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RELIGIÃO
Inédita no mundo, indicação no mês passado de Jeffrey John, assumidamente homossexual, dividiu a Igreja Anglicana
Reverendo gay desiste de assumir bispado
DA REDAÇÃO
O reverendo anglicano Jeffrey
John, 50, primeiro religioso assumidamente homossexual a ser indicado para um bispado no mundo, anunciou ontem que desistiu
de assumir o cargo. No mês passado, a escolha de John como bispo de Reading, cidade na região
de Londres, provocou a revolta de
membros conservadores da Igreja Anglicana.
Com o objetivo de encerrar a
crise, John disse que tomou a decisão após discussões com o líder
espiritual da igreja, o arcebispo de
Canterbury, Rowan Williams.
"Ficou claro para mim que, tendo em vista o prejuízo que a minha consagração poderia causar à
união da Igreja, inclusive para a
comunhão anglicana, devo procurar o consentimento da Coroa
para retirar a aceitação da minha
indicação", disse John, em carta
ao bispo de Oxford, Richard Harries, cuja diocese inclui Reading.
Depois da recusa de John, o arcebispo Williams, líder dos cerca
de 70 milhões de anglicanos espalhados pelo mundo, procurou explicar e reparar os problemas causados pela indicação do reverendo gay.
"A indicação de John trouxe à
luz um grande grau de insatisfação de pessoas que de forma nenhuma podem ser descritas como
extremistas", disse o arcebispo.
"Tanta insatisfação significa
que há um problema óbvio na
consagração de um bispo cujo
ministério não seria prontamente
aceito por uma proporção significativa dos cristãos na Inglaterra e
em outros lugares", disse ele, que
tradicionalmente apóia a nomeação de religiosos homossexuais.
Polêmica
O líder da Igreja na Nigéria, a
maior congregação anglicana do
mundo, havia ameaçado romper
e se tornar uma dissidência por
causa da polêmica em torno do
homossexualismo. A nomeação
do reverendo John também foi
duramente criticada por um arcebispo australiano.
Antes da desistência, John havia
dito que ele assumiria o posto e
continuaria a manter um relacionamento com seu parceiro. Ele
afirma que é celibatário, embora
mantenha um relacionamento estável há 27 anos.
"É um dia triste para a Igreja da
Inglaterra e para a comunidade
anglicana", disse Richard Thomas, porta-voz do bispo de Oxford, em entrevista à radio BBC.
"Está claro que a pressão vinda
do exterior e da comunhão anglicana como um todo tornou impossível que John continuasse",
afirmou o porta-voz.
O arcebispo Williams, que publicamente apoiou homossexuais
antes de assumir o posto máximo
da Igreja Anglicana, disse que não
viu nada de errado na indicação.
Nomeações anteriores
O jornal britânico "Sunday Times" publicou ontem reportagem em que o ex-arcebispo de
Canterbury George Carey aparece
afirmando que havia nomeado
dois bispos gays nos anos 90, depois que eles lhe garantiram que
eram celibatários.
Ontem, no entanto, o ex-líder
anglicano negou a informação e
disse que não teria aprovado a nomeação de um bispo homossexual praticante.
"Eu nunca ordenei propositalmente um homossexual praticante. Sou um tradicionalista e acredito que o sexo deva se restringir a
casamentos heterossexuais monogâmicos", disse Carey, que liderou os anglicanos entre os anos
de 1991 e 2002.
O documento "Temas da Sexualidade Humana", divulgado
pela Igreja Anglicana em 1991,
permite relacionamentos gays entre os seguidores, mas exige que
sacerdotes homossexuais sejam
celibatários.
Com agências internacionais
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