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Bagdá aceita membros de ex-partido de Saddam
Medida é anunciada um dia depois da condenação do ex-ditador à forca
Decisão beneficia 8.800 membros do extinto Baath, expurgado do governo e do funcionalismo público após invasão americana em 2003
DA REDAÇÃO
Na tentativa de desarmar os
ânimos da comunidade sunita,
com segmentos inconformados
pela condenação à morte de
Saddam Hussein, a comissão
encarregada de expurgar a administração pública de partidários da ditadura deposta anunciou ontem que flexibilizaria
seus critérios para a recontratação de cerca de 8.800 sunitas.
A decisão partiu do primeiro-ministro, o xiita Nuri Maliki, e
foi anunciada à Associated
Press por Ali Lami, diretor da
comissão de "desbaathificação"
(Baath era o partido do ex-ditador) do Estado.
Maliki havia anunciado em
junho um plano em 24 pontos
para neutralizar a insurgência
sunita. Na prática, dos 10.302
dirigentes do Baath demitidos,
só cerca de 1.500 não poderão
ser recontratados, por terem
exercido funções militares ou
de inteligência. A "desbaathificação" já havia sido em parte
flexibilizada pelos americanos,
que reintegraram ex-militares
a suas patentes.
Toque de recolher
Os habitantes de Bagdá foram ontem autorizados a deixar suas casas e amanhã poderão circular com seus veículos,
pondo fim ao toque de recolher
decretado no sábado, na previsão de protestos sunitas ou manifestações de regozijo entre
xiitas e curdos com o veredicto
anunciado domingo.
Fora da capital, ocorreram
manifestações de apoio ao ex-ditador em bastiões sunitas como Falluja e Samarra. Dois manifestantes pró-Saddam foram
mortos pela polícia em Bazuba,
enquanto três militares americanos morreram na Província
de Anbar e dois outros na queda de um helicóptero ao norte
de Bagdá, sem que esteja claro
se as vítimas americanas têm ligação com a condenação de
Saddam à forca.
Itália, França e Alemanha,
mesmo reconhecendo os crimes hediondos da ditadura,
disseram se opor à pena de
morte e pediram que Saddam
não seja enforcado. Por Roma
falou o primeiro-ministro, Romano Prodi; por Paris, o chefe
da diplomacia local, Philippe
Douste-Blazy; e, por Berlim, a
chanceler, Angela Merkel.
O governo britânico, que no
domingo distribuiu nota de
apoio à sentença de morte, recuou ontem por meio do primeiro-ministro Tony Blair. Ele
afirmou que seu governo se
opõe à pena capital, mesmo reconhecendo a "brutalidade"
dos atos do ex-ditador.
Recursos
Continuavam contraditórias
as informações sobre o cronograma de tramitação dos recursos que os advogados da defesa
encaminharão, ou mesmo se a
pena de morte poderá ser comutada em prisão perpétua.
A Associated Press cita o procurador Jaafar Moussawi, para
quem todos os procedimentos
estarão concluídos no final de
janeiro. A agência também informa que existe um acordo fechado há seis meses pelo presidente Jalal Talabani e pelos
dois vice-presidentes, Tariz
Hashimi e Adil Abdul-Mahdi,
para que a execução de Saddam
seja promulgada.
O curdo Talabani é contra a
pena de morte. Mas Hashimi,
um sunita, comprometeu-se a
assiná-la, em reunião da qual
participou, segundo a agência,
o embaixador americano em
Bagdá, Zalmay Khalilzad.
Outra agência, a Reuters,
afirma haver indefinição quanto aos procedimentos processuais. Diz que os nove juízes da
Corte de Apelação podem demorar meses para confirmarem a sentença ou para transformá-la em prisão perpétua.
Nesse caso, Saddam -condenado pela morte de 148 xiitas,
em 1982, em Dujail (onde fora
alvo de um atentado)- poderá
receber nova pena capital em
um julgamento paralelo pela
morte de dezenas de milhares
de curdos no fim dos anos 80.
Com agências internacionais
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