São Paulo, quarta-feira, 07 de novembro de 2007

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Embaixador da Venezuela elogia os EUA

Em discurso no Conselho das Américas, diplomata diz que os dois países "são no fundo parecidos" e cita parceria comercial

Petroleira patrocinou encontro; Bernardo Álvarez chama Thomas Shannon, enviado de Bush para a região, de "grande homem"

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

Estados Unidos e Venezuela são no fundo parecidos. Toda a América Latina quer Cuba de volta. E Thomas Shannon, número 1 do Departamento de Estado para a América Latina, é um grande homem. O autor das frases é o representante nos EUA do mesmo Hugo Chávez que é o principal parceiro mundial de Fidel Castro e que chama Bush de "senhor perigo", entre outras coisas.
Na visita que fez ao Conselho das Américas, segunda à noite em Nova York, depois de o governo venezuelano recusar por anos seguidos convites dessa associação comercial cujo objetivo é promover a agenda americana no hemisfério, o embaixador Bernardo Álvarez Herrera inaugurou seu discurso moderado em relação ao inimigo do norte.
Falando em noite patrocinada pela gigante do petróleo Chevron, o principal diplomata de Chávez em Washington agradou a platéia composta de latinos, sim, mas também americanos da parte rica da Park Avenue, em Manhattan, curiosos com o país que faz tanto barulho ao sul do México. "Venezuela e EUA podem fazer muito mais juntos, porque de certa maneira nós somos parecidos", disse Álvarez, quando falava de meio ambiente.
Para ele, Thomas Shannon, o enviado de Bush para a região, é um "grande homem, com muito entusiasmo e interesse, que conhece muitíssimo bem a Venezuela e está tratando de ajustar a visão" que o atual governo daqui tem do de lá. O diplomata "é uma clara abertura em direção a outras coisas". Nada mais natural, disse, uma vez que o país é o segundo parceiro comercial dos EUA na América Latina, atrás do México.
"O Texas, Estado do presidente, compra US$ 2,8 bilhões por ano de nós, a Flórida, reduto conservador, US$ 2,6 bilhões", calculou. "Quando digo isso a alguns senadores no Congresso, pessoas boas mas com pouca experiência de mundo, eles me perguntam: "Mas esse é o mesmo Chávez'? Sim, é o mesmo Chávez."
Mesmo Cuba, que tem na Venezuela sua principal parceira, foi alvo de considerações inesperadas de Herrera. Depois de criticar duramente a política de Bush para o país, o embaixador disse que "está claro que as pessoas em Cuba querem seguir adiante". "Toda a América Latina quer ter Cuba de volta, mas isso vai ser um processo, e esse processo vai ser do jeito que os cubanos decidirem."

Reféns
Em Caracas, Chávez, que deveria se reunir com representantes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), disse ontem que o grupo pretende mostrar provas de que os reféns em seu poder, incluindo a franco-colombiana Ingrid Betancourt, estão vivos.
As negociações para a troca de 45 reféns por cerca de 500 guerrilheiros presos têm o aval colombiano. Mas Rodrigo Granda, o chamado "chanceler" das Farc, disse ontem que Bogotá está cercando os locais onde se acredita estejam alguns dos seqüestrados.


Com agências internacionais


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