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Bomba no Afeganistão mata líder opositor
Número de mortos é incerto e pode superar 50; além de parlamentares, há crianças entre as vítimas
DA REDAÇÃO
Em um dos mais sangrentos
ataques do ano no Afeganistão,
a explosão de uma bomba em
meio a um grupo de legisladores deixou, entre mortos e feridos, mais de cem vítimas ontem, incluindo parlamentares e
crianças. O ataque ocorreu na
Província de Baghlan, ao norte
de Cabul, um local comumente
tido como estável.
O caos gerado pelo atentado
impediu até o fechamento desta edição a definição do número oficial de mortos. O jornal
"The New York Times" afirma
que morreram mais de 26, enquanto a agência Reuters e o
jornal britânico "Guardian" falam em mais de 50 corpos. Se
este número for confirmado,
será o pior atentado no Afeganistão desde a derrubada do regime do Taleban por tropas lideradas pelos EUA em 2001.
Segundo a imprensa local, a
explosão matou pelo menos
cinco legisladores, inclusive
Mostafa Kazemi, líder e porta-voz do maior partido de oposição do país, a Frente Nacional.
Crianças de uma escola próxima também foram atingidas.
Legisladores informaram
que 18 dos 249 parlamentares
da Câmara do Afeganistão haviam viajado para Baghlan em
uma missão econômica. "Este
ato terrorista atroz foi um ataque contra o islã e a humanidade, e eu o condeno nos termos
mais fortes", afirmou o presidente afegão, Hamid Karzai.
Nenhum grupo assumiu a
autoria do atentado. O coronel
David Accetta, porta-voz militar dos EUA, disse que a explosão teve características de ataques anteriores perpetrados
por milícias do movimento radical islâmico Taleban, mas um
porta-voz do grupo no Paquistão negou participação.
Instabilidade crescente
O conflito no Afeganistão
não cedeu -e nos últimos anos
parece recrudescer- desde a
derrubada rápida do regime
Taleban pelas tropas lideradas
pelos EUA em 2001, pouco depois do 11 de Setembro, sob
acusação de apoiar a rede terrorista Al Qaeda.
Seis anos depois, cerca de 50
mil soldados internacionais enfrentam seu período mais mortífero no país: 5.700 pessoas
morreram em confrontos em
2007, segundo a agência de notícias Associated Press.
A região mais conturbada é o
sul, bastião da resistência do
Taleban, com destaque para a
Província de Helmand, onde
terroristas supostamente se
apóiam na produção recorde
no mundo de ópio para financiamento. O leste é também altamente instável, e ao longo da
fronteira com o Paquistão os
EUA afirmam que se escondem
terroristas da rede Al Qaeda.
O norte, onde ocorreu o ataque de ontem, é conhecido por
tensões menores entre o governo étnico tadjique e remanescentes do grupo militante
Hezb-i-Islami, cujo líder, da etnia pashtu, é aliado de Osama
bin Laden, chefe da Al Qaeda.
Analistas ouvidos pelo "Financial Times", porém, alertam desde 2006 que a estabilidade no norte pode estar com os dias contados. Guerrilheiros
da Aliança do Norte -que ajudaram os EUA a derrubar o Taleban em 2001- foram marginalizados pelo governo do presidente Karzai. Governos regionais estão cada vez mais
hostis à administração em Cabul, afirmando que a guerra no
sul "rouba" recursos do norte.
"O que há no norte é uma fina
camada de governança sobre
uma área que não está sob controle de nenhum poder específico", afirmou um oficial americano sênior em Cabul.
Com agências internacionais
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