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Otan envia caças para interceptar aviões da Rússia
Encontro de aeronaves britânicas e norueguesas com as russas, sobre o mar de Barents, foi considerada "normal"
Rotineiros durante a Guerra Fria, vôos ditos estratégicos foram retomados por Moscou como parte de política externa de Putin
DA REDAÇÃO
O Reino Unido e a Noruega
mobilizaram ontem seis caças
para interceptar oito bombardeiros russos que sobrevoavam
o mar de Barents, no norte da
Noruega.
Seguidos por dois F-16 noruegueses sobre Barents, os oito Tupolevs russos tiveram
também companhia de quatro
Tornados britânicos quando,
de acordo com o Ministério da
Defesa do Reino Unido, entraram em espaço aéreo da Otan
(aliança militar ocidental, da
qual fazem parte a Noruega e o
Reino Unido).
Os bombardeiros russos depois alteraram seu curso, em
direção ao espaço sobre águas
internacionais, no Atlântico.
Autoridades britânicas informaram que seus aviões decolaram de North Yorkshire e que
os russos não chegaram a invadir o espaço aéreo do Reino
Unido.
O evento, considerado tanto
por autoridades norueguesas
como britânicas algo "normal",
reedita rotina da Guerra Fria.
Esses vôos, chamados estratégicos, eram prática comum
naquele período e foram ressuscitados oficialmente pelo
presidente da Rússia, Vladimir
Putin, no mês passado.
No último dia 18 de agosto,
em um discurso nos montes
Urais, Putin afirmou que a patrulha aérea de longa distância
com bombardeiros estava sendo retomada por Moscou, pois
sua interrupção após o fim da
União Soviética estava afetando a segurança nacional.
"Outros países" continuavam a fazer tais vôos, disse então o presidente russo.
"A retomada dos vôos de longa distância é algo a que os russos têm direito", disse ontem à
rede britânica BBC um porta-voz do Ministério da Defesa do
Reino Unido cujo nome não foi
revelado.
Os noruegueses também não
viram uma ameaça nesses vôos,
mas "um sinal de que os russos
querem ser levados a sério pelo
Ocidente", conforme disse à
Associated Press o vice-ministro da Defesa do país, Espen
Barth Eide.
A resposta da Otan, com seus
caças, também foi considerada
padrão. "Não há nada de controverso sobre isso", declarou
James Appathurai, porta-voz
da aliança militar.
Sorrisos
O primeiro desses recentes
vôos dos "ursos" -como são
chamados pela Otan os bombardeiros Tupolev- a atrair
atenção internacional ocorreu
em 9 de agosto. Naquele dia,
dois dos aviões chegaram perto
de Guam, ilha do Pacífico em
que mais de 22 mil militares estavam fazendo exercícios em
uma base dos EUA.
Segundo relatou então o general russo Pavel Androsov, caças americanos decolaram ao
detectar os bombardeiros, e os
pilotos das aeronaves "trocaram sorrisos".
Essas demonstrações de poder militar pelos russos inscrevem-se numa política externa
mais agressiva adotada ultimamente, sob Putin. Faz também
parte dela, por exemplo, uma
expedição submarina que, no
início do mês passado, fincou
uma bandeira do país no subsolo marítimo do Ártico, porção
de território que a Rússia reivindica para si.
"Tendo saído de um período
em que tinham poucos recursos, desde o fim da Guerra Fria,
os russos estão ressurgindo militarmente, tentando recuperar
terreno", disse à Associated
Press Paul Smyth, membro do
Royal United Services Institute
-instituto britânico fundado
em 1831 e dedicado a pesquisar
e discutir assuntos relacionados a defesa e segurança nacionais e internacionais.
Com agências internacionais
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