São Paulo, quarta-feira, 07 de julho de 2010

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EUA e Israel fazem cúpula para mídia

Reunião entre Obama e Netanyahu foi tentativa de amenizar a percepção de racha entre as duas lideranças

Imprensa foi recebida na Casa Branca para testemunhar as promessas mútuas de união e parceria


ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

O encontro de ontem entre os governantes americano, Barack Obama, e israelense, Binyamin Netanyahu, terminou sem anúncios concretos, mas com promessas de pressão ao Irã e de passos para a retomada do diálogo direto com os palestinos.
Os EUA têm pedido há meses a retomada de conversas diretas com os palestinos, que culpam os israelenses pelo impasse por continuarem a construção nos territórios ocupados.
A reunião entre Obama e Netanyahu, de uma hora e meia, foi uma tentativa de amenizar a percepção de racha entre as lideranças dos dois aliados, e a imprensa foi recebida na Casa Branca para testemunhar promessas mútuas de união e parceria.
"Os relatos de decadência de nossa relação especial não são apenas prematuros, são totalmente errados", disse Netanyahu, que convidou Obama para ir a Israel. "Estou pronto", afirmou o presidente, que insistiu em que o elo dos países é "extraordinário" e "inquebrável".
Este quinto encontro entre os dois foi simbólico e bastante diferente do anterior, quando repórteres e câmeras não foram recebidos na Casa Branca. Na ocasião, em março, o atrito por conta da continuidade de novas construções em assentamentos judaicos era óbvio.
Netanyahu vem sendo pressionado pela maioria conservadora em seu gabinete a não renovar a moratória de construções nos territórios ocupados, que termina em setembro.
Mas o premiê e Obama desconversaram sobre o prazo e pregaram o avanço nas negociações antes de setembro. "Esperamos que as conversas de aproximação levem a conversas diretas", disse Obama.
O principal negociador palestino, Saeb Erekat, disse que as conversas diretas só serão retomadas quando houver paralisação total das construções na Cisjordânia.

GAZA
Obama elogiou o anúncio de Israel de permitir a entrada de mais produtos em Gaza, que segue sob bloqueio.
Netanyahu preferiu destacar como preocupação principal a possibilidade de o Irã adquirir armas nucleares. Ele elogiou as novas sanções dos EUA contra o país e só depois falou sobre o processo de paz com os palestinos.
O presidente americano negou que os EUA tenham mudado de posição ao ter apoiado, em maio, a revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear, que exorta Israel a aderir ao pacto. "Devido ao seu tamanho e às ameaças contra ele, Israel tem requerimentos de segurança únicos", disse.
Internamente, Obama se preocupa com a perda de apoio dos judeus, dois quais 80% votaram nele em 2008, na disputa pelo Congresso, em novembro.


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