|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fim da "ética do dever" gerou abusos no Reino Unido
Para analista, lógica exclusiva do lucro contaminou Parlamento
Rodney Barker, da London School of Economics, diz que fé cega no mercado ajudou a criar ambiente propício à crise dos gastos fúteis
MALU DELGADO
DE LONDRES
Para o professor titular da
London School of Economics
Rodney Barker, 66, coordenador do Departamento de Governo da universidade, o grave
escândalo político de malversação de verbas parlamentares no
Reino Unido reforça a crença
de que democracias funcionam
e ainda são o melhor remédio
contra a corrupção.
Muitas das manchetes recentes na imprensa britânica parecem transplantadas do Brasil.
Mas se, no Palácio de Westminster (onde funciona o Parlamento Britânico), o comportamento dos políticos pós-escândalo é bem distinto daquele
no Congresso brasileiro, isso
ocorre por causa da solidez das
instituições, da clareza das regras e, sobretudo, devido à contundente reação popular, expressa no voto.
"A democracia está funcionando. Existe pressão sobre
políticos que são eleitos e existe
algum mecanismo de controle.
Isso não produz santos na política, mas pelo menos os faz
"menos piores'", disse o professor à Folha.
Ele atribui o comportamento
atual dos políticos em grande
parte a uma mudança cultural
e comportamental por que passou o Reino Unido nos últimos
30 anos.
Antes havia, ele diz, um sentimento de dever de cidadãos,
profissionais e servidores em
relação à sociedade, às suas
classes, sua nação, sua igreja.
"Aconteceu que hoje essa ética
do serviço público, do dever
profissional, está sendo minada e erodida por diferentes
ideologias que surgiram depois
dos anos 70. Você pode chamar
isso de "nova direita", "thatcherismo", neoliberalismo."
Texto Anterior: Cuba: Fidel Castro diz que acusação de espionagem é "ridícula" Próximo Texto: Frase Índice
|