São Paulo, terça-feira, 07 de junho de 2011

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Bolsa despenca com vitória de Humala

Queda em Lima foi de 12,5% após eleição de nacionalista à Presidência do Peru; investidores temem mudança radical

Eleito faz discurso e promete "consolidar economia de mercado"; empresários pedem que indique ministros logo

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ENVIADA ESPECIAL A LIMA

O mercado financeiro peruano despencou em reação à eleição à Presidência do nacionalista Ollanta Humala.
Humala teve 51,41% dos votos na eleição de domingo, ante 48,5% dos votos da direitista Keiko Fujimori. Até o fim da tarde, 91,63% dos votos haviam sido contados.
A Bolsa de Lima teve uma das maiores baixas de sua história -12,51%.
A Bolsa encerrou antecipadamente o pregão, às 12h48, depois de ele ter sido suspenso por uma hora, por causa do movimento exagerado dos investidores.
O Banco Central peruano também teve de intervir para segurar o valor da moeda, o sol, que chegou a cair 1,16%.
No Twitter, o dia negro do mercado financeiro peruano era descrito como "golpe de Estado econômico" e "terremoto da Bolsa".
Investidores temem que Humala vá fazer mudanças radicais no modelo econômico. O Peru é um dos países que mais crescem no mundo, com média de 7% ao ano, mas não conseguiu melhorar de forma significativa a distribuição de renda.
Ele foi eleito com voto maciço das regiões mais pobres do país, na Amazônia, nos Andes e no sul. Lima e o empresariado, em contrapartida, votaram em Keiko.
Em seu discurso de vitória, ontem, Humala tentou acalmar o mercado.
"Vamos promover mais investimentos, consolidar a economia de mercado e fortalecer o mercado interno", disse ele.
Humala vem tentando tranquilizar investidores dizendo que vai manter as políticas macroeconômicas e respeitar a independência do Banco Central.
Mas o mercado teme que o eleito aumente a intervenção do Estado na economia e comprometa o Orçamento público para aumentar os gastos sociais. As ações das mineradoras foram as que mais caíram ontem -o plano de Humala inclui elevar impostos sobre essas empresas.
"Não somos estatistas e acreditamos na economia de mercado. Não vamos desapropriar os cachorros ou as galinhas de ninguém", disse o porta-voz da campanha, Daniel Abugattas.
Representantes da Confederação das Empresas Peruanas, a Confiep, pediram que Humala nomeie rapidamente seu ministro da Economia e seu primeiro-ministro, para acalmar os ânimos dos mercados.
As TVs peruanas repetiram algumas vezes que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria anunciado seu ministro da Fazenda e presidente do Banco Central logo após sua eleição, em outubro de 2002, e que Humala deveria fazer o mesmo.
A informação está incorreta. Lula anunciou Antonio Palocci na Fazenda e Henrique Meirelles no BC mais de um mês após a eleição.
O Brasil comemorou a vitória de Humala. A presidente Dilma Rousseff telefonou para o presidente eleito na manhã de ontem.
Dilma deve ir à posse no Peru no final de julho.


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