São Paulo, segunda-feira, 07 de julho de 2008

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G8 vai condenar Mugabe, afirmam EUA

Segundo Berlim, líderes discutem endurecer sanções após repressão à oposição na campanha eleitoral

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL A HOKKAIDO

O G8, o clube que reúne os sete países mais ricos do mundo e a Rússia, "vai condenar fortemente a legitimidade do governo Robert Mugabe e a sua maneira de governar o Zimbábue", antecipou ontem Denis Wilder, diretor-sênior para a Ásia do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos.
A linha dura foi adotada, na véspera da abertura da cúpula deste ano do G8, também pelo primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, e pela chanceler alemã, Angela Merkel.
Merkel disse que os líderes do G8 vão discutir como endurecer as sanções ao Zimbábue, na esteira das eleições recentes -quando a oposição foi fortemente reprimida na campanha do segundo turno e houve relatos de intimidação. Brown tem sido o campeão no esforço para condenar a violência praticada pelo regime Mugabe.
A situação nesse país africano certamente surgirá em dois outros momentos, além da cúpula do G8 em si. Primeiro, na cúpula do G5 (Brasil, China, Índia, México e África do Sul).
É sintomático que Thabo Mbeki, o presidente sul-africano, tenha viajado diretamente de Harare, a capital do Zimbábue, para o Japão, depois de uma visita controvertida a Mugabe, há 28 anos no poder.
Tão controvertida que o líder oposicionista Morgan Tsvangirai -que venceu o primeiro turno, em março, mas abandonou o segundo ante a violência- recusou-se a participar da reunião com Mbeki e Mugabe, embora convidado. Alegou que, se comparecesse, daria ao ditador uma legitimidade que Tsvangirai não lhe reconhece.
Implicitamente, está dizendo que o sul-africano legitimou o triunfo eleitoral de Mugabe.
Não deixa de ter certa razão, na medida em que Mbeki, após a reunião, disse que "todos os envolvidos deveriam mover-se rapidamente no sentido de achar uma solução [para a crise]". "Todos", como é óbvio, inclui Mugabe, cuja legitimidade está posta em questão no G8.
Para complicar, três dissidentes do partido de Tsvangirai participaram da reunião, o que enfraquece a posição do líder oposicionista e dá a Mugabe mais fôlego para reiterar sua exigência de que a solução da crise passe pelo reconhecimento de sua liderança, o que a maior fatia da oposição nega.

Promessas
Depois do encontro do G5, Mbeki se une aos demais líderes do grupo para uma reunião com o G8, que, à essa altura, já terá decidido (ou não) endurecer o tom contra Mugabe.
O sul-africano aproveitará para reclamar que o G8 descumpre sistematicamente suas promessas de ajuda à África. Na cúpula de 2005, prometera dobrar até 2010 o apoio financeiro aos países africanos, elevando-o a US$ 25 bilhões. Até agora, no entanto, pingou apenas pouco mais de US$ 6 bilhões.


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