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Carter medeia acordo entre Quito e Bogotá
Países iniciam retomada de relações diplomáticas, após três meses de crise regional; pendências ainda ameaçam negociação
Consenso foi orquestrado pela OEA e recebeu apoio do ex-presidente americano; encarregados de negócios precederão embaixadores
DA REDAÇÃO
Colômbia e Equador anunciaram ontem que vão restabelecer relações diplomáticas, em
acordo avalizado pelo ex-presidente americano Jimmy Carter
(1977-1981). Quito rompeu relações com Bogotá após o ataque colombiano a acampamento das Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia)
em território equatoriano, em
1º de março.
"Carter consultou os presidentes [o colombiano Álvaro
Uribe e o equatoriano Rafael
Correa] sobre a possibilidade
da retomada das relações diplomáticas entre os dois países
imediatamente e sem precondições", informou comunicado
do Centro Carter, em Atlanta,
que atua como observador em
eleições e medeia crises internacionais desde os anos 1980.
"Os dois confirmaram disposição de fazer isso através de suas
chancelarias."
A retomada acontece com a
troca de encarregados de negócios, como primeiro passo para
a troca de embaixadores.
Uribe liberou primeiro uma
nota confirmando o acordo e,
mais tarde, o governo do Equador concordou, em anúncio feito pela ministra das Relações
Exteriores, María Isabel Salvador. Uma fonte da Chancelaria
colombiana disse à France
Presse que o acordo teria sido
fechado há duas semanas, após
negociações mediadas por Carter e pela OEA (Organização
dos Estados Americanos).
Histórico
Ao romper relações com a
Colômbia, o equatoriano Rafael Correa acusou Uribe de ter
violado a soberania de seu país,
ao não avisá-lo de uma operação "totalmente planejada". O
ataque, a dois quilômetros da
fronteira colombiana, matou o
número dois das Farc, Raúl Reyes, e outras 24 pessoas. Depois
do bombardeio ao acampamento, comandos colombianos
pegaram o corpo e os computadores de Reyes.
Aliado de Correa, o presidente venezuelano, Hugo Chávez,
chegou a anunciar o envio de
tropas para a fronteira com a
Colômbia, que tem na Venezuela seu segundo maior parceiro comercial. Na época, a invasão do Equador foi condenada pela OEA, que, no entanto,
não aprovou a proposta equatoriana de instalar uma força de
paz na fronteira.
O presidente colombiano Álvaro Uribe, embora tenha chegado a pedir desculpas publicamente pelo ataque, reagiu acusando os governos do Equador
e da Venezuela de darem apoio
financeiro e militar às Farc.
Pontos pendentes
O acordo anunciado ontem
reduz a tensão entre Quito e
Bogotá, mas não soluciona totalmente a crise. Em informe
esta semana à 38ª Assembléia
da OEA, na Colômbia, os dois
países destacaram as diferenças que persistem.
Dois pontos-chave permanecem em aberto: a indenização
que o Equador pede à Colômbia
e o fim das acusações colombianas contra Correa. Ontem, o
chanceler colombiano, Fernando Araújo, disse que "nós
não pagamos indenizações por
ações contra terroristas".
Também está pendente a
reativação da Comissão Binacional Fronteiriça (Conbifron),
criada para troca de informações sobre segurança na fronteira de mais de 600 quilômetros entre os dois países.
Com agências internacionais.
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