São Paulo, sexta-feira, 07 de outubro de 2005

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MARROCOS

14 morrem numa semana

6 imigrantes morrem ao cruzar encrave espanhol

Alvaro Barrientos/Associated Press
Imigrantes africanos aguardam liberação em posto de detenção do encrave espanhol de Melilla


DA REDAÇÃO

Seis imigrantes africanos morreram e 30 ficaram feridos ontem, quando um grupo de 400 pessoas tentou cruzar a fronteira entre o norte de Marrocos e o encrave espanhol de Melilla. A polícia marroquina prendeu 290 pessoas.
Foi o sexto incidente do tipo. Ao menos 14 pessoas morreram em uma semana nos dois encraves da Espanha no país africano -o outro é Ceuta, onde cinco imigrantes morreram a tiros na semana passada. O governador da Província de Nador, onde se situa Melilla, disse que os imigrantes "fizeram uso de excepcional violência, o que forçou o serviço de segurança a responder dentro do contexto de legítima defesa".
Os imigrantes morreram em razão dos disparos efetuados pela polícia marroquina ou esmagados pelos companheiros na travessia. Na noite de anteontem e na manhã de ontem, as polícias espanhola e marroquina conseguiram abortar outras duas tentativas de invasão. Os incidentes deixaram feridos 12 imigrantes, dois guardas civis e um soldado.
Cerca de 700 pessoas conseguiram alcançar o lado espanhol desde a quinta-feira da semana passada. A vice-primeira-ministra da Espanha, María Teresa Fernández de la Vega, que estava ontem em Melilla, afirmou que 70 imigrantes procedentes de Mali que estavam no encrave serão enviados de volta a Marrocos.
Segundo as leis espanholas, pessoas em condição ilegal podem permanecer no território caso a Espanha não tenha acordo de repatriação com seu país de origem. É o caso de vários imigrantes provenientes da África subsaariana.
Mas um acordo bilateral entre a Espanha e Marrocos, de 1992, prevê que imigrantes ilegais podem ser mandados para o lado marroquino mesmo que não sejam do país. A decisão nunca havia sido colocada em prática.
Os imigrantes relatam que enfrentaram meses de fome e violência policial até chegarem aos encraves espanhóis. Muitos dizem que preferem morrer a voltar a Marrocos. Segundo Patrick Houta, um camaronês de 25 anos que está em Melilla, "o outro lado é simplesmente a morte", referindo-se às más condições de vida em muitos países africanos.
Outros permanecem meses nas florestas esperando o momento certo de cruzar a fronteira. O camaronês disse que a União Européia deveria considerar a entrada de trabalhadores nos países em que há carência de mão-de-obra.

França
O ministro do Interior da França, Nicolas Sarkozy, está preparando um projeto de lei que vai estabelecer mais controle sobre a imigração. Segundo o rascunho do projeto, que deverá estar pronto até o final do ano, o país deseja favorecer a chegada de estudantes estrangeiros e fixou critérios de idade, graduação e experiência profissional que serão desejáveis.
Sarkozy também disse, em julho último, que a França pretende aumentar em 50% os envios de imigrantes às fronteiras para chegar a 23 mil expulsões neste ano.

Com agências internacionais

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