São Paulo, quarta-feira, 07 de setembro de 2011

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Turquia afirma que o ex-aliado Israel é 'criança mimada'

Premiê turco congela compra de armas após recusa israelense em pedir desculpa por morte de ativistas

Crise foi deflagrada por relatório da ONU que critica Israel por ataque contra navios humanitários em 2010

Uriel Sinai/Reuters
Lancha israelense cerca navio que tentava chegar em Gaza

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A Turquia congelou ontem o comércio militar com Israel e o acusou de agir como "criança mimada" por rejeitar pedir desculpas pela morte de nove turcos numa ação contra um comboio de navios humanitários em 2010.
O governo turco também anunciou o reforço da presença de sua marinha de guerra no Mediterrâneo, gerando temores de escalada militar. As manobras turcas, anunciadas pelo premiê Recep Tayyip Erdogan, acentuam a crise bilateral entre países tidos até pouco tempo atrás como aliados estratégicos.
Os EUA se disseram ontem preocupados com a situação. A crise eclodiu após a publicação, na quinta-feira, do relatório final da ONU sobre o ataque da Marinha israelense contra seis navios que pretendiam furar o bloqueio naval imposto por Israel à faixa de Gaza, território controlado pelo grupo islâmico radical Hamas desde 2007.
O esperado documento, divulgado após longas consultas bilaterais, conclui que o bloqueio a Gaza é justificado, mas que Israel usou força "excessiva" e "não razoável" contra os tripulantes que levavam mantimentos a Gaza.
No texto, a ONU incentiva Israel a emitir "uma declaração adequada de pesar" pelo ataque e estabelece indenização às famílias dos oito turcos e do americano de origem turca que morreram na ação.
Após a publicação do texto, a Turquia expulsou o embaixador do Estado judaico. Israel se recusa a pedir desculpas sob pretexto de que a ação foi em legítima defesa, já que o comboio visava romper um bloqueio a Gaza tido como crucial para manter o isolamento do Hamas.
O governo israelense também afirma que seus soldados atiraram porque foram agredidos pelos ativistas com paus, facas e uma arma de fogo ao abordarem os navios.

ISOLAMENTO
Com o distanciamento turco, fica suspensa a venda de equipamentos aeronáuticos de Israel para a Turquia avaliados em quase US$ 1 bilhão.
Além do prejuízo comercial, a irritação turca também ameaça privar Israel de um raro interlocutor numa região dominada por governos que sequer reconhecem a existência do Estado judaico.
A Turquia é uma das maiores potências políticas e econômicas do Oriente Médio e um dos únicos países de maioria islâmica na Otan (aliança militar ocidental).
A Turquia também abriga gasodutos e oleodutos cruciais para a Europa. A tensão pode aumentar com os planos do premiê turco Erdogan de visitar a faixa de Gaza na próxima semana. Caso aconteça, a visita a Gaza seria uma afronta a Israel, que tem tentado colocar panos quentes para evitar uma escalada na crise.


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