São Paulo, sexta-feira, 07 de setembro de 2007

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Otan envia caças para interceptar aviões da Rússia

Encontro de aeronaves britânicas e norueguesas com as russas, sobre o mar de Barents, foi considerada "normal"

Rotineiros durante a Guerra Fria, vôos ditos estratégicos foram retomados por Moscou como parte de política externa de Putin

DA REDAÇÃO

O Reino Unido e a Noruega mobilizaram ontem seis caças para interceptar oito bombardeiros russos que sobrevoavam o mar de Barents, no norte da Noruega.
Seguidos por dois F-16 noruegueses sobre Barents, os oito Tupolevs russos tiveram também companhia de quatro Tornados britânicos quando, de acordo com o Ministério da Defesa do Reino Unido, entraram em espaço aéreo da Otan (aliança militar ocidental, da qual fazem parte a Noruega e o Reino Unido).
Os bombardeiros russos depois alteraram seu curso, em direção ao espaço sobre águas internacionais, no Atlântico. Autoridades britânicas informaram que seus aviões decolaram de North Yorkshire e que os russos não chegaram a invadir o espaço aéreo do Reino Unido.
O evento, considerado tanto por autoridades norueguesas como britânicas algo "normal", reedita rotina da Guerra Fria.
Esses vôos, chamados estratégicos, eram prática comum naquele período e foram ressuscitados oficialmente pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, no mês passado.
No último dia 18 de agosto, em um discurso nos montes Urais, Putin afirmou que a patrulha aérea de longa distância com bombardeiros estava sendo retomada por Moscou, pois sua interrupção após o fim da União Soviética estava afetando a segurança nacional.
"Outros países" continuavam a fazer tais vôos, disse então o presidente russo.
"A retomada dos vôos de longa distância é algo a que os russos têm direito", disse ontem à rede britânica BBC um porta-voz do Ministério da Defesa do Reino Unido cujo nome não foi revelado.
Os noruegueses também não viram uma ameaça nesses vôos, mas "um sinal de que os russos querem ser levados a sério pelo Ocidente", conforme disse à Associated Press o vice-ministro da Defesa do país, Espen Barth Eide.
A resposta da Otan, com seus caças, também foi considerada padrão. "Não há nada de controverso sobre isso", declarou James Appathurai, porta-voz da aliança militar.

Sorrisos
O primeiro desses recentes vôos dos "ursos" -como são chamados pela Otan os bombardeiros Tupolev- a atrair atenção internacional ocorreu em 9 de agosto. Naquele dia, dois dos aviões chegaram perto de Guam, ilha do Pacífico em que mais de 22 mil militares estavam fazendo exercícios em uma base dos EUA.
Segundo relatou então o general russo Pavel Androsov, caças americanos decolaram ao detectar os bombardeiros, e os pilotos das aeronaves "trocaram sorrisos".
Essas demonstrações de poder militar pelos russos inscrevem-se numa política externa mais agressiva adotada ultimamente, sob Putin. Faz também parte dela, por exemplo, uma expedição submarina que, no início do mês passado, fincou uma bandeira do país no subsolo marítimo do Ártico, porção de território que a Rússia reivindica para si.
"Tendo saído de um período em que tinham poucos recursos, desde o fim da Guerra Fria, os russos estão ressurgindo militarmente, tentando recuperar terreno", disse à Associated Press Paul Smyth, membro do Royal United Services Institute -instituto britânico fundado em 1831 e dedicado a pesquisar e discutir assuntos relacionados a defesa e segurança nacionais e internacionais.


Com agências internacionais


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