São Paulo, sexta-feira, 07 de outubro de 2005

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AMÉRICAS

Para vice-secretário de Estado, 5 países estão ameaçados

EUA pedem ajuda do Brasil para assegurar democracia na região

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os EUA querem a ajuda do Brasil para garantir a democracia nos países da América Latina em que os princípios democráticos estão sob ameaça. O vice-secretário de Estado dos EUA, Robert Zoellick, disse ontem que a Bolívia, o Equador, a Venezuela, o Haiti e a Nicarágua são países cuja democracia está em risco.
Ele aproveitou para fazer várias críticas ao presidente venezuelano, Hugo Chávez. "Estamos preocupados que Chávez use sua posição eleitoral para minar as instituições da democracia, como as ONGs, os partidos de oposição, os tribunais e o Banco Central", disse o vice da secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice.
A proposta trazida pelo emissário americano a Brasília é utilizar a OEA (Organização dos Estados Americanos) e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para assegurar a manutenção das instituições democráticas e a inclusão social e econômica.
Na visita de um dia ao Brasil, Zoellick esteve reunido com os ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Celso Amorim (Relações Exteriores), o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP) e o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia.
"Essa viagem é para consultar, plantar sementes de idéias", disse.
Segundo Zoellick, os países da região precisam estar atentos ao populismo. "O populismo tem atrativas mensagens, mas pode desapontar e ser destrutivo. Chávez é parte disso de um lado, e Fujimori, de outro", disse ele.
Para Zoellick, o sistema político venezuelano fracassou porque não soube corresponder às aspirações da população. Ele acrescentou que a Venezuela tem se baseado nos recursos provenientes do petróleo para fazer alianças na região. "Mas, quando os preços do petróleo caírem, a Venezuela vai estar em posição difícil."
Questionado sobre as declarações de Luiz Inácio Lula da Silva sobre Chávez -o presidente disse que "há excesso de democracia na Venezuela"-, Zoellick respondeu ironicamente: "Não sei o que ele quis dizer com isso".
Zoellick disse que a questão da democracia não tem relação com tendências políticas e citou o presidente Lula como exemplo. Ele declarou que Lula é de centro-esquerda e, por diversas vezes, perdeu a disputa para a Presidência. "Mas sempre esteve do lado da democracia. Nós sabemos de países em que houve revolução."
"O que espero é ter uma melhor discussão com os países que são comprometidos com a democracia. Eles precisam ajudar mais aqueles cujas instituições são frágeis para sustentar a democracia. Não adianta só ter eleições. Faz parte da democracia o processo de constituição das instituições", afirmou Zoellick, que, ontem, foi declarado "persona non grata" pelo governo da cidade de Manágua, por "interferir" nos assuntos internos da Nicarágua.
A proposta americana deve ser discutida na visita que o presidente George W. Bush fará ao Brasil.


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