São Paulo, segunda-feira, 07 de agosto de 2006

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Guerra no Oriente Médio

Israel sofre baixas recordes no conflito

Hizbollah matou ontem 15 israelenses, maior número num único dia; 14 libaneses foram mortos em ataques israelenses

Em dia em que a cidade de Haifa voltou a ser atacada, o chanceler da Síria afirmou que seu país está pronto para uma guerra regional

MICHEL GAWENDO
DE TEL AVIV

Os ataques do Hizbollah a Israel fizeram ontem o maior número de vítimas em 26 dias de conflito -12 soldados da reserva e três civis-, todos atingidos por foguetes dentro de território israelense. No Líbano, 14 pessoas morreram em ataques israelenses.
A cidade de Haifa voltou a ser alvejada e a Síria instruiu seu Exército a responder de imediato a qualquer ataque de Israel. Os soldados foram atingidos por um foguete em um acampamento na frente do kibutz Kfar Giladi, nas montanhas ao lado de Kiryat Shemone. Apesar da sirene de alerta, eles não procuraram abrigo. Alguns dos mortos haviam recebido a ordem de apresentação anteontem. Também foram atingidas durante o dia as cidades de Nahariya, Tzfat, Rosh Pina, Shlomi, Carmiel e comunidades nas colinas de Golã. Cerca de 1 milhão de israelenses passaram mais um dia em abrigos subterrâneos.
Haifa, a terceira maior cidade de Israel, a 30 km da fronteira, voltou a ser atingida ontem, depois de seis dias sem ser alvo de foguetes. Nesse período, muitos moradores voltaram para a cidade. Foram lançados pelo menos 29 foguetes no início da noite. As três pessoas morreram quando um casarão no bairro antigo, onde a maioria dos moradores é árabe, foi atingido e desabou. Outras 40 ficaram feridas, muitas delas presas nos escombros.
O Hizbollah disse que usou foguetes Raad 2 no ataque. A polícia israelense informou que eles continham 45 kg de explosivos e bolas de metal para maximizar o número de vítimas. O Exército de Israel afirmou que destruiu o lançador dos foguetes que atingiram Haifa logo depois dos disparos.
Os militares estimam que o Hizbollah desistiu de esconder os locais dos disparos e passou a fazer ataques concentrados em curto espaço de tempo, para causar o maior número de vítimas antes do cessar-fogo, mesmo ao custo de ter os lançadores bombardeados por caças de Israel. Pelo menos outros seis pontos residenciais de Haifa foram bombardeados.Um foguete caiu perto do templo bahai e provocou queda da eletricidade na região nobre da cidade, no Monte Carmel. Ao todo, cem pessoas foram feridas, segundo a Estrela de Davi Vermelha -correspondente em Israel da Cruz Vermelha. Desde o começo do conflito, 58 soldados e 36 civis israelenses foram mortos por foguetes do Hizbollah.

Pronta
O ministro do Exterior da Síria, Walid Moallem, reuniu-se em Beirute com o chanceler libanês, Fawzi Salloukh. Moallem disse, depois, que "a Síria está pronta para uma possível guerra regional se a agressão israelense continuar".
Moallem fez a declaração um dias depois que pelo menos 38 cidadãos sírios foram mortos em um bombardeio israelense contra um armazém de frutas e legumes perto da fronteira com a Síria. "Se Israel atacar a Síria por qualquer meio, nossa liderança ordenou às Forças Armadas responderem imediatamente", disse o ministro sírio.
Depois, em entrevista a canais árabes de televisão, ele disse que está disposto a "tornar-se um soldado de Hassan Nasrallah", o líder do Hizbollah.

Combates
As unidades de infantaria e pára-quedistas israelenses completaram ontem a invasão da zona de exclusão de 6 km no sul do Líbano, o que não impediu o Hizbollah de seguir disparando foguetes dessa região e enfrentando tropas de israel.
Pelo menos cinco militares de Israel foram feridos ontem. Os israelenses disseram que mataram dez membros do Hizbollah. Israel afirma também ter capturado um dos milicianos que participaram do seqüestro dos dois soldados em 12 de julho, no episódio que desencadeou o conflito. Ele estaria sendo interrogado.
Israel estima ter matado até agora mais de 300 dos mil combatentes da força regular do Hizbollah. O grupo admite 52 baixas, e o governo libanês fala em 90 guerrilheiros mortos.

Araques de Israel
Israel bombardeou ontem pela primeira vez a região de Sidon, de onde teriam sido lançados os foguetes de longo alcance que atingiram a cidade de Hadera, anteontem, a 49 km de Tel Aviv. A Força Aérea disse que despejou panfletos ordenando a população civil a deixar a área.
Bombardeios de Israel contra uma caminhonete que viajava perto de um comboio da ONU na região de Tiro mataram dois civis. O Exército israelense informou que detectou diversas explosões no carro depois do ataque, indicando que carregava armas. A força aérea atacou também outras áreas ao redor de Tiro, e um civil morreu, de acordo com autoridades libanesas.
Casas de líderes do Hizbollah e escritórios do grupo, segundo Israel, voltaram a ser bombardeadas nos subúrbios xiitas ao sul de Beirute. O vale do Bekaa também foi atingido pelos caças. Tropas da ONU no sul do Líbano disseram que um morteiro disparado pelo Hizbollah feriu três chineses da força internacional.
Segundo o Ministério da Saúde do Líbano, 497 civis e 28 soldados libaneses já morreram em ataques de Israel.


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