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SUCESSÃO NOS EUA / SACO DE GATOS
Obama junta gente do mercado, políticos e executivos em equipe
Nomes da assessoria econômica de transição vão do bilionário Warren Buffett ao prefeito de Los Angeles, Antonio Villaraigosa
Grupo eclético mas sem surpresas se reúne; eleito fala com líderes de França, Alemanha, Austrália, Israel, Coréia, México e Japão
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO
O presidente eleito Barack
Obama anunciou ontem seu
conselho econômico de transição, que se reúne pela primeira
vez hoje em Chicago. Eclético,
traz pessoas que já assessoravam o democrata durante a
campanha, como o bilionário
Warren Buffett, o único que
participará por teleconferência, e nomes novos no grupo,
caso do prefeito de Los Angeles,
Antonio Villaraigosa.
O encontro acontece em
meio à pior crise econômica no
país em décadas e no momento
em que o mercado aguarda ansioso indicações da política
econômica do democrata e espera pelo anúncio do nome que
vai conduzi-la à frente da Secretaria do Tesouro. Ontem, a
Bolsa de Nova York registrou a
maior queda percentual acumulada em dois dias desde outubro de 1987 e a segunda seguida desde a eleição do democrata, na quarta.
Formado por 17 pessoas, o
conselho de transição mistura
empresários de peso e pessoas
do mercado financeiro, nomes
ligados ao governo de Bill Clinton (1993-2001), um ex-membro do governo Bush e integrantes do grupo íntimo de
Obama em Chicago, o que pode
ser um prenúncio de como o
democrata pretende montar
seu gabinete. Da iniciativa privada comparecem executivos
do Google, da Xerox, da Time
Warner e dos hotéis Hyatt.
No grupo estão também alguns dos nomes que lideram a
bolsa de apostas para ocupar o
cargo principal no Tesouro, como o ex-presidente do Fed Paul
Volcker (1979-1987) e os clintonistas Larry Summers, que
ocupou o cargo de 1999 a 2001;
William Daley, executivo do JP
Morgan e ex-secretário do Comércio (1997-2000); e Robert
Rubin, executivo do Citibank e
também ex-secretário do Tesouro (1995-1999).
Entre os que chegam agora, a
governadora Jennifer Granholm e o ex-congressista David Bonior. Democratas, ambos
são de Michigan, Estado-sede
das três maiores montadoras
dos EUA, que no momento
pressionam o Congresso por
um pacote de ajuda na linha do
que foi aprovado recentemente
para o mercado financeiro.
Após o encontro, Obama e
seu vice, Joe Biden, dão sua primeira entrevista após a eleição.
Não estava certo se anunciariam cargos de primeiro escalão do governo hoje, além do
que foi anunciado ontem, do
deputado Rahm Emanuel para
chefe-de-gabinete.
Assessores sugeriam que
Obama prefere esperar até depois da reunião do G20 financeiro, que acontece nos dias 14
e 15 em Washington, para
anunciar, por exemplo, seu secretário do Tesouro.
Sobre o encontro convocado
por Bush, que reúne os sete países mais ricos do mundo, economias emergentes, como o
Brasil, além do FMI e do Banco
Mundial, pessoas ligadas a
Obama voltaram a dizer que seria pouco provável que tivesse a
participação do presidente
eleito. O democrata não descartou encontrar-se paralelamente com líderes em Washington.
Telefonemas
Assessores de Nicolas Sarkozy teriam procurado o comando obamista para uma reunião entre o presidente francês
e o eleito. O tema seria adiantar
a colaboração do novo governo
americano e a União Européia,
para evitar um derretimento
ainda maior dos mercados.
Ontem, Obama falou ao telefone com o francês e também
com os líderes de Alemanha,
Austrália, Canadá, Coréia do
Sul, Israel, Japão, México e Reino Unido -todos países com os
quais os EUA têm pactos ou
tratados de comércio ou defesa.
Ontem, Obama participou de
seu primeiro briefing de segurança nacional, no escritório
local do FBI em Chicago. Teve
acesso ao mesmo relatório que
George W. Bush recebe e ouviu
resumos do dia de funcionários
da CIA e do Pentágono. Ele será
o primeiro presidente em 40
anos a assumir o cargo em tempos de guerra -duas, no Iraque
e no Afeganistão.
Ontem ainda, Obama e família foram convidados por Bush
para visitar a Casa Branca. Os
dois políticos se encontram na
segunda, pela primeira vez desde a reunião de emergência de
aprovação do pacote de US$
700 bilhões para a recuperação
do mercado financeiro. Devem
participar também Laura Bush
e Michelle e as filhas dos Obama, Sasha e Malia.
No fim de semana, o presidente eleito deve tirar dois dias
de folga. Em dezembro, deve visitar o Havaí para prestar homenagem à avó materna, que
morreu na véspera da eleição.
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