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SAÚDE
Estudo estima que mundo tenha 37,8 milhões de pessoas com o HIV e que 2003 registrou 4,8 milhões de novos casos
Aids cresce na Ásia e entre jovens, diz ONU
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Considerada uma "emergência
global", a epidemia de Aids cresce
rapidamente em países da Ásia e
do Leste Europeu e entre mulheres, principalmente jovens, diz relatório do Unaids (órgão da ONU
para a doença).
Nas duas regiões, o uso de drogas injetáveis é apontado como o
principal meio de transmissão do
HIV, vírus causador da doença.
Essas constatações estão no
"Relatório Mundial sobre a Epidemia de Aids", divulgado ontem
pelo Unaids em 191 países.
No estudo, estima-se que 37,8
milhões de pessoas no mundo vivam com o vírus. Esse dado é referente a 2003, quando houve o
maior número de casos novos dos
últimos anos: 4,8 milhões, superando a previsão inicial.
Desses, 1,1 milhão está na Ásia,
continente com 60% da população mundial. A Índia é apontada
como o país com maior número
de pessoas vivendo com HIV (5,1
milhões) depois da África do Sul,
segundo estimativas. A principal
forma de transmissão do vírus entre indianos é sexual.
No Leste Europeu, a Rússia aparece com um dos maiores números de infectados (860 mil) e crescente registro entre mulheres.
Do total de pessoas que vivem
com HIV no mundo, 35,7 milhões
são adultos com idade entre 15 e
49 anos. Desses, 47,61% são mulheres. Na região subsaariana da
África, onde a epidemia é classificada como "devastadora" (25 milhões de casos), a proporção chega a quatro mulheres contaminadas para cada homem.
Pelo relatório divulgado ontem,
a América Latina aparece com 1,6
milhão de infectados por HIV.
Porém, as características da epidemia variam entre os países.
Bienal, o documento do Unaids
usa dados de Aids por país, alguns
já divulgados em 2003, para analisar a epidemia e formas de transmissão do HIV e apontar desafios
dos governos para combatê-la.
O lançamento do relatório precede a Conferência Internacional
de Aids, que começa no próximo
domingo em Bancoc (Tailândia).
O país-sede da conferência neste ano é, ao lado de Uganda e Brasil, destaque da ONU entre os
programas com bons resultados
na prevenção e tratamento da
Aids. O projeto brasileiro é citado
também por garantir acesso a medicamentos anti-retrovirais a um
grande número de pessoas.
Ao tratar das mortes decorrentes da Aids, o relatório aponta 2,9
milhões de registros no mundo
em 2003 (2,4 milhões de adultos),
gerando alto número de órfãos
-estima-se que sejam 15 milhões
de crianças, sendo 80% na região
subsaariana da África.
"O grande número de mortes
nessa região tem provocado uma
aparente estabilização no registro
de pessoas vivendo com HIV e
Aids na África subsaariana", diz
Pedro Chequer, coordenador interino do Unaids no Brasil.
Entre os países ricos, os Estados
Unidos são citados pela queda nas
mortes por Aids decorrente do
acesso a medicamentos.
O representante da Opas/OMS
(Organização Mundial da Saúde)
no Brasil, Horácio Toro, destacou
que a preocupação das instituições internacionais é garantir o
acesso dos portadores do vírus ao
tratamento. Para isso, a OMS e o
Unaids lançaram o programa
chamado "3 por 5", ou seja, ao
menos 3 milhões de pessoas atendidas até 2005. Atualmente, só
uma em cada cinco pessoas tem
acesso à prevenção ao HIV.
Quando se trata de remédios, a
proporção é ainda pior: um em
cada dez usam anti-retrovirais.
Chequer destaca que, mesmo
com a ampliação dos investimentos, as estratégias de combate à
doença não estão sendo eficientes, principalmente na África, onde os países não têm uma rede de
saúde estruturada.
Em 1996, eram gastos cerca de
US$ 300 milhões em programas
de Aids no mundo. No ano passado, o volume subiu para US$ 5 bilhões. Mesmo assim, é menos da
metade dos US$ 12 bilhões que serão necessários em 2005 nos países em desenvolvimento.
Quanto à vacina, Chequer não é
muito animador: "Temos 30 candidatas, mas seguramente não será no curto prazo".
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