São Paulo, domingo, 07 de junho de 2009

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Fim da "ética do dever" gerou abusos no Reino Unido

Para analista, lógica exclusiva do lucro contaminou Parlamento

Rodney Barker, da London School of Economics, diz que fé cega no mercado ajudou a criar ambiente propício à crise dos gastos fúteis

MALU DELGADO
DE LONDRES

Para o professor titular da London School of Economics Rodney Barker, 66, coordenador do Departamento de Governo da universidade, o grave escândalo político de malversação de verbas parlamentares no Reino Unido reforça a crença de que democracias funcionam e ainda são o melhor remédio contra a corrupção.
Muitas das manchetes recentes na imprensa britânica parecem transplantadas do Brasil. Mas se, no Palácio de Westminster (onde funciona o Parlamento Britânico), o comportamento dos políticos pós-escândalo é bem distinto daquele no Congresso brasileiro, isso ocorre por causa da solidez das instituições, da clareza das regras e, sobretudo, devido à contundente reação popular, expressa no voto.
"A democracia está funcionando. Existe pressão sobre políticos que são eleitos e existe algum mecanismo de controle. Isso não produz santos na política, mas pelo menos os faz "menos piores'", disse o professor à Folha.
Ele atribui o comportamento atual dos políticos em grande parte a uma mudança cultural e comportamental por que passou o Reino Unido nos últimos 30 anos.
Antes havia, ele diz, um sentimento de dever de cidadãos, profissionais e servidores em relação à sociedade, às suas classes, sua nação, sua igreja. "Aconteceu que hoje essa ética do serviço público, do dever profissional, está sendo minada e erodida por diferentes ideologias que surgiram depois dos anos 70. Você pode chamar isso de "nova direita", "thatcherismo", neoliberalismo."


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