São Paulo, quarta-feira, 07 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Queda de estátua foi armada, diz relatório

DA REPORTAGEM LOCAL

A derrubada da estátua de Saddam Hussein na praça Al Firdos (o paraíso) no dia 9 de abril de 2003, no centro de Bagdá, que virou o principal símbolo da queda do regime do ex-ditador iraquiano, na verdade foi armada pela unidade de operações psicológicas do Exército norte-americano (PSYOP, na sigla original).
A informação foi publicada pelo jornal "The Los Angeles Times" baseada em informações exclusivas que teriam sido obtidas pelo diário norte-americano junto a um relatório reservado do Exército sobre a atuação dos militares durante a guerra.
A aparente armação dos militares norte-americanos naquele dia já havia sido objeto de reportagens da Folha em abril e agosto de 2003 e consta do livro "Diário de Bagdá - A Guerra do Iraque segundo os Bombardeados" (DBA, 2003), de Sérgio Dávila e Juca Varella, enviados especiais do jornal.
É a primeira vez, no entanto, que um documento oficializa a ação. De acordo com o relatório, foi um coronel dos Fuzileiros Navais quem teve a idéia de derrubar a estátua, e não a população local, como deram a entender as imagens geradas pelas principais emissoras televisivas dos EUA.
A sugestão do militar foi rapidamente encampada pela unidade psicológica, que passou a divulgar o ato em alto-falantes, convocando a população iraquiana a participar. O tiro quase sai pela culatra quando um fuzileiro naval decide colocar uma bandeira norte-americana sobre o rosto de Saddam.
No final, um veículo M-88, conhecido como auxiliar de tanques, dos fuzileiros navais, passou a arrastar o que restava da estátua pelas ruas, mas para que a iniciativa parecesse espontânea e de origem iraquiana, dezenas de crianças locais foram arregimentadas pelo pessoal do PSYOP e convencidas a subir ao veículo.


Texto Anterior: Tática da defesa de Saddam será "paralisar" corte
Próximo Texto: Iraque sob tutela: CIA minimizou dados sobre armamentos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.