UOL


São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2003

Próximo Texto | Índice

GUERRA SEM LIMITES

Em discurso, presidente americano compara ações do país na região com luta contra comunismo

Bush cobra democracia no Oriente Médio

DA REDAÇÃO

O presidente George W. Bush disse ontem que o compromisso dos EUA com a democracia no Oriente Médio "vai estar no centro da política americana por décadas". Bush comparou o atual envolvimento do país na região com a campanha da Segunda Guerra Mundial (1939-45) e a luta contra o comunismo.
"Porque nós e nossos aliados agimos decididamente, hoje Alemanha e Japão são nações democráticas que não mais representam ameaça para o mundo", afirmou em discurso em Washington durante comemoração do vigésimo aniversário da Fundação Nacional para a Democracia. "O enfrentamento nuclear global com a União Soviética terminou pacificamente, da mesma maneira que a União Soviética."
Todo o pronunciamento girou em torno de enaltecimentos à liberdade e da necessidade de os países de todo o mundo, especialmente do Oriente Médio, aderirem à democracia. Mencionando que no início dos anos 70 havia cerca de 40 democracias no planeta e que no fim do século passado o número já estava em 120, Bush afirmou: "Não é por acidente que o aumento das democracias tenha acontecido em uma época em que a nação mais influente do mundo seja ela mesma uma democracia. Quando dávamos segurança para países inteiros, também dávamos inspiração para os oprimidos. E eles rezavam para que os EUA não se esquecessem deles ou da missão de promover a liberdade no planeta."
Apesar de evitar um tom hostil, Bush não deixou de cobrar ações: "A grande e maravilhosa nação do Egito já mostrou o caminho rumo à paz no Oriente Médio. Agora, deveria mostrar o caminho rumo à democracia", disse, estocando um de seus maiores aliados no mundo árabe.
Bush disse que os EUA e outros países dividem a culpa pela falta de liberdades democráticas na região: "Sessenta anos de desculpas e indulgência das nações ocidentais quanto à falta de liberdade no Oriente Médio não resultaram em nada para nos deixar mais seguros." Para Bush, a intervenção militar que depôs Saddam Hussein faz parte de uma "nova política" americana. Segundo ele, trata-se de "uma estratégia ousada de liberdade no Oriente Médio. Essa estratégia requer a mesma persistência, energia e idealismo que mostramos no passado".
O presidente afirmou que os riscos são particularmente altos no Iraque. "O fracasso da democracia iraquiana seria um estímulo para os terroristas. Garantir a democracia no Iraque é um trabalho para muitas mãos. As forças americanas e da coalizão estão se sacrificando pela paz do Iraque e pela segurança das nações livres."
Um dos principais argumentos do governo para invadir o Iraque era que a instalação da democracia no país poderia causar um efeito dominó entre os árabes.
Bush falou contra a associação automática que muitos ocidentais fazem entre o islã e regimes totalitários. "Todos devem saber que o islã é compatível com a democracia. Mais da metade dos muçulmanos do mundo vive em liberdade sob governos democráticos. Eles avançam em sociedades democráticas, não apesar de sua fé, mas por causa dela." Em referência à pobreza e o desrespeito aos direitos de mulheres e crianças no mundo árabe, Bush afirmou que não se tratava do "fracasso de uma cultura ou de uma religião. São os fracassos de uma doutrina política e econômica".


Com agências internacionais


Próximo Texto: Ditadura predomina nos países árabes
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.