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Estratégia de Israel permite contra-ataque
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Por que ainda chovem
foguetes no norte de Israel? Por que as mais poderosas Forças Armadas
do Oriente Médio não
conseguem impedir que
uma de suas maiores cidades seja alvo de armas
pouco sofisticadas? A resposta está no que poderia
ser chamado de "americanização" da estratégia israelense.
Resumindo: Israel entrou nessa campanha
achando que a aviação
bastava para eliminar a
ameaça dos foguetes e
mísseis do Hizbollah. Não
bastou. Teria sido preciso
um avanço de tropas a
uma maior distância da
fronteira, o que não foi feito por motivos políticos.
Israel ocupou o sul do
Líbano de 1982 a 2000.
Suas tropas sofriam um
desgaste constante das
guerrilhas do grupo radical islâmico. Assim como
aconteceu com os EUA depois da intervenção no
Vietnã (1965-1973), os políticos e militares queriam
diminuir o número de baixas de militares e usar a
aviação foi a "solução".
A Força Aérea de Israel
afirma ter destruído a
maior parte dos mísseis de
maior alcance, mas visíveis e vulneráveis.
Já os velhos foguetes
russos Katyusha continuam sendo lançados às
dezenas a cada dia. São
simples de usar, de disparo
rápido e, ainda mais importante, fáceis de ocultar.
Os foguetes Katyusha ficam em cima de um caminhão. Os terroristas disparam e fogem, mal dando
tempo para os chamados
radares de "contrabateria"
israelense localizarem-nos. Qualquer garagem
maiorzinha pode abrigar
um veículo desses.
Tantos os foguetes dos
terroristas islâmicos como
os canhões israelenses
têm alcance relativamente
pequeno, entre 20 km e 40
km. Isto é, bastaria fazer o
Exército de Israel avançar
essa distância no sul do Líbano para impedir o lançamento dos Katyushas, que
teriam de fugir mais ao
norte.
Mas isso não foi feito para não carregar o risco e o
ônus da ocupação de território libanês. A estratégia
parece estar sendo revertida com os novos avanços
agora anunciados.
Reduzida a ameaça dos
Katyushas, restariam os
foguetes de maior alcance,
mais fáceis de achar e mais
vulneráveis a antimísseis.
O Hizbollah tem uma
"vantagem". Precisa bombardear Israel ao acaso, já
que seu objetivo é matar
israelenses, civis ou militares. Seus foguetes e mísseis dispensam precisão.
Já os israelenses querem destruir os lançadores dos terroristas, mas
atingi-los exige armas de
precisão. Na falta delas,
opta-se por um bombardeio intenso -aumentando o risco de matar civis.
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