|
Próximo Texto | Índice
GUERRA SEM LIMITES
Em discurso, presidente americano compara ações do país na região com luta contra comunismo
Bush cobra democracia no Oriente Médio
DA REDAÇÃO
O presidente George W. Bush
disse ontem que o compromisso
dos EUA com a democracia no
Oriente Médio "vai estar no centro da política americana por décadas". Bush comparou o atual
envolvimento do país na região
com a campanha da Segunda
Guerra Mundial (1939-45) e a luta
contra o comunismo.
"Porque nós e nossos aliados
agimos decididamente, hoje Alemanha e Japão são nações democráticas que não mais representam ameaça para o mundo", afirmou em discurso em Washington
durante comemoração do vigésimo aniversário da Fundação Nacional para a Democracia. "O enfrentamento nuclear global com a
União Soviética terminou pacificamente, da mesma maneira que
a União Soviética."
Todo o pronunciamento girou
em torno de enaltecimentos à liberdade e da necessidade de os
países de todo o mundo, especialmente do Oriente Médio, aderirem à democracia. Mencionando
que no início dos anos 70 havia
cerca de 40 democracias no planeta e que no fim do século passado o número já estava em 120,
Bush afirmou: "Não é por acidente que o aumento das democracias tenha acontecido em uma
época em que a nação mais influente do mundo seja ela mesma
uma democracia. Quando dávamos segurança para países inteiros, também dávamos inspiração
para os oprimidos. E eles rezavam
para que os EUA não se esquecessem deles ou da missão de promover a liberdade no planeta."
Apesar de evitar um tom hostil,
Bush não deixou de cobrar ações:
"A grande e maravilhosa nação
do Egito já mostrou o caminho
rumo à paz no Oriente Médio.
Agora, deveria mostrar o caminho rumo à democracia", disse,
estocando um de seus maiores
aliados no mundo árabe.
Bush disse que os EUA e outros
países dividem a culpa pela falta
de liberdades democráticas na região: "Sessenta anos de desculpas
e indulgência das nações ocidentais quanto à falta de liberdade no
Oriente Médio não resultaram em
nada para nos deixar mais seguros." Para Bush, a intervenção militar que depôs Saddam Hussein
faz parte de uma "nova política"
americana. Segundo ele, trata-se
de "uma estratégia ousada de liberdade no Oriente Médio. Essa
estratégia requer a mesma persistência, energia e idealismo que
mostramos no passado".
O presidente afirmou que os riscos são particularmente altos no
Iraque. "O fracasso da democracia iraquiana seria um estímulo
para os terroristas. Garantir a democracia no Iraque é um trabalho
para muitas mãos. As forças americanas e da coalizão estão se sacrificando pela paz do Iraque e
pela segurança das nações livres."
Um dos principais argumentos
do governo para invadir o Iraque
era que a instalação da democracia no país poderia causar um
efeito dominó entre os árabes.
Bush falou contra a associação
automática que muitos ocidentais
fazem entre o islã e regimes totalitários. "Todos devem saber que o
islã é compatível com a democracia. Mais da metade dos muçulmanos do mundo vive em liberdade sob governos democráticos.
Eles avançam em sociedades democráticas, não apesar de sua fé,
mas por causa dela." Em referência à pobreza e o desrespeito aos
direitos de mulheres e crianças no
mundo árabe, Bush afirmou que
não se tratava do "fracasso de
uma cultura ou de uma religião.
São os fracassos de uma doutrina
política e econômica".
Com agências internacionais
Próximo Texto: Ditadura predomina nos países árabes Índice
|