|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AMÉRICAS
Para vice-secretário de Estado, 5 países estão ameaçados
EUA pedem ajuda do Brasil para assegurar democracia na região
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os EUA querem a ajuda do Brasil para garantir a democracia nos
países da América Latina em que
os princípios democráticos estão
sob ameaça. O vice-secretário de
Estado dos EUA, Robert Zoellick,
disse ontem que a Bolívia, o Equador, a Venezuela, o Haiti e a Nicarágua são países cuja democracia
está em risco.
Ele aproveitou para fazer várias
críticas ao presidente venezuelano, Hugo Chávez. "Estamos preocupados que Chávez use sua posição eleitoral para minar as instituições da democracia, como as
ONGs, os partidos de oposição, os
tribunais e o Banco Central", disse o vice da secretária de Estado
dos EUA, Condoleezza Rice.
A proposta trazida pelo emissário americano a Brasília é utilizar
a OEA (Organização dos Estados
Americanos) e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento)
para assegurar a manutenção das
instituições democráticas e a inclusão social e econômica.
Na visita de um dia ao Brasil,
Zoellick esteve reunido com os
ministros Antonio Palocci Filho
(Fazenda) e Celso Amorim (Relações Exteriores), o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP) e o assessor especial da
Presidência Marco Aurélio Garcia.
"Essa viagem é para consultar,
plantar sementes de idéias", disse.
Segundo Zoellick, os países da
região precisam estar atentos ao
populismo. "O populismo tem
atrativas mensagens, mas pode
desapontar e ser destrutivo. Chávez é parte disso de um lado, e Fujimori, de outro", disse ele.
Para Zoellick, o sistema político
venezuelano fracassou porque
não soube corresponder às aspirações da população. Ele acrescentou que a Venezuela tem se
baseado nos recursos provenientes do petróleo para fazer alianças
na região. "Mas, quando os preços do petróleo caírem, a Venezuela vai estar em posição difícil."
Questionado sobre as declarações de Luiz Inácio Lula da Silva
sobre Chávez -o presidente disse que "há excesso de democracia
na Venezuela"-, Zoellick respondeu ironicamente: "Não sei o
que ele quis dizer com isso".
Zoellick disse que a questão da
democracia não tem relação com
tendências políticas e citou o presidente Lula como exemplo. Ele
declarou que Lula é de centro-esquerda e, por diversas vezes, perdeu a disputa para a Presidência.
"Mas sempre esteve do lado da
democracia. Nós sabemos de países em que houve revolução."
"O que espero é ter uma melhor
discussão com os países que são
comprometidos com a democracia. Eles precisam ajudar mais
aqueles cujas instituições são frágeis para sustentar a democracia.
Não adianta só ter eleições. Faz
parte da democracia o processo
de constituição das instituições",
afirmou Zoellick, que, ontem, foi
declarado "persona non grata"
pelo governo da cidade de Manágua, por "interferir" nos assuntos
internos da Nicarágua.
A proposta americana deve ser
discutida na visita que o presidente George W. Bush fará ao Brasil.
Texto Anterior: América Latina: Caracas vê até 80% das terras "improdutivas" Próximo Texto: Oriente Médio: Justiça de Israel proíbe Exército de usar palestinos como "escudos" Índice
|