano, defendido por Sharon como um esforço unilateral para "sair" do conflito com os palestinos, também ratifica a intenção de Israel de manter posições permanentes em faixas da Cisjordânia onde estão a maioria dos 240 mil colonos, que vivem em 120 diferentes enclaves.
Uma nota anexada ao documento aprovado ontem afirma que a votação não significa um sinal verde para o início da remoção dos assentamentos -uma concessão que ajudou Sharon a obter apoio de três ministros dissidentes de seu partido, o Likud.
Embora rejeitado em plebiscito pelo Likud, o plano é apoiado pelo chamado Quarteto -EUA, União Européia, Rússia e ONU -, pela maioria dos israelenses, pela oposição trabalhista e por parte da população palestina.
O Partido Nacional Religioso (PNR), que é pró-assentamento e ameaça abandonar a coalizão de Sharon (o que o deixaria sem maioria no Parlamento e derrubaria seu governo), adiou sua decisão final. A saída da coalizão agora parece menos iminente, embora Sharon possa ter apenas conseguido mais tempo antes da próxima crise política.
Os palestinos, que recebem bem qualquer anúncio retirada, mas suspeitam que Sharon esteja barganhando a empobrecida faixa de Gaza por grandes áreas da Cisjordânia, criticaram o acordo israelense de ontem.
"Ele negociou com o seu partido e gabinete, mas não com aqueles cujo futuro está sendo determinado", disse Saeb Erekat, membro do gabinete palestino.

Powell
Os territórios palestinos não devem ser compartimentados como se fez na África do Sul durante o apartheid, advertiu ontem o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell.
"[O presidente dos EUA, George W. Bush] Insistiu em que não pode haver uma porção de pequenos "bantustões" [territórios tribais declarados independentes que dividiam a África do Sul no apartheid] ou uma Cisjordânia cortada em pedaços incoerentes e descontínuos. Isso não seria um Estado aceitável."


Com agências internacionais


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