São Paulo, segunda-feira, 07 de agosto de 2006

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Estratégia de Israel permite contra-ataque

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Por que ainda chovem foguetes no norte de Israel? Por que as mais poderosas Forças Armadas do Oriente Médio não conseguem impedir que uma de suas maiores cidades seja alvo de armas pouco sofisticadas? A resposta está no que poderia ser chamado de "americanização" da estratégia israelense.
Resumindo: Israel entrou nessa campanha achando que a aviação bastava para eliminar a ameaça dos foguetes e mísseis do Hizbollah. Não bastou. Teria sido preciso um avanço de tropas a uma maior distância da fronteira, o que não foi feito por motivos políticos.
Israel ocupou o sul do Líbano de 1982 a 2000. Suas tropas sofriam um desgaste constante das guerrilhas do grupo radical islâmico. Assim como aconteceu com os EUA depois da intervenção no Vietnã (1965-1973), os políticos e militares queriam diminuir o número de baixas de militares e usar a aviação foi a "solução".
A Força Aérea de Israel afirma ter destruído a maior parte dos mísseis de maior alcance, mas visíveis e vulneráveis.
Já os velhos foguetes russos Katyusha continuam sendo lançados às dezenas a cada dia. São simples de usar, de disparo rápido e, ainda mais importante, fáceis de ocultar.
Os foguetes Katyusha ficam em cima de um caminhão. Os terroristas disparam e fogem, mal dando tempo para os chamados radares de "contrabateria" israelense localizarem-nos. Qualquer garagem maiorzinha pode abrigar um veículo desses.
Tantos os foguetes dos terroristas islâmicos como os canhões israelenses têm alcance relativamente pequeno, entre 20 km e 40 km. Isto é, bastaria fazer o Exército de Israel avançar essa distância no sul do Líbano para impedir o lançamento dos Katyushas, que teriam de fugir mais ao norte.
Mas isso não foi feito para não carregar o risco e o ônus da ocupação de território libanês. A estratégia parece estar sendo revertida com os novos avanços agora anunciados.
Reduzida a ameaça dos Katyushas, restariam os foguetes de maior alcance, mais fáceis de achar e mais vulneráveis a antimísseis.
O Hizbollah tem uma "vantagem". Precisa bombardear Israel ao acaso, já que seu objetivo é matar israelenses, civis ou militares. Seus foguetes e mísseis dispensam precisão.
Já os israelenses querem destruir os lançadores dos terroristas, mas atingi-los exige armas de precisão. Na falta delas, opta-se por um bombardeio intenso -aumentando o risco de matar civis.


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