São Paulo, sexta-feira, 07 de julho de 2006

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Confrontos em Gaza matam 21 palestinos

Israelense também é morto no primeiro dia de combates corpo-a-corpo; número de mortes é o maior em um dia desde 2004

Ministro do Hamas convoca forças de defesa a resistir à "agressão sionista"; Israel diz que reocupação de Gaza será por tempo limitado

DA REDAÇÃO

No dia mais violento desde o início da ofensiva de Israel em resposta ao seqüestro de um soldado e ao disparo de foguetes contra seu território, ao menos 21 palestinos -seis deles civis- e um militar israelense foram mortos em choques no norte da faixa de Gaza.
O conflito se intensificou depois que as forças israelenses voltaram a ocupar a área correspondente a três assentamentos abandonados na retirada empreendida no ano passado. O objetivo da reocupação é criar uma zona-tampão para impedir o disparo de foguetes por militantes palestinos.
Até agora não houve vítimas devido aos disparos, mas, nesta semana, um Qassam atingiu pela primeira vez uma cidade de porte significativo -Ashkelon, de 115 mil habitantes.
A partir das localidades reocupadas, o Exército de Israel deu início a ataques contra posições de militantes de facções distintas, como o braço armado do Hamas e o Jihad Islâmico. Na cidade palestina de Beit Lahiya, próxima dos antigos assentamentos, houve confronto direto entre as forças israelenses e milícias. Sete palestinos foram mortos.
Em um ataque aéreo nas proximidades da mesma cidade, seis civis palestinos foram mortos, de acordo com testemunhas e médicos locais. O Exército israelense confirmou duas ofensivas na localidade, mas disse que não tinha conhecimento da morte de civis.
O número de palestinos mortos em um único dia foi o maior desde outubro de 2004, quando 16 pessoas morreram em uma incursão israelense no campo de refugiados de Khan Younis. O Ministério da Saúde da Autoridade Nacional Palestina (ANP) disse que, no total, há 55 feridos, incluindo 15 crianças.
As ruas de Beit Lahiya estavam praticamente desertas devido à escalada da violência, com os moradores buscando se esconder do fogo cruzado. O alfaiate Ali Ajrami contou que estava impedido de sair de casa, com um veículo militar israelense estacionado em seu jardim e soldados nos telhados de prédios vizinhos.

Reações
O brigadeiro-general israelense Ido Nehushtan declarou que "não há outra maneira de executar operações contra terroristas que se infiltram na população civil". Amir Peretz, ministro de Defesa de Israel, afirmou que "não vamos afundar no pântano de Gaza, mas vamos entrar em qualquer área necessária para levar a cabo nossas missões".
O ministro palestino do Interior, Saeed Seyam, que pertence ao braço político do Hamas, fez um chamado às forças de segurança, dominadas pelo grupo rival Fatah, para confrontar o que classificou de "covarde agressão sionista".
O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, e o primeiro-ministro palestino, Ismail Hanyieh, pediram à comunidade internacional que intervenha no conflito.
Segundo o ministro da Infra-Estrutura de Israel, Benjamin Ben-Eliezer, não há intenção de voltar a controlar partes da faixa de Gaza indefinidamente. "Nossa presença não significa que desejamos permanecer em Gaza. Nós simplesmente queremos evitar disparos [de foguetes] contra nossas cidades."
Por 18 anos, os israelenses mantiveram uma zona-tampão no sul do Líbano para evitar que militantes lançassem foguetes. Mas a ocupação não deteve os disparos, e muitos morreram durante confrontos na região. Após pressão vinda de vários setores, inclusive da própria população israelense, o Exército se retirou do sul libanês em maio de 2000.

Nações Unidas
Os Estados árabes pediram ao Conselho de Segurança da ONU que exija a saída imediata de Israel da faixa de Gaza. França e Estados Unidos criticaram a proposta.
Forças israelenses operando no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia, tentaram capturar ontem um dos principais líderes das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, Zakaria Zubeidi. Houve troca de tiros e pelo menos dois militantes morreram, mas Zubeidi conseguiu escapar. Outros seis palestinos ficaram feridos na tentativa de captura.


Com agências internacionais

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