São Paulo, quarta-feira, 07 de julho de 2004

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SAÚDE

Estudo estima que mundo tenha 37,8 milhões de pessoas com o HIV e que 2003 registrou 4,8 milhões de novos casos

Aids cresce na Ásia e entre jovens, diz ONU

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Considerada uma "emergência global", a epidemia de Aids cresce rapidamente em países da Ásia e do Leste Europeu e entre mulheres, principalmente jovens, diz relatório do Unaids (órgão da ONU para a doença).
Nas duas regiões, o uso de drogas injetáveis é apontado como o principal meio de transmissão do HIV, vírus causador da doença.
Essas constatações estão no "Relatório Mundial sobre a Epidemia de Aids", divulgado ontem pelo Unaids em 191 países.
No estudo, estima-se que 37,8 milhões de pessoas no mundo vivam com o vírus. Esse dado é referente a 2003, quando houve o maior número de casos novos dos últimos anos: 4,8 milhões, superando a previsão inicial.
Desses, 1,1 milhão está na Ásia, continente com 60% da população mundial. A Índia é apontada como o país com maior número de pessoas vivendo com HIV (5,1 milhões) depois da África do Sul, segundo estimativas. A principal forma de transmissão do vírus entre indianos é sexual.
No Leste Europeu, a Rússia aparece com um dos maiores números de infectados (860 mil) e crescente registro entre mulheres.
Do total de pessoas que vivem com HIV no mundo, 35,7 milhões são adultos com idade entre 15 e 49 anos. Desses, 47,61% são mulheres. Na região subsaariana da África, onde a epidemia é classificada como "devastadora" (25 milhões de casos), a proporção chega a quatro mulheres contaminadas para cada homem.
Pelo relatório divulgado ontem, a América Latina aparece com 1,6 milhão de infectados por HIV. Porém, as características da epidemia variam entre os países.
Bienal, o documento do Unaids usa dados de Aids por país, alguns já divulgados em 2003, para analisar a epidemia e formas de transmissão do HIV e apontar desafios dos governos para combatê-la.
O lançamento do relatório precede a Conferência Internacional de Aids, que começa no próximo domingo em Bancoc (Tailândia).
O país-sede da conferência neste ano é, ao lado de Uganda e Brasil, destaque da ONU entre os programas com bons resultados na prevenção e tratamento da Aids. O projeto brasileiro é citado também por garantir acesso a medicamentos anti-retrovirais a um grande número de pessoas.
Ao tratar das mortes decorrentes da Aids, o relatório aponta 2,9 milhões de registros no mundo em 2003 (2,4 milhões de adultos), gerando alto número de órfãos -estima-se que sejam 15 milhões de crianças, sendo 80% na região subsaariana da África.
"O grande número de mortes nessa região tem provocado uma aparente estabilização no registro de pessoas vivendo com HIV e Aids na África subsaariana", diz Pedro Chequer, coordenador interino do Unaids no Brasil.
Entre os países ricos, os Estados Unidos são citados pela queda nas mortes por Aids decorrente do acesso a medicamentos.
O representante da Opas/OMS (Organização Mundial da Saúde) no Brasil, Horácio Toro, destacou que a preocupação das instituições internacionais é garantir o acesso dos portadores do vírus ao tratamento. Para isso, a OMS e o Unaids lançaram o programa chamado "3 por 5", ou seja, ao menos 3 milhões de pessoas atendidas até 2005. Atualmente, só uma em cada cinco pessoas tem acesso à prevenção ao HIV. Quando se trata de remédios, a proporção é ainda pior: um em cada dez usam anti-retrovirais.
Chequer destaca que, mesmo com a ampliação dos investimentos, as estratégias de combate à doença não estão sendo eficientes, principalmente na África, onde os países não têm uma rede de saúde estruturada.
Em 1996, eram gastos cerca de US$ 300 milhões em programas de Aids no mundo. No ano passado, o volume subiu para US$ 5 bilhões. Mesmo assim, é menos da metade dos US$ 12 bilhões que serão necessários em 2005 nos países em desenvolvimento.
Quanto à vacina, Chequer não é muito animador: "Temos 30 candidatas, mas seguramente não será no curto prazo".


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