São Paulo, sábado, 07 de junho de 2008

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Carter medeia acordo entre Quito e Bogotá

Países iniciam retomada de relações diplomáticas, após três meses de crise regional; pendências ainda ameaçam negociação

Consenso foi orquestrado pela OEA e recebeu apoio do ex-presidente americano; encarregados de negócios precederão embaixadores

DA REDAÇÃO

Colômbia e Equador anunciaram ontem que vão restabelecer relações diplomáticas, em acordo avalizado pelo ex-presidente americano Jimmy Carter (1977-1981). Quito rompeu relações com Bogotá após o ataque colombiano a acampamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em território equatoriano, em 1º de março.
"Carter consultou os presidentes [o colombiano Álvaro Uribe e o equatoriano Rafael Correa] sobre a possibilidade da retomada das relações diplomáticas entre os dois países imediatamente e sem precondições", informou comunicado do Centro Carter, em Atlanta, que atua como observador em eleições e medeia crises internacionais desde os anos 1980. "Os dois confirmaram disposição de fazer isso através de suas chancelarias."
A retomada acontece com a troca de encarregados de negócios, como primeiro passo para a troca de embaixadores.
Uribe liberou primeiro uma nota confirmando o acordo e, mais tarde, o governo do Equador concordou, em anúncio feito pela ministra das Relações Exteriores, María Isabel Salvador. Uma fonte da Chancelaria colombiana disse à France Presse que o acordo teria sido fechado há duas semanas, após negociações mediadas por Carter e pela OEA (Organização dos Estados Americanos).

Histórico
Ao romper relações com a Colômbia, o equatoriano Rafael Correa acusou Uribe de ter violado a soberania de seu país, ao não avisá-lo de uma operação "totalmente planejada". O ataque, a dois quilômetros da fronteira colombiana, matou o número dois das Farc, Raúl Reyes, e outras 24 pessoas. Depois do bombardeio ao acampamento, comandos colombianos pegaram o corpo e os computadores de Reyes.
Aliado de Correa, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, chegou a anunciar o envio de tropas para a fronteira com a Colômbia, que tem na Venezuela seu segundo maior parceiro comercial. Na época, a invasão do Equador foi condenada pela OEA, que, no entanto, não aprovou a proposta equatoriana de instalar uma força de paz na fronteira.
O presidente colombiano Álvaro Uribe, embora tenha chegado a pedir desculpas publicamente pelo ataque, reagiu acusando os governos do Equador e da Venezuela de darem apoio financeiro e militar às Farc.

Pontos pendentes
O acordo anunciado ontem reduz a tensão entre Quito e Bogotá, mas não soluciona totalmente a crise. Em informe esta semana à 38ª Assembléia da OEA, na Colômbia, os dois países destacaram as diferenças que persistem.
Dois pontos-chave permanecem em aberto: a indenização que o Equador pede à Colômbia e o fim das acusações colombianas contra Correa. Ontem, o chanceler colombiano, Fernando Araújo, disse que "nós não pagamos indenizações por ações contra terroristas".
Também está pendente a reativação da Comissão Binacional Fronteiriça (Conbifron), criada para troca de informações sobre segurança na fronteira de mais de 600 quilômetros entre os dois países.


Com agências internacionais.


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