São Paulo, segunda-feira, 07 de setembro de 2009

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Israel aprova mais colônias, mas crê em acordo com EUA

Netanyahu quer acordar paralisação da expansão na Cisjordânia nesta semana, diz jornal

Governo israelense anuncia antes, porém, autorização para novas construções na região, maior entrave para retomar negociações de paz

DA REDAÇÃO

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, disse ontem em reunião ministerial que deverá selar nesta semana um acordo com os EUA sobre os assentamentos judaicos na Cisjordânia, principal entrave para a retomada das conversas de paz com os palestinos, informou o jornal israelense "Haaretz".
Paralelamente, porém, o Ministério da Defesa israelense confirmou que autorizará até amanhã a construção de "450 a 500" novas edificações no território palestino.
As medidas fazem parte da estratégia do premiê israelense de atender às exigências do governo Barack Obama de um congelamento total da construção de novos assentamentos na Cisjordânia, mas também acenar a alas mais à direita do seu gabinete ao autorizar as construções antes da paralisação.
Segundo o jornal israelense, Netanyahu disse aos ministros do Likud -partido do premiê e principal sigla do governo direitista- que pretende finalizar o pacto com os EUA durante a viagem a Israel prevista para esta semana do enviado especial americano para o Oriente Médio, George Mitchell.
O congelamento total das colônias na Cisjordânia é uma condição da ANP (Autoridade Nacional Palestina) e dos EUA para a retomada das negociações de paz, emperradas desde 2008, e para a viabilização de um Estado palestino -norte das conversas desde os Acordos de Paz de Oslo, em 1993, e ao qual o premiê de Israel opõe-se.
A recusa inicial de Netanyahu em aceitar o congelamento gerou o pior momento das relações com os EUA em décadas.
Membros do governo israelense disseram que, na reunião, o premiê inclusive mostrou o documento contendo os pontos já acertados com os EUA. O texto não utiliza, porém, o termo "congelamento", e sim "redução da escala de construção".
O vice-premiê e ministro do Interior israelense, Eli Yishai -do partido ultraortodoxo Shas-, disse ontem que um eventual congelamento das colônias é um "atraso estratégico", deixando em aberto a possibilidade da retomada das construções mais à frente.
Na última quinta, uma TV israelense anunciara que Netanyahu havia cedido às pressões americanas e aceitado paralisar a expansão dos assentamentos por nove meses, mas afetaria apenas novos conjuntos habitacionais, não os já em construção. Em troca, seriam abertas representações comerciais em países de maioria muçulmana.
Estima-se que vivam na Cisjordânia hoje cerca de 300 mil colonos israelenses -que resistem a iniciativas do governo em interromper a expansão dos assentamentos- entre os cerca de 2,5 milhões de palestinos.
Na última sexta, o vazamento da informação de que Israel autorizaria a nova leva de assentamentos motivou uma série de críticas da ANP, dos EUA e da União Europeia. O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que a medida é "ilegítima". Para Mahmoud Abbas, presidente da ANP, é "inaceitável".
Segundo membros do governo israelense, no entanto, a Casa Branca já fora informada da iniciativa, que contém ainda polêmicas novas construções em Jerusalém Oriental -que ficaria fora do congelamento.
Projetos israelenses preveem o isolamento da cidade das regiões palestinas e de um futuro Estado palestino, do qual os palestinos exigem que Jerusalém seja a capital.
O negociador-chefe palestino, Saeb Erekat, disse ontem que novas construções "comprometem os esforços para reviver o processo de paz". Abbas disse que um eventual primeiro encontro com Netanyahu, na Assembleia Geral da ONU neste mês, será inútil caso a expansão das colônias continue.


Com agências internacionais


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