São Paulo, sexta-feira, 07 de outubro de 2005

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GUERRA SEM LIMITES

Em discurso, o presidente dos EUA diz que radicais islâmicos estão tentando "escravizar nações"

Para Bush, extremistas buscam "império"

DA REDAÇÃO

Em discurso proferido ontem em Washington, o presidente dos EUA, George W. Bush, reafirmou sua intenção de manter as tropas americanas no Iraque, em campanha no que chama de luta contra o terrorismo, e disse que muçulmanos radicais querem fundar um império intercontinental.
Para Bush, extremistas islâmicos estão tentando "escravizar nações inteiras e intimidar o mundo" e fizeram do Iraque seu principal campo de batalha na "luta contra a civilização". Isso, disse, é um motivo pessoal para não tirar os soldados americanos do país.
O presidente dos EUA, que tem enfrentado baixos índices de popularidade há meses em parte devido à sua incapacidade de impedir a morte de soldados americanos em confrontos diários no Iraque, ressaltou, no entanto, que as dificuldades na luta contra o terror não devem ser subestimadas. Disse ainda que "o ódio dos radicais existe desde antes de o Iraque ser um problema".
"Os militantes acreditam que, controlando um país [o Iraque], terão o apoio das massas muçulmanas, o que lhes permitiria derrubar todos os governos moderados da região e estabelecer um império islâmico radical da Espanha à Indonésia", disse George W. Bush. "Contra tal inimigo", emendou, "há apenas uma resposta efetiva: nós nunca recuaremos, nunca desistiremos e nunca aceitaremos nada que não seja a vitória completa".
Bush afirmou ainda que os radicais muçulmanos são auxiliados por redes de corruptos que lhes enviam dinheiro: "Nações como Síria e Irã têm um longo histórico de colaboração com terroristas e elas não merecem paciência por parte das vítimas do terrorismo".
Houve ainda chance para comparar o radicalismo islâmico com a ideologia comunista, que são "elitistas, liderados por uma auto-intitulada vanguarda que tem a pretensão de falar pelas massas".
Sobre o terrorista Osama bin Laden, o líder da rede Al Qaeda, Bush disse "que cresceu em berço de ouro" e "acha bom para os muçulmanos pobres que eles se tornem assassinos e suicidas. Ele diz que se trata do caminho para o paraíso, mas nunca se oferece para percorrer esse caminho".

11 de Setembro
O presidente Bush disse ainda em seu discurso, proferido no National Endowment for Democracy -instituição não-governamental que se define como uma "organização para fortalecer instituições democráticas no mundo"-, que, logo após os atentados de 11 de setembro de 2001, três ataques terroristas aos EUA, planejados pela Al Qaeda, foram frustrados. O mesmo aconteceu com sete tentativas de atentado em outros países, segundo ele.
À crítica de que a presença de tropas americanas no Iraque está fomentando as manifestações violentas Bush respondeu que os soldados não estavam lá no 11 de Setembro. E disse também que, apesar de a Rússia não haver apoiado a invasão do Iraque, um atentado em Beslan deixou mais de 300 mortos, incluindo muitas crianças, há cerca de um ano.

Deus
Segundo declaração do ministro da Informação da Autoridade Nacional Palestina, Nabil Shaath, divulgada ontem num excerto da série "Israel and the Arabs" (Israel e os árabes), da rede de TV britânica BBC, Bush disse que Deus lhe pediu que invadisse o Iraque e o Afeganistão, além de promover a paz no Oriente Médio.
Shaath contou à BBC o que Bush teria dito, em reunião com ele e o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, em junho de 2003.
O porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, disse que Bush "nunca fez tais comentários".


Com agências internacionais

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