São Paulo, terça-feira, 07 de setembro de 2010

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Sanções da ONU são inócuas contra Irã

Agência de energia atômica afirma que produção de urânio enriquecido pelo país persa cresceu 15% desde maio

Documento diz ainda que ao menos 22 kg são enriquecidos a 20%, patamar ideal para combustível de reatores


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A produção pelo Irã de urânio enriquecido a níveis baixos, primeiro passo para uso em uma bomba nuclear, cresceu 15% desde maio, atingindo 2,8 toneladas. A informação está em relatório da agência nuclear da ONU sobre o país persa. Maio foi quando o Irã sofreu uma quarta rodada de sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas destinadas justamente a atrasar seu programa nuclear.
Os iranianos sustentam que a tecnologia nuclear será utilizada apenas para fins energéticos e médicos.
De acordo com a AIEA (Agência Internacional de Energia), responsável pelo documento, o Irã, desde fevereiro de 2007, produziu 2.803 kg de urânio pouco enriquecido, com pureza inferior a 5%, na usina de Natanz (centro do país).
Dessa reserva armazenada, cerca de 310 kg foram usados para produzir ao menos 22 kg de urânio enriquecido a 20%, patamar considerado ideal para servir como combustível de reatores. A AIEA diz que a mudança significa maior domínio do processamento de urânio. O risco de fabricação de uma bomba nuclear, que exige enriquecimento a 90%, aumentou, conclui a agência.
Nas últimas semanas, altos funcionários do governo Obama vêm se mostrando preocupados com o avanço das pretensões iranianas.
Como creem que o Irã do presidente Mahmoud Ahmadinejad leve ao menos um ano para transformar suas reservas em armas nucleares, haveria tempo suficiente para uma reação militar.

REAÇÃO AMERICANA
"O relatório é perturbador", disse o porta-voz da Casa Branca Tommy Vietor. O relatório também destaca que as autoridades iranianas expulsaram do país dois dos seus mais experientes agentes de fiscalização, além de se recusarem, desde agosto de 2008, a responder indagações sobre a aplicação da tecnologia nuclear em equipamentos militares.
Os iranianos alegam ter direito de recusar a presença no país de agentes em que não confiem.
"O Irã não oferece a cooperação necessária para permitir ao organismo confirmar que todos os materiais nucleares do país são destinados para atividades pacíficas", lamentou o diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano. O governo iraniano rebateu. "O relatório deixa claro que todas as atividades nucleares, particularmente o enriquecimento, estão sob supervisão da agência", disse Ali Asghar Soltanieh, representante do Irã na AIEA.
Na última sexta, o Japão, seguiu EUA e União Europeia e aprovou novas sanções contra o Irã. Entre as medidas está o congelamento de ativos vinculados ao desenvolvimento atômico do país.

Veja como funciona o enriquecimento de urânio

folha.com.br/mu794912


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