São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2008

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Crise se transfere a Congresso na Bolívia

Presidente do Senado pede que Unasul fique no país após fim de diálogo entre Morales e governadores

DA REDAÇÃO

Com o fracasso da rodada de negociações entre o presidente Evo Morales e os governadores rebeldes da Bolívia, o palco do impasse em torno da nova Constituição do país será agora o Congresso, onde a oposição, que domina o Senado, apela para que La Paz dê mais tempo para a discussão do texto. Do contrário, promete barrá-lo.
O pedido por uma revisão ampla da Carta foi feito ontem pelo presidente do Senado da Bolívia, Oscar Ortiz, do conservador Podemos. Ortiz repete, assim, a exigência dos governadores autonomistas, rejeitada pelo governo e motivo do desfecho negativo do diálogo.
Morales aceita alterar o apenas o capítulo das autonomias administrativas, a principal reivindicação dos departamentos.
O presidente do Senado pediu ainda que permaneçam no país os organismos internacionais, entre eles a Unasul (União de Nações Sul-Americanas). Os observadores acompanharam os 17 dias da rodada de negociações encerrada no domingo.
Ortiz diz que os facilitadores internacionais serão testemunhas da ameaça ao Congresso feita por movimentos sociais pró-Moralesm, que prometem cercar na semana que vem a sede do Legislativo, em La Paz, para pressionar pela aprovação da convocação dos dois referendos que faltam para promulgar a Carta, aprovada por constituintes governistas em 2007. O governo, que planeja passar as leis até o dia 15, já usou a estratégia.
Considerando o quórum completo nas duas Casas do Congresso, o governo não garante os votos necessários à aprovação, já que o Podemos, segunda bancada no Legislativo, anunciou voto contra. Daí a intenção de Morales de contar com dissidentes do partido, independentes e com a pressão dos movimentos sociais, acusados de impedir a entrada de opositores no prédio.

Distensão e Unasul
Apesar dos apelos da oposição no Senado, os principais governadores oposicionistas, Rubén Costas (Santa Cruz) e Mario Cossío (Tarija), não classificaram o diálogo de fracasso. Também deixaram de rejeitar a Constituição como ilegal, passando a pedir uma revisão do registro eleitoral, num endosso implícito dos referendos.
Repetiram que não houve acordo, mas tampouco ruptura, daí terem aceitado tirar uma fotografia ao lado de Morales. Costas foi questionado pela imagem, num índice da pressão regional contra a Carta. "Costas explica porque saiu na foto", titutou o site do "El Deber", o principal jornal de Santa Cruz.
Às TVs locais, o governador cruzenho disse que a imagem era a prova de que o diálogo gerou a pacificação do país que estava "à beira de uma guerra civil". Esse também foi o discurso do ex-chanceler chileno, Juan Gabriel Valdés, que chefiou a missão da Unasul na Bolívia.


Com agências internacionais


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