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Israel aprova mais colônias, mas crê em acordo com EUA
Netanyahu quer acordar paralisação da expansão na Cisjordânia nesta semana, diz jornal
Governo israelense anuncia antes, porém, autorização para novas construções na região, maior entrave para retomar negociações de paz
DA REDAÇÃO
O premiê de Israel, Binyamin
Netanyahu, disse ontem em
reunião ministerial que deverá
selar nesta semana um acordo
com os EUA sobre os assentamentos judaicos na Cisjordânia, principal entrave para a retomada das conversas de paz
com os palestinos, informou o
jornal israelense "Haaretz".
Paralelamente, porém, o Ministério da Defesa israelense
confirmou que autorizará até
amanhã a construção de "450 a
500" novas edificações no território palestino.
As medidas fazem parte da
estratégia do premiê israelense
de atender às exigências do governo Barack Obama de um
congelamento total da construção de novos assentamentos na
Cisjordânia, mas também acenar a alas mais à direita do seu
gabinete ao autorizar as construções antes da paralisação.
Segundo o jornal israelense,
Netanyahu disse aos ministros
do Likud -partido do premiê e
principal sigla do governo direitista- que pretende finalizar o pacto com os EUA durante a viagem a Israel prevista para esta semana do enviado especial americano para o Oriente Médio, George Mitchell.
O congelamento total das colônias na Cisjordânia é uma
condição da ANP (Autoridade
Nacional Palestina) e dos EUA
para a retomada das negociações de paz, emperradas desde
2008, e para a viabilização de
um Estado palestino -norte
das conversas desde os Acordos
de Paz de Oslo, em 1993, e ao
qual o premiê de Israel opõe-se.
A recusa inicial de Netanyahu em aceitar o congelamento
gerou o pior momento das relações com os EUA em décadas.
Membros do governo israelense disseram que, na reunião,
o premiê inclusive mostrou o
documento contendo os pontos já acertados com os EUA. O
texto não utiliza, porém, o termo "congelamento", e sim "redução da escala de construção".
O vice-premiê e ministro do
Interior israelense, Eli Yishai
-do partido ultraortodoxo
Shas-, disse ontem que um
eventual congelamento das colônias é um "atraso estratégico", deixando em aberto a possibilidade da retomada das
construções mais à frente.
Na última quinta, uma TV israelense anunciara que Netanyahu havia cedido às pressões
americanas e aceitado paralisar
a expansão dos assentamentos
por nove meses, mas afetaria
apenas novos conjuntos habitacionais, não os já em construção. Em troca, seriam abertas
representações comerciais em
países de maioria muçulmana.
Estima-se que vivam na Cisjordânia hoje cerca de 300 mil
colonos israelenses -que resistem a iniciativas do governo em
interromper a expansão dos assentamentos- entre os cerca
de 2,5 milhões de palestinos.
Na última sexta, o vazamento
da informação de que Israel autorizaria a nova leva de assentamentos motivou uma série de
críticas da ANP, dos EUA e da
União Europeia. O porta-voz da
Casa Branca, Robert Gibbs, disse que a medida é "ilegítima".
Para Mahmoud Abbas, presidente da ANP, é "inaceitável".
Segundo membros do governo israelense, no entanto, a Casa Branca já fora informada da
iniciativa, que contém ainda
polêmicas novas construções
em Jerusalém Oriental -que
ficaria fora do congelamento.
Projetos israelenses preveem o isolamento da cidade
das regiões palestinas e de um
futuro Estado palestino, do
qual os palestinos exigem que
Jerusalém seja a capital.
O negociador-chefe palestino, Saeb Erekat, disse ontem
que novas construções "comprometem os esforços para reviver o processo de paz". Abbas
disse que um eventual primeiro
encontro com Netanyahu, na
Assembleia Geral da ONU neste mês, será inútil caso a expansão das colônias continue.
Com agências internacionais
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