São Paulo, quarta-feira, 07 de novembro de 2007

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Bomba no Afeganistão mata líder opositor

Número de mortos é incerto e pode superar 50; além de parlamentares, há crianças entre as vítimas

DA REDAÇÃO

Em um dos mais sangrentos ataques do ano no Afeganistão, a explosão de uma bomba em meio a um grupo de legisladores deixou, entre mortos e feridos, mais de cem vítimas ontem, incluindo parlamentares e crianças. O ataque ocorreu na Província de Baghlan, ao norte de Cabul, um local comumente tido como estável.
O caos gerado pelo atentado impediu até o fechamento desta edição a definição do número oficial de mortos. O jornal "The New York Times" afirma que morreram mais de 26, enquanto a agência Reuters e o jornal britânico "Guardian" falam em mais de 50 corpos. Se este número for confirmado, será o pior atentado no Afeganistão desde a derrubada do regime do Taleban por tropas lideradas pelos EUA em 2001.
Segundo a imprensa local, a explosão matou pelo menos cinco legisladores, inclusive Mostafa Kazemi, líder e porta-voz do maior partido de oposição do país, a Frente Nacional. Crianças de uma escola próxima também foram atingidas.
Legisladores informaram que 18 dos 249 parlamentares da Câmara do Afeganistão haviam viajado para Baghlan em uma missão econômica. "Este ato terrorista atroz foi um ataque contra o islã e a humanidade, e eu o condeno nos termos mais fortes", afirmou o presidente afegão, Hamid Karzai.
Nenhum grupo assumiu a autoria do atentado. O coronel David Accetta, porta-voz militar dos EUA, disse que a explosão teve características de ataques anteriores perpetrados por milícias do movimento radical islâmico Taleban, mas um porta-voz do grupo no Paquistão negou participação.

Instabilidade crescente
O conflito no Afeganistão não cedeu -e nos últimos anos parece recrudescer- desde a derrubada rápida do regime Taleban pelas tropas lideradas pelos EUA em 2001, pouco depois do 11 de Setembro, sob acusação de apoiar a rede terrorista Al Qaeda.
Seis anos depois, cerca de 50 mil soldados internacionais enfrentam seu período mais mortífero no país: 5.700 pessoas morreram em confrontos em 2007, segundo a agência de notícias Associated Press.
A região mais conturbada é o sul, bastião da resistência do Taleban, com destaque para a Província de Helmand, onde terroristas supostamente se apóiam na produção recorde no mundo de ópio para financiamento. O leste é também altamente instável, e ao longo da fronteira com o Paquistão os EUA afirmam que se escondem terroristas da rede Al Qaeda.
O norte, onde ocorreu o ataque de ontem, é conhecido por tensões menores entre o governo étnico tadjique e remanescentes do grupo militante Hezb-i-Islami, cujo líder, da etnia pashtu, é aliado de Osama bin Laden, chefe da Al Qaeda.
Analistas ouvidos pelo "Financial Times", porém, alertam desde 2006 que a estabilidade no norte pode estar com os dias contados. Guerrilheiros da Aliança do Norte -que ajudaram os EUA a derrubar o Taleban em 2001- foram marginalizados pelo governo do presidente Karzai. Governos regionais estão cada vez mais hostis à administração em Cabul, afirmando que a guerra no sul "rouba" recursos do norte.
"O que há no norte é uma fina camada de governança sobre uma área que não está sob controle de nenhum poder específico", afirmou um oficial americano sênior em Cabul.


Com agências internacionais


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