DA REDAÇÃO

A Quinta Sala da Corte de Apelações de Santiago concedeu ontem liberdade provisória à viúva do ditador Augusto Pinochet, aos filhos do casal e a mais 16 pessoas acusadas de participar de um esquema de corrupção que seria a origem da fortuna da família, de US$ 27 milhões.
A corte aprovou o pedido feito por Carlos Cerda, juiz que ordenou a prisão do clã Pinochet e de colaboradores na última quinta-feira. Ontem mesmo, os cinco filhos de Pinochet deixaram a prisão. A viúva Lucía Hiriart continuará no Hospital Militar de Santiago por conta de seu delicado estado de saúde.
Cerda explicou anteontem que a detenção obedeceu a requisitos técnicos da acusação e que não havia motivo para manter os acusados presos. Os detidos terão de pagar fianças entre US$ 198 e US$ 594, com exceção dos filhos Augusto e Marco Antonio, pois eles já respondem a processos, segundo jornal chileno "La Tercera".
A instância ainda vai analisar os recursos da defesa que pedem a anulação da ação, por considerá-la arbitrária.
As decisões do juiz geraram um debate jurídico e político no Chile. Advogados debatem a fundamentação de Cerda para acusar os Pinochet e seus supostos colaboradores de malversação de verbas públicas -a defesa dos familiares do ditador sustenta, por exemplo, que só funcionários ou ex-funcionários públicos podem ser acusados desse delito.
A defesa também questiona a isenção de Cerda -ele ficou um ano afastado- e sua viagem aos EUA para ser premiado pelo trabalho em defesa dos direitos humanos.