São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / SACO DE GATOS

Obama junta gente do mercado, políticos e executivos em equipe

Nomes da assessoria econômica de transição vão do bilionário Warren Buffett ao prefeito de Los Angeles, Antonio Villaraigosa

Grupo eclético mas sem surpresas se reúne; eleito fala com líderes de França, Alemanha, Austrália, Israel, Coréia, México e Japão

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO

O presidente eleito Barack Obama anunciou ontem seu conselho econômico de transição, que se reúne pela primeira vez hoje em Chicago. Eclético, traz pessoas que já assessoravam o democrata durante a campanha, como o bilionário Warren Buffett, o único que participará por teleconferência, e nomes novos no grupo, caso do prefeito de Los Angeles, Antonio Villaraigosa.
O encontro acontece em meio à pior crise econômica no país em décadas e no momento em que o mercado aguarda ansioso indicações da política econômica do democrata e espera pelo anúncio do nome que vai conduzi-la à frente da Secretaria do Tesouro. Ontem, a Bolsa de Nova York registrou a maior queda percentual acumulada em dois dias desde outubro de 1987 e a segunda seguida desde a eleição do democrata, na quarta.
Formado por 17 pessoas, o conselho de transição mistura empresários de peso e pessoas do mercado financeiro, nomes ligados ao governo de Bill Clinton (1993-2001), um ex-membro do governo Bush e integrantes do grupo íntimo de Obama em Chicago, o que pode ser um prenúncio de como o democrata pretende montar seu gabinete. Da iniciativa privada comparecem executivos do Google, da Xerox, da Time Warner e dos hotéis Hyatt.
No grupo estão também alguns dos nomes que lideram a bolsa de apostas para ocupar o cargo principal no Tesouro, como o ex-presidente do Fed Paul Volcker (1979-1987) e os clintonistas Larry Summers, que ocupou o cargo de 1999 a 2001; William Daley, executivo do JP Morgan e ex-secretário do Comércio (1997-2000); e Robert Rubin, executivo do Citibank e também ex-secretário do Tesouro (1995-1999).
Entre os que chegam agora, a governadora Jennifer Granholm e o ex-congressista David Bonior. Democratas, ambos são de Michigan, Estado-sede das três maiores montadoras dos EUA, que no momento pressionam o Congresso por um pacote de ajuda na linha do que foi aprovado recentemente para o mercado financeiro.
Após o encontro, Obama e seu vice, Joe Biden, dão sua primeira entrevista após a eleição. Não estava certo se anunciariam cargos de primeiro escalão do governo hoje, além do que foi anunciado ontem, do deputado Rahm Emanuel para chefe-de-gabinete.
Assessores sugeriam que Obama prefere esperar até depois da reunião do G20 financeiro, que acontece nos dias 14 e 15 em Washington, para anunciar, por exemplo, seu secretário do Tesouro.
Sobre o encontro convocado por Bush, que reúne os sete países mais ricos do mundo, economias emergentes, como o Brasil, além do FMI e do Banco Mundial, pessoas ligadas a Obama voltaram a dizer que seria pouco provável que tivesse a participação do presidente eleito. O democrata não descartou encontrar-se paralelamente com líderes em Washington.

Telefonemas
Assessores de Nicolas Sarkozy teriam procurado o comando obamista para uma reunião entre o presidente francês e o eleito. O tema seria adiantar a colaboração do novo governo americano e a União Européia, para evitar um derretimento ainda maior dos mercados.
Ontem, Obama falou ao telefone com o francês e também com os líderes de Alemanha, Austrália, Canadá, Coréia do Sul, Israel, Japão, México e Reino Unido -todos países com os quais os EUA têm pactos ou tratados de comércio ou defesa.
Ontem, Obama participou de seu primeiro briefing de segurança nacional, no escritório local do FBI em Chicago. Teve acesso ao mesmo relatório que George W. Bush recebe e ouviu resumos do dia de funcionários da CIA e do Pentágono. Ele será o primeiro presidente em 40 anos a assumir o cargo em tempos de guerra -duas, no Iraque e no Afeganistão.
Ontem ainda, Obama e família foram convidados por Bush para visitar a Casa Branca. Os dois políticos se encontram na segunda, pela primeira vez desde a reunião de emergência de aprovação do pacote de US$ 700 bilhões para a recuperação do mercado financeiro. Devem participar também Laura Bush e Michelle e as filhas dos Obama, Sasha e Malia.
No fim de semana, o presidente eleito deve tirar dois dias de folga. Em dezembro, deve visitar o Havaí para prestar homenagem à avó materna, que morreu na véspera da eleição.


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